Pandemia de burrice ou

O mundo nunca esteve tão aristocratizado quanto agora. Por ascendência, dinheiro ou voto a humanidade divide-se em classes que vão da condição de privilegiadas a hostilizadas. Temos os párias, a ralé, os sindicalizados, os militantes, classe média, ricos, aristocratas etc., uma coleção incrível de degraus na escala de atenção que, por mais estranho que pareça, parte dos mais humildes que aceitam, admiram e não reagem. Isso pode ser ótimo a favor da paz social. Afinal as revoluções populares foram violentíssimas, levando o pânico às elites. A solução foi a criação de lendas, valores, racismo, teocracias, enfim, a criação de comportamentos mais amigáveis do que os acontecidos em 1848, 1871, 1917 etc. etc.
O que pode assustar, nessa lógica de exploração do homem pelo homem, é a radicalização de valores e a criação de éticas criminosas.
O crime organizado é uma realidade assustadora, o que se deve perguntar, contudo, é de qual tipo de máfia estamos falando.
A omissão, a desonestidade e a incompetência de quem governa, organizadas em torno de “partidos” políticos, é algo que está mostrando sua pior face, graças à liberdade de comunicação e atuação de alguns grupos mais corajosos da imprensa, Poder Judiciário e até alguns políticos mais atentos às angústias de nosso povo. Isso é até pior em alguns outros países. Triste é ver nosso Brasil desse jeito, bom é saber que a ferida aberta pode ser tratada.
Temos sempre a história do ovo e da galinha. O povo tem o governo que merece. A falta de educação é nosso maior desafio etc..
Graças aos sistemas de telecomunicações podemos ver o que acontece em outros continentes. Estamos na média baixa e assim vamos enfrentar pandemias e as drogas de nossos vizinhos e aquelas que criamos por aqui.
Um grande desafio será, talvez, rever modelos de democracia e leis que simplesmente não funcionam como deviam. Com um forte choque de realismo talvez os legisladores simplificassem a Constituição e ampliassem a eficácia do Poder Judiciário e do Executivo. Para que se viabilize um processo de mudanças é necessário, contudo, uma ruptura com o cenário existente.
De que jeito manter duzentos milhões de brasileiros espalhados por oito e meio milhões de quilômetros quadrados afinados com um processo de ajustes?
Temos problemas que agora dizem serem virtudes. O mau governo mostrou-se bom nessa crise mundial, governo?
O desastre financeiro via jogadas maldosas no cassino internacional escancarou o lado ruim de outros países, fazendo-nos sentir melhores. Ótimo! Pelo menos na mediocridade conseguimos sucesso. Infelizmente indicadores sociais continuam péssimos e vemos a bandidagem crescendo, tomando conta do país, com os devidos incentivos de governo vizinhos e tolerância do nosso, que nem se dispôs a contrapor às exigências deles maior rigor no combate às drogas e ao contrabando.
Estamos com endemias fortes, epidemias em gestação e sentindo os primeiros efeitos da Gripe A (depois virá o resto do abecedário...). Com certeza não será um grande problema para uma parte da população, sempre protegida por seus títulos e rendas, mas, e o povo? Bem, um povo que aceita catar lixo para viver não deve estar muito preocupado com gripes sofisticadas.
Cascaes
29.7.2009

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