Polêmica kafkiana - petit pavê

Polêmica kafkiana – petit pavê

Alguém que anda pela cidade de Curitiba duvida da má qualidade das calçadas de petit pavê?
O caderno Vida e Cidadania, edição de domingo do Jornal Gazeta do Povo trouxe a reportagem de Vinicius Boreki sobre o assunto com o título “A discórdia do petit-pavê”.
Mais uma vez um profissional do IPPUC partiu em defesa dessas pedrinhas, que são motivo de inúmeros acidentes, tanto por efeito das características inerentes ao mármore dolomítico (calcáreo), branco, quanto ao preto que é o diabásio (basalto).
O arquiteto Ricardo Tempel Mesquita fez ponderações que só não são mais precisas porque carecemos de normas técnicas objetivas para pisos externos.
Podemos perguntar, porque a Prefeitura de Curitiba não define em números e padrões mais seguros como devem ser os componentes de nossas calçadas?
Entendemos o respeito ao nosso ex-prefeito, ex-governador e arquiteto Jaime Lerner, mas as evidências são por demais contundentes, em todos os sentidos, de que precisamos mudar para fazer melhor e corrigir o que foi construído.
Os problemas com as calçadas se agravam onde não temos os cuidados necessários e tipos de piso de pior qualidade são utilizados. Tudo se agrava, contudo, nos locais de tráfego intenso de pedestres.
Reportagem de Juliana Nakamura, publicada na PINI Web em 27 de abril de 2006 dizia que na Grande São Paulo eram registrados nove quedas por mil habitantes ao custo médio em torno de dois mil e quinhentos reais por acidente, segundo estudo do IPEA com a ANTP em 2005.
No portal do Ministério da Saúde, tratando da saúde do idoso (26 de março de 2009) temos comentários sobre o perigo das calçadas irregulares para as pessoas nessa fase da vida. Adiante, sob o título “É um problema de saúde pública” diz, transcrevendo: “Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os indivíduos com mais de 65 anos sofrem pelos menos uma queda importante por ano. Entenda-se por queda importante (não necessariamente nas ruas, aliás, normalmente em casa) a que necessita de ida a uma emergência hospitalar, gerando internação ou não. Com mais de 80 anos, os idosos têm pelo menos três quedas importantes por ano. Requerem pelo menos uma abordagem mais intensa em termos de diagnostico e tratamento específico.”
Ou seja, é absolutamente urgente uma análise responsável, técnica (isenta de paixões), que dê ao povo curitibano, porque não ao povo brasileiro, indicadores funcionais da qualidade dos materiais, forma, dados visuais, enfim, indicadores de engenharia e arquitetura para a construção e manutenção de pisos externos (calçadas, calçadões e similares). Com certeza ganharemos muito se pudermos andar pela cidade sem ficarmos olhando para o chão a cada passo.

Eng. João Carlos Cascaes
Curitiba, 31 de maio de 2009.

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