Síndrome da Senzala

Da Wikipédia temos:
“A Síndrome de Estocolmo (Stockholmssyndromet em sueco) é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de seqüestro. A síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do seqüestrador... A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg do Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo que durou de 23 de agosto a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto, e se referiu à síndrome durante uma reportagem.”
No Brasil temos o que poderíamos chamar de Síndrome de Senzala.
Mais uma vez da Wikipédia:
“A Senzala era um grande alojamento que se destinava à moradia dos escravos dos engenhos e das fazendas no Brasil. ... Como os negros eram considerados pelos europeus como amaldiçoados por Deus e seres sem alma, os donos de fazenda achavam-se no direito de castigá-los pois acreditavam que fazendo isso ganhariam uma bênção de Deus, além de colocar medo nas crianças escravas, já que todos os castigos eram feitos em frente de todos os habitantes da senzala....”
Nosso país foi um dos últimos a encerrar formalmente a escravidão. Na realidade ela existiu e talvez esteja entre nós até hoje.
Com seis e meia décadas de vida bem vividas, podemos dizer que no Brasil o culto ao feitor (http://www.terrabrasileira.net/folclore/origens/africana/escravo.html) é uma terrível realidade.
Os escândalos brasilenses mostram que nosso povo vive a submissão a pessoas que, inacreditavelmente, elegeu.
É difícil de entender.
Talvez lendo o livro “Origens do Totalitarismo” de Hannah Arendt possamos descobrir que isso não é privilégio dos brasileiros, ao contrário, n famosa Europa e Ásia geraram tremendos ditadores e guerras inacreditáveis.
A angústia nasce quando imaginamos o que poderá acontecer. A tranqüilidade vem da lembrança de que a os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade são novos, se observamos os tempos da história, dos fatos inequivocamente registrados.
Temos, contudo, uma convicção. As nações se diferenciam na justa medida que aceitam ou não lideranças e ideologias e/ou religiões restritivas ao pensamento e comportamento humano.
O Brasil é um país que aos poucos mostra uma maneira de ser livre. Até quando? A corrupção, a desonestidade, o mau caratismo de pessoas que teoricamente nos representam é algo assustador. E não fazemos nada, ou muito pouco. Ao contrário, parece que quanto mais corrupto e criminoso for o líder, mais votos, mais simpatias terá.
A Democracia é algo recente, novo. Podem-se entender as razões de tanto primitivismo.
É justo? Inevitável?
Temos clubes de serviço, sociedades secretas, discretas e explícitas. O que elas fazem para construir um Brasil melhor?
Talvez esteja em nossa índole servir a senhores, sejam eles quais forem.
Se isso for assim, que tenhamos bons donos de escravos, é a nossa esperança.

Cascaes
14.8.2009

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