Eleições com Tecnologia - artigo publicado em agosto de 2000 e mais do que atual

A modernização levou a mudanças brutais, algumas fabulosas e maravilhosas, mas muitas outras terríveis.
O desemprego, na negação do socialismo, é uma das conseqüências piores do que chamam de neo liberalismo, insensibilidade humana, desprezo pelo povo. Os grandes arautos dessa nova fase das sociedades capitalistas dizem que a competitividade é essencial, esquecem que a vida com dignidade é mais importante.
Mas a modernidade também deveria afetar outras atividades, principalmente aquelas que geram líderes e que nos trarão novos gerentes. O processo democrático evoluiu muito pouco em relação ao que tínhamos no período de Péricles, quatro séculos antes de Cristo em Atenas. Naquela época alguns gregos privilegiados se reuniam numa praça ateniense para ouvir discursos e decidir alguma coisa sobre os destinos de sua querida cidade e escravos. Passados dois e meio milênios e ainda continuamos atentos à capacidade de enganar e escolhendo de uma minoria quem decidirá por todos nós.
O computador e as telecomunicações estão sendo uma revolução fantástica. As distâncias desapareceram, os custos de intercâmbio de ideais e propostas diminuíram muito. No processo eleitoral todos os parlamentares poderiam ficar em suas casas. Graças à internet o número de vereadores e deputados poderia ser multiplicado por milhares de pessoas, até a condição de simplesmente não termos mais representantes, ou seja, todos poderíamos estar permanentemente votando, lendo, decidindo sobre nossas leis. Os cargos executivos ainda exigiriam algum iluminado.
Enquanto a participação total não chega deveríamos lutar por algumas mudanças importantes. As urnas eletrônicas e os computadores não se intimidam com números maiores. Isso significa que os eleitores teriam condições de votar em número maior de candidatos aos níveis legislativos. Isso criaria maior união entre os candidatos, diminuiria a hostilidade entre pessoas dispostas a representar nosso povo, reduziria o custo das campanhas. Nas Câmaras de Vereadores e de Deputados e até no Senado teríamos autênticas bancadas e não pessoas procurando desmerecer companheiros.
A modernidade poderá modificar positivamente as nossas vidas. Tudo depende de criatividade e inteligência. A Democracia é uma das grandes conquistas da Humanidade. Aperfeiçoá-la é um desafio importante para não cairmos nas tentações ditatoriais. Podemos e devemos usar todos os recursos disponíveis para maior e melhor gerência de nossos destinos.
Voltando às nossas urnas eletrônicas.
Por quê não deixá-las operando permanentemente?
Assim como podemos ver através da cidade os famosos e feios orelhões, deveríamos encontrar nos lugares mais freqüentados postos de votação e consulta popular. Diariamente a população teria condições de opinar sobre todos os assuntos mais importantes. A democracia ganharia impulso apesar dos perigos da manipulação de opiniões.
Grande parte da população desconhece as grandes discussões sobre o futuro de suas cidades. Isso é o resultado da falta de oportunidade de consulta. Criando-se sistemas eletrônicos e oficiais de consulta contínua, valorizaríamos a opinião popular e a prepararíamos para o dia em que todos vierem a ser efetivamente , de fato e efeito, legisladores e planejadores da cidade e estados.

JCC, 16/8/2000

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