Administração 156

Administrar uma cidade não deve ser fácil. Curitiba tem algo em torno de quatro mil quilômetros de ruas e avenidas, centenas de praças, largos, áreas verdes etc., sem esquecer os postos de saúde, escolas, transporte coletivo, saneamento, iluminação, etc. Podemos imaginar a preocupação que um bom prefeito terá em relação a uma cidade com essas dimensões. Com certeza será um grande executivo, alguém dominando, conhecendo, visitando cada lugar com todos os cuidados técnicos que a capital do Paraná merece.
Obviamente um município de mais de quatrocentos quilômetros quadrados exige muito dos seus administradores. Além dos serviços normais de gerência e vigilância, a participação do cidadão comum é importante.
A sensação, nesse contexto, entretanto, é de que a PMC está transferindo para o cidadão comum a fiscalização, com o agravante de que ele precisa formalizar suas observações através de sistemas impessoais.
Temos muitos lugares para reclamar, tanto nas ruas da cidadania quanto no portal e telefone 156. O que intriga, contudo, é a ênfase no 156.
Vivemos a fase dos “call centers”, pouco a pouco se automatiza tudo, até as reclamações. Não falamos mais “olho no olho”. Isso pode ser bom, quem já sofreu a necessidade de fazer um BO em alguma delegacia sabe quantas pode passar até receber o papel carimbado, escrito ao gosto e disposição do indivíduo encarregado de datilografar esse documento, que vale para todo tipo de ação por perdas, danos, furtos, roubos etc., só não serve para os grandes golpes, aí o caminho é outro...
Na cidade, contudo, estranhamos a ênfase no 156. O natural seria não haver a necessidade de reclamação. Fiscais da PMC certamente estariam circulando pela cidade, registrando infrações e falhas, do mesmo modo que as moças que cuidam do Estar (aliás, subutilizadas, poderiam, enquanto caminham pela cidade, registrar problemas em calçadas, terrenos baldios, lixo etc.) caminham milhares de quilômetros para multar cidadãos que não estacionem direito os seus carros (isso deve ser extremamente importante).
Precisamos, entretanto, usar o 156. Ótimo! É uma ferramenta espetacular quando não nos devolve uma explicação equivocada do que apontamos, e não é raro. A pergunta é: será que tudo agora funciona a partir desse sistema? Nossa sensação é essa, convivendo com amigos políticos e administradores da cidade. A orientação é, via de regra, ligue para o 156.
Isso tudo nos induz a pensar no que fazer com políticos, prefeitos, vereadores e seus inseparáveis assessores. Talvez devêssemos discutir novos critérios de escolha de candidatos, quem sabe colocando-se na cédula esse ou aquele “call Center”, dando-nos a oportunidade de eleger o melhor serviço, o mais funcional e ágil sistema de reclamação.
Bem, e o prefeito?
Talvez, pensando nas verbas que a cidade precisa, no dinheiro que entrega na forma de impostos e taxas aos governos superiores, descobrir aquele que teria mais facilidade de arrancá-las dos cofres estaduais e federais. Projetos? Nossas capitais possuem uma coleção de repartições públicas que devem, permanentemente, elaborar pelo menos anteprojetos para que nas eleições pudéssemos escolher os melhores, lembrando sempre ao povo que tarifas e impostos dependem do que decidirmos. Caberia aos nossos eleitos a nobre função de mensalmente se reunirem para debater e analisar o andamento dos projetos, não haveria mais necessidade do que isso. Nome de ruas? Talvez alguma lei fosse possível criando um critério de denominação, sem interferências oportunistas. Leis? Já temos demais. Aliás, poderiam vir de projetos populares e plebiscitos, extremante mais fáceis nesses tempos de urnas eletrônicas e internet...
A burocracia e a administração das cidades podem, aos poucos, prescindirem dos casuísmos políticos e mergulharem nos tecnicismos mais modernos.
Afinal, não temos o 156?
Cascaes
7.8.2009

Comentários

  1. A Central 156 - sua origem está no artigo do Vereador Omar Sabbag Filho: veja link - http://www.omarsabbagfilho.com.br/noticia.php?idnoticia=20
    Abraço
    Tarás Antônio

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