Ranking Social

Qualificar e medir são atitudes essenciais na avaliação de qualquer instituição, processo, produto etc. Se não medimos, não podemos comparar, estabelecer metas, conquistar um padrão melhor. Qualquer gerência ou trabalhador precisa de indicadores para saber se evolui ou não. Viver sem dados e fatos é navegar sem rumo, podendo-se perder ou ganhar sem consciência, sem méritos.
Ecologia e meio ambiente (bichos e plantas) são assuntos que ganharam espaço, temos selos para identificar empresas.
Na área social aos poucos descobrimos indicadores universais; ótimo!
A nação brasileira carece de desenvolvimento social. Temos inúmeras igrejas e templos, religiões, seitas, partidos políticos, militantes de ideologias de toda espécie etc. Falta-nos, contudo, sinceridade e relações justas, adequadas às nossas necessidades. Não carecemos de leis, varas, fóruns, estatutos e outros tipos de organização e documentos. Não temos, contudo, instrumentos eficazes de avaliação social de nossas instituições. Talvez pelo medo da verdade cultivemos o silêncio. Precisamos conhecer e mostrar a todos nós o que somos para que saibamos evoluir.
É nosso desafio construir estratégias de apontamento dos melhores e de orientação dos demais, dizendo-lhes com clareza se estão ou não avançando em suas metas de valorização do ser humano.
Podemos, por exemplo, criar uma avaliação das nossas universidades. Nelas formamos os futuros profissionais, líderes e juízes. Qual seria a nota que daríamos a cada instituição de ensino de terceiro grau se usássemos o tema “acessibilidade” como base de julgamento? Os professores de nossas universidades aceitariam passar por um “provão” de verificação de conhecimento da legislação existente? Nossas escolas oferecem, no mínimo, o que as muitas leis determinam? Qual é o padrão de educação oferecido? Em nossas escolas pratica-se o teatro educativo? Elas promovem regularmente palestras com especialistas em comportamento social? Merecem serem governadas por reitores independentes?
Em Curitiba discute-se a qualidade das calçadas. Graças a isso o direito de caminhar, de ir e vir das pessoas com necessidades especiais entrou na mídia. Assim avançamos um pouco na sensibilidade social. Outros assuntos esperam o momento de análise. Infelizmente nem todos podem esperar. Cada dia, mês, ano de espera significa muito sofrimento, exclusão, violência contra pessoas que dependem de ajustamentos de nossa sociedade para poderem conviver em harmonia com a população em geral.
Motivação e mobilização são necessárias para que se mudem comportamentos.
O que fazer?
Maravilhosamente no plano federal algumas leis aconteceram para amparo de ações sociais significativas. Elas serão inúteis se não agirmos para que “peguem”, como se costuma dizer em nossa terra de muitos carimbos e pouca ação.
Algumas associações têm promovido concursos entre filiados para identificação de bons projetos e ações sociais. Como discutir e implementar indicadores gerais com aplicação precisa em nossas cidades?
Nos termos das leis federais 10.048/2000 e 10.098/2000 e decreto 5.296/2004, que as regulamenta, assim como com os estatutos e a legislação internacional podemos, tranqüilamente, desenvolver critérios de avaliação de nossas instituições. Precisaremos, naturalmente, de pessoas com idoneidade e competência para medir e julgar. Acreditamos que elas existam em nossa sociedade, o desafio é encontrá-las e cativá-las para esse projeto, que poderia ser uma espécie de agência reguladora informal.
Por tudo o que vimos é válido e oportuno encontrarmos uma forma de motivação daqueles que governam diretamente e indiretamente o nosso povo. Precisamos acelerar mudanças de comportamento, até porquê poderemos ser os maiores beneficiários dessa transformação à medida que, envelhecendo, tornarmo-nos pessoas com necessidades especiais.
Precisamos de propostas, alguém tem?

Cascaes
18.1.2007

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