A imprevisibilidade de 2014 provocada por nós, brasileiros

2014 – um ano com energias positivas e negativas
Iniciamos o ano de 2014 com a perspectiva de perder ou ganhar muito.
Se tudo acontecer de forma adequada o Carnaval será uma festa fraterna, o início do ano produtivo (após o Carnaval) virá justo e perfeito, não teremos falta de água, energia e segurança, a dengue dará uma trégua (talvez se mude para Miami), a criminalidade será reduzida substancialmente, as UPS, Unidades Pacificadoras e outras terão comando de gente competente, as eleições serão um momento de cidadania consciente, as obras estruturais em andamento ganharão impulso positivo e serão aceleradas com honestidade e competência, os juros cairão de verdade, por um milagre o Governo Federal assumirá o controle da moeda e a inflação cairá etc.
É bom sonhar.
O Brasil é um imenso país que de forma concreta está em situação muito melhor do que muitos países considerados ricos e poderosos. Neles, contudo, existe a base de grupos de poder privados que assumiram o comando do mundo capitalista, universalizado, sem fronteiras, à disposição de gente sem pátria e sem paixões além do exercício discricionário de seus poderes.
Mas vivemos no Brasil, que potencial de vida melhor.
Produtos manufaturados podem valer fortunas, mas a produção de alimentos, a disponibilidade de espaços e rios imensos, um povo heterogêneo e que ainda não chegou ao nível de radicalidade política e religiosa de outros, viver num continente que se afasta dos demais, não depender de energia importada, o que importamos podemos substituir, em condições de crescer muito e finalmente vencer a Copa do Mundo é algo que temos condições objetivas de anunciar ao Mundo e o direito e sonhar e querer (se os magnatas deixarem).
Com certeza estamos sob riscos assustadores. O canhestro mundo dos ditadores latino-americanos cria modelos que atraem nossos políticos de “esquerda” e “direita”. Maravilhosamente, contudo, o tamanho do Brasil dificulta a ação de lideranças totalitárias e das mais conservadoras que ainda sonham com a escravidão e as delícias dos ambientes imperiais.
Vamos aos detalhes negativos de 2014.
O pesadelo maior é a possível falta de energia elétrica. Um período excepcional de baixa pluviosidade onde devia chover e a operação temerária do Sistema Elétrico Interligado (Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico) levaram-nos a contas e perigos que assustam. A conta deverá ser paga, mais ainda porque adotamos um sistema mercantilista irresponsável, onde o que manda é baixar tarifas e custos estratégicos, perseguindo patamares estabelecidos por pessoas que nunca entraram nem cuidaram de usinas, subestações e linhas de transmissão, desmontamos equipes excepcionais, bem preparadas, e não preparamos outras. Isso deixa muitas instalações sujeitas a acidentes graves e fragiliza tudo, principalmente a manutenção.
Reservatórios vazios em regiões metropolitanas demonstram a falta de atenção para algo maior, a necessidade de abastecimento de água de seus habitantes. Algo está errado, ou as cidades cresceram demais ou as empresas dedicadas ao assunto falharam...
De qualquer modo é bom lembrar que o abastecimento (e o saneamento básico) de água também depende da energia elétrica, ou seja, falhas graves podem ser o efeito dos apagões, desligamentos não previstos e causados por acidentes.
Aliás, um processo de racionamento é algo com inúmeras consequências sobre a vida dos habitantes de cidades mais e mais verticalizadas e sensíveis a sistemas elétricos. Nossos planejadores energéticos deveriam adotar critérios de expansão, operação e manutenção do sistema de geração adequados a essa realidade. Parece que continuam usando parâmetros do meio do século passado.
O atraso de grandes usinas e linhas de transmissão foi e está sendo preocupante. Deixamos de aproveitar a sinergia possível de um sistema interligado que foi construído para aproveitamento de grandes fontes de energia renovável, cada vez mais distantes dos grandes centros de carga, mas ainda com um grande potencial de exploração.
Os técnicos improvisados e lobistas propagandeiam outras formas de obtenção de energia, tais como as PCHs, Eólicas e outras mais sofisticadas que, entretanto, não suprem a eficácia de alguns aproveitamentos em construção e outros que poderão ser usados.
Com certeza precisamos de grandes centrais de geração termoelétrica próximas às grandes metrópoles. Não inventaram nada mais eficaz do que essa forma de produção de energia elétrica em grande escala. Obviamente em muitas regiões temos um grande potencial eólico, mas a produção, transporte e armazenamento dessa energia merece cuidados especiais, sabemos fazer isso com essa amplitude? Quanta energia (e não potência) pode ser aproveitada em médio prazo? A população vizinha aos parques eólicos aceita os ventiladores invertidos?
Em 2001 a situação do Brasil era completamente diferente, o prejuízo foi colossal. Naquela época a alienação técnica era um espanto. O presidente FHC não sabia de nada e os técnicos faziam de conta que cuidavam do Setor Elétrico. Nada impede agora a repetição dessa novela de mau gosto, pois São Pedro não é político e nem faz parte da base aliada do Governo Federal. Felizmente já notamos a Sua. Excia Presidenta preocupada...
Se tudo acontecer da pior maneira, ou seja, repetindo o que vimos no atraso das duas últimas unidades de Itaipu, por exemplo, poderemos sofrer retardamentos gravíssimos nos planos bonitinhos, mas ordinários do Setor Elétrico. Critérios acadêmicos não sevem para coisas subordinadas aos azares da Natureza. As grandes usinas, linhas de transmissão e subestações podem demorar mais ou sofrerem acidentes graves ou ainda apresentarem falhas industriais e/ou de construção e projeto, aí só Deus saberá o que poderá acontecer.
Esse risco é também sentido em outros países mais ricos, mas eles têm dinheiro para rapidamente instalarem o que for necessário além de exércitos para impor suas regras do jeito que bem entenderem.
Temos, contudo, espaço de racionalização do uso da energia; quem, entretanto, desliga o que é barato? É caro? Não parece, pois o desperdício é grande.
Feriados, feriadões, carnavais intermináveis, feriados religiosos e agora o futebol, parece que trabalhar é pecado no Brasil. Também, Deus abençoou essa terra, é difícil resistir a tantas praias e lugares maravilhosos para passear e descansar (Cascaes).
Perda de produção num mundo competitivo é reduzir capacidade de gerar divisas, postos de trabalho, riquezas.
Prejuízos muito grandes aparecem até de eventos tais como a Copa do Mundo; se os feriados em dias de jogos desse campeonato dirigido pela FIFA forem objeto de leis as perdas de produção serão algo superior aos bilhões de reais investidos em arenas e infraestrutura para atender desejos dos gringos e necessidades naturais de cidades que crescem além da medida razoável (COPA DO MUNDO PODE GERAR PERDA DE R$ 30 BI NAS CIDADES-SEDE, 2014), isso é justo e necessário para que o Brasil ganhe a tacinha em disputa?
As eleições e os meses que as antecedem são os tempos das bondades. Até onde nossos governantes serão irresponsáveis? Cada veleidade agora será uma tortura em 2015...
Nisso tudo ainda percebemos o jogo maldoso e maquiavélico de políticos. Muitos problemas gravíssimos que afligem principalmente as pessoas mais humildes estão acontecendo na falta de recursos essenciais à sua manutenção. Policiamento precário, postos de saúde sem profissionais, escolas sem estrutura adequada etc. são o resultado de bloqueios que alguns estados e municípios enfrentam por serem da oposição. Os mais simpáticos gozam dos favores das Cortes.
E a censura? As leis de exceção?
No caldeirão do Diabo algumas fórmulas estão sendo preparadas. Como terminará nossa frágil Democracia, ou melhor, ela sobreviverá aos oportunismos políticos?

Cascaes
27.2.2104

(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico: http://www.ilumina.org.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Lugares Preciosos: http://lugares-preciosos.blogspot.com.br
COPA DO MUNDO PODE GERAR PERDA DE R$ 30 BI NAS CIDADES-SEDE. (27 de 2 de 2014). Fonte: Hôtelier News: http://hoteliernews.com.br/2014/02/copa-mundo-pode-gerar-perda-de-r-30-bi-nas-cidades-sede/


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