Boas festas

Prezados amigos

Desejar feliz Natal e próspero ano novo é uma obrigação agradável e saudável, pois, acima de tudo, chegamos nessa etapa de todos os anos querendo lembrar os amigos e lhes desejar saúde, alegrias e sucesso.
2008 foi um ano de grandes experiências e muito aprendizado para mim e minha família. Redescobrimos amigos, vivenciamos situações difíceis e boas, vimos muitas coisas agradáveis e ruins também.
Temos sempre alguns paradigmas, assim a luta e coração do Ney e de sua querida Soninha nos impressionam; via internet, essa invenção fantástica, recebemos continuamente mensagens de amor e carinho desse casal maravilhoso que temos na conta de amigos e parentes. Esses primos merecem respeito muito especial, pois lutam bravamente pela vida sem perder a dignidade, a capacidade de amar.
As lembranças deste ano que ainda não terminou são fortes, a mais violenta, talvez, para mim, foi a enchente de novembro em SC. Sei, contudo, que meu povo é valente. Aliás, a forja e a têmpera fazem de bom aço as melhores armas, as ferramentas, o que precisamos para os serviços mais duros. As enchentes, as tragédias que a natureza impõe ao povo do Vale do Itajaí são o preço por querer viver naquele paraíso. Os catarinenses nascem num espaço furiosamente bonito ganhando, além do prazer de saborear suas maravilhas, o treinamento para sobreviver onde for necessário.
Eu, catarinense de Blumenau, não vou esquecer nunca a frase de minha irmã, Sônia Maria, dizendo, voz embargada, mulher que nasceu e vive há dezenas de anos, ainda na sua cidade natal, descrevendo a reação do povo daquela cidade à tragédia que desabou sobre os blumenauenses. Ela disse simplesmente: Tenho orgulho de ser blumenauense. Nesses momentos lembramos que damos esmolas para os fracos e aos fortes de caráter, que mostram suas personalidades com atitudes dignas, coragem e determinação, oferecemos a nossa admiração e respeito. Parabéns blumenauenses.
O ano termina com a satisfação de saber que nossos filhos e netos estão lutando, enfrentando a vida. Eles têm muitas razões para ficarem chorando, parados, lamentando-se dos acidentes que sofreram. Apesar de tudo batalham, e a luta não é fácil. O Caio Lúcio sente na pele, por exemplo, o que é ser deficiente auditivo em ambientes onde a melhor cultura e o comportamento justo e fraterno deveriam ser normas. Simplesmente ficamos perplexos com a indiferença de pessoas tão cheias de diplomas e ao mesmo tempo sem capacidade de produzir de forma objetiva as condições que nossas leis estabelecem para o estudante deficiente. Ironicamente autodenominam – se de membros da “Academia”...
Foi mais um ano ruim no cenário político. Cada vez entendemos menos nossos eleitos, nossos líderes políticos.
É lamentável também sentir que somos uma sociedade corporativista, apaixonada por privilégios. O resultado não podia ser outro, vivemos cercados de favelas, tropeçamos em catadores de lixo, temos medo de andar pelas cidades e até pelo campo, onde os traficantes estão se instalando sem grandes resistências. Não nos faltam discursos. Nosso povo é especialista em tratados, estatutos, em fazer leis, etc. que mais estão viabilizando a profissão da advocacia do que arrumando o nosso país. Continuamos no reino da fantasia... O império da Lei está muito longe de acontecer no Brasil. A realidade nacional confunde e nos leva a perguntar: nossas leis estão mal feitas?
Nossos três poderes nos decepcionaram. Desconstrói-se o Brasil sem respeito pelas inúmeras lutas e sacrifícios feitos para a formação de uma única nação de oito e meio milhões de quilômetros quadrados. À força de fantasias e maldades, que um dia conheceremos melhor, o território brasileiro está sendo dividido e entregue a minorias ditas “indígenas” (errado até no nome), sob catálogos raciais, com direito a DNA e tudo. Teremos fronteiras sob cadastro genético sob a desculpa de proteger minorias sob culturas diversas. E a nossa? Não deve ser ajustada “na marra” às conveniências do Deus Mercado?
Pouco a pouco os nossos “comandantes”, legisladores e especialistas em leis mal feitas vão se submetendo às grandes potências e interesses do crime organizado, dos magnatas do dinheiro internacional e outras “coisas”. Felizmente pudemos, ao menos graças a pessoas como o Cel. Manoel Soriano Neto, fazer algo. Usamos e abusamos do direito de espernear. E agora? Para não sermos tão hipócritas deveríamos mudar a letra do hino nacional, entre outras coisas.
O ano de 2009 começa em meio a uma crise econômica mundial impressionante. Nem Nostradamus se atreveria a fazer previsões. Precisamos agora relembrar as teses de nossos economistas e outros falando do maravilhoso “mercado”, da importância da iniciativa privada e da maldade do “estado”. A jogatina internacional, a especulação sem regras nem vigilância, a corrupção, a falta de inteligência de pessoas que pareciam gênios criou uma “salada russa” que não temos idéia aonde nos levará. Talvez o melhor resultado disso tudo seja a desmoralização desses enganadores, ainda muito bem apoiados pela mídia formal, sempre procurando patrocinadores. Com a internet podemos “furar” o bloqueio da informação manipulada pelos profissionais de marketing de bandidos.
Falando em internet não posso esquecer-me de lembrar o Dr. Pedro Carlos Carmona Gallego que no GFAL, onde o conheci, deu-me esperanças fortes e apoio na luta pela universalização da cultura técnica via internet, aproveitando seu potencial para a criação de literatura acessível a pessoas deficientes, carentes, com necessidades clínicas etc. Graças a esse amigo especial mergulhei no mundo dos blogs, o resto foi conseqüência. Sua visão desse recurso, apoiada pelo seu presidente, o Dr. Rodrigo Costa da Rocha Loures, é a reanimação de uma esperança que quase se desvaneceu diante da incompreensão de pessoas que poderiam impulsionar esse projeto, mas que se deixaram paralisar por conveniências menores. Não podemos esquecer que a Humanidade não poderá esperar algumas gerações para entender a necessidade de enfrentar as mudanças climáticas, a miséria, os riscos de pandemias etc. Se temos uma tremenda arma de mudança, essa é a internet, é só saber usá-la.
E na luta de “Nós podemos Paraná” cumpre destacar a atuação do LIONS em Curitiba. Nesse ambiente gente que faz a diferença está dando contribuições extraordinárias, mais ainda com o apoio do professor Nilson Pegorini e sua preciosa FAE. O professor Tosihiro Ida, por exemplo, é simplesmente fantástico. Ao lado dele uma plêiade de pessoas sabe fazer acontecer; parabéns!
Em tempo, sem querer plagiar o senador romano Catão (234 a 149 A.C.), com seu “delenda est Carthago”, voltando a falar do Brasil, está na hora de descobrirem que não podemos ser governados pelos tecnocratas do Banco Central... Não votamos neles para a Presidência da República nem sabemos direito qual é a cara, o jeito e trejeitos desse povo.

Queridos amigos e amigas, o fundamental é que vocês existem, pelo menos temos a quem admirar e amar.

Um feliz Natal e nossos votos de tudo de bom para vocês em 2009.

João Carlos Cascaes
Curitiba, 21.12.2008

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