Voluntariado na Engenharia





Quase todos os grandes acidentes acontecidos no Brasil nesses últimos anos e relatados, ilustrados, mostrados em detalhes pela grande mídia têm fortes indicadores de omissão ou incompetência, para não se imaginar algo pior. A desculpa da moda, agora, é a poluição, mata ciliar, meio ambiente. A verdade é que falta competência técnica e preocupação em se evitar as tragédias. Um fatalismo mórbido domina nosso povo.
Precisamos urgentemente de brasileiros com altíssimo senso de patriotismo e capacidade de ações voluntárias e corajosas para que se evitem tragédias maiores. Não podemos esquecer que já temos operando no Brasil hidroelétricas gigantescas, usinas nucleares (querem fazer mais), imensas caldeiras com maior pressão em usinas térmicas, túneis enormes, aeroportos saturados, portos com todo tipo de navio, estradas com caminhões carregando combustíveis, explosivos, ácidos etc., pontes enormes, prédios e “shoppings centers” de dar inveja a muito país rico, igrejas, templos etc.
Será que os responsáveis por tudo isso têm competência técnica, capacidade intelectual e vontade de exercerem suas funções com o máximo rigor? Eles sabem o que é operação, manutenção, cálculo de risco, legislação, gerência técnica? Isso para não se falar em projetos, construção e fiscalização de obras.
Na dúvida precisamos apelar para o voluntarismo, para a vigilância cívica.
Felizmente agora temos a internet e as facilidades que gigantes da Informática estão viabilizando, coisas como blogs, portais, orkuts, twitter, youtube e similares. Os custos desses sistemas são nulos ou simbólicos se pensarmos no potencial que carregam. Os computadores estão cada dia mais baratos, agora só falta baixar o preço das telecomunicações, ainda muito caras para o cidadão comum, apesar da tão decantada competição das empresas, se privatizadas. Devemos também pedir aos nossos filhos que usem os sistemas Linux e equivalentes, nós não vamos aprender sem o apoio deles...
Qualquer cidadão medianamente disposto e tendo algum dinheiro para usar esses sistemas modernos de comunicação e processamento de dados ganha o mundo, nem que seja pedindo a assessoria dos netos. Pode fazer muito.
Precisamos agir, reclamar e se for o caso denunciar, registrar formalmente o que acreditarmos merecer mais cuidado. Os ministérios públicos estão abrindo espaços via internet, ou seja, podemos fazer denúncias via internet. Ouvidorias, portais e outras formas de contato existem, inclusive o velho e famoso ofício a ser devidamente protocolado na portaria das repartições públicas, autarquias e estatais, devidamente visados por testemunhas e carimbos. Podemos até filmar a entrega desses ofícios no gabinete de entrega de papéis, pedindo a algum amigo que possua qualquer dessas máquinas fotográficas digitais que o ajude no registro.
Felizmente aos poucos o Poder Judiciário se moderniza. Nossas leis são mal feitas, pessimamente regulamentadas, mas servem para registrar e julgar situações que poderão ser corrigidas mais adiante.
Paralelamente nossos engenheiros, médicos, administradores etc., sempre com o apoio de advogados, podem criar ONGs para vigilância e acionamento formal com mais segurança dessas questões técnicas que nos assustam.
PAC, PEC ou POC, vamos imaginar as siglas que os próximos governos vão criar, cada projeto merece atenção. Teremos mais e mais obras de grande envergadura e importantes para todos nós. Para não vermos barragens se desmanchando, estradas fazendo o papel de grandes diques, explosões inacreditáveis, coisas assim como nossos jornais mostraram nesses poucos anos de democracia ingênua (?), devemos e podemos nos mobilizar para maior e melhor vigilância cívica, isso só falando em Engenharia, pois, sentimos que vale em todas as áreas do conhecimento humano em nossa terra mal amparada.
Já perdemos muitos amigos em acidentes absurdos. Nossos filhos, netos e amigos não estão livres de futuros episódios dessa espécie. Poderiam, alguns deles, terem sido evitados se, antes de acontecerem, tivéssemos alertado vigorosamente nossas autoridades para irregularidades perceptíveis. Se analisássemos melhor como os representantes dos governadores, prefeitos, do próprio Presidente da República, dos controladores das companhias privadas e as concessionárias operavam (não precisava muito para sentir o potencial de erro), em que estado se encontravam as estradas, os aeroportos, a falta de obras travadas por ações nem sempre responsáveis e assim por diante certamente muita gente teria sido salva...
Vamos agir?
João Carlos Cascaes
Curitiba, 29 de junho de 2009

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