O Dia do Trabalhador

A humanidade demorou muito para encontrar uma forma política de respeito geral. Por inúmeros motivos a sociedade humana organizou-se em torno de poderes que eram designados por deuses, generais e aristocratas, crenças de toda espécie que serviam para se criar disciplina e organização, com certeza necessários quando a maior parte dos humanos era composta por pessoas sem qualquer instrução.
Os tempos passaram, felizmente algumas nações evoluíram, saíram das florestas e savanas, dos desertos e planícies geladas para criar estados que aos poucos viabilizaram outras lógicas de organização. É importante lembrar que nada em si diz que a humanidade deva ser lógica, fraterna, livre. Temos visto como países considerados evoluídos podem cair em péssimas mãos, usando ideologias, raça, cor da pele, língua, religiões e cultura como pretexto para massacrar outros que não lhes interessem. Por uma ou outra razão, contudo, estamos num bom caminho se imaginarmos como seríamos hoje se, exemplificando, os nazistas tivessem vencido suas guerras...
A evolução é o efeito de uma consciência ética que transcende os valores mais objetivos, materiais, evidentes. Esse é um caminho que podemos, com alguns riscos de recaídas medievais, dizer que é divino. Maravilhosamente hoje temos alguns documentos humanitários firmados entre as grandes nações que servem de orientação, apesar dos interesses envolvidos e vícios de redação.
Ainda temos dificuldades, especialmente na terra “descoberta” por Cabral. Na evolução ganhamos consciência do valor do que denominamos erradamente de “trabalhador”, como se apenas o indivíduo submetido a contrato de trabalho, o contratado fosse “trabalhador”. A demagogia pesou e as idéias corporativas dos tempos fascistas aliadas aos conceitos de luta de classes, tão queridos dos ideólogos marxistas, ganharam força e obtiveram expressão excludente em nossa legislação brasileira. Assim temos leis e jurisprudência que inibem a geração de empregos, penalizando patrões de forma radical e os empregados na medida em que criam inibições para se gerar postos de trabalho, valorizando maus profissionais na área do Direito e péssimos “trabalhadores”, alguns especialistas em tirar do patrão tudo o que puderem.
Em nossa terra, gente que não gosta muito de trabalhar especializou-se em hostilizar aqueles que produzem.
Infelizmente contra empresários honestos muitos operários (do campo e das cidades) desperdiçam suas energias políticas, deixando de lutar contra aqueles que realmente os prejudicam. A corrupção e a desonestidade espantosas dariam motivações de revolta, se nosso povo fosse mais atento a quem efetivamente tira o pão da mesa deles.
O Brasil seria um país sem desempregados, sem falta de moradias, sem miséria se tivesse uma organização eficaz. Em parte graças a uma legislação imprudente e à sua péssima aplicação, defendida ardorosamente por corporações que entronizaram pessoas de valor duvidoso, vivemos com taxas de desemprego altíssimo e somos campeões de reciclagem de lixo.
Sim, temos milhões de trabalhadores reais, nos dois lados da carteira de trabalho. Graças, por exemplo, a empreendedores extremamente corajosos o interior do Brasil foi ocupado, ganhamos projeção na agroindústria. Nas cidades criamos um parque industrial que sofre com a aplicação de leis burras e lógicas de livre comércio que só existem contra os países em desenvolvimento.
Estranhamente nem nosso presidente, ex-líder de sindicatos, fala com entusiasmo de leis trabalhistas internacionais...
Precisamos comemorar, sim. O Dia do Trabalhador também lembra que se não fosse a luta de muitos que submergiram no oportunismo de Vargas, aqui no Brasil, seriam lembrados hoje como heróis nacionais, talvez tendo construído um edifício mais justo, mais coerente com as necessidades dos brasileiros. Nos tempos fascistas a estratégia foi absorver as bandeiras dos socialistas, extremo perigo para aqueles que simplesmente usufruíam propriedades herdadas ou conquistadas em cartórios ou ainda viviam do trabalho escravo nas cidades e nas fazendas. A má discussão das leis criou isso que nós conhecemos.
O cidadão comum tem muito a comemorar, não pode, contudo, esquecer as origens e razões dessa festa. No Brasil, nesse momento, devemos lamentar a discriminação que nossos desbravadores enfrentam graças a leis importadas, que transformam nossos fazendeiros (empresários trabalhadores) em criminosos. Lamentavelmente nossos empresários, por preconceitos históricos, perderam espaço quando resolveram entender que qualquer cidadão vermelho é seu inimigo, esquecendo os enormes interesses do crime organizado, sedento por espaços e gente que possa servir a seus negócios na produção, base e revenda de drogas, na condução do jogo organizado, de coisas que vemos acontecer em lugares ditos mais esclarecidos. Mais ainda, europeus, principalmente, agora enxergam o Brasil como a esperança deles em “salvar o planeta” e poderem continuar desperdiçando tudo o que podem alcançar.
Hoje é dia do Trabalhador, parabéns para todos nós que contribuímos para construir o que resta de um Brasil justo e feliz.


Cascaes
1.5.2009

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