Mutirão pelo Brasil

O Congresso Nacional está em período de faxina. Bom, mas nem tanto.
Temos emergências nacionais e a necessidade premente de retomar o crescimento. Compreende-se que não interessa à oposição o sucesso do atual governo. Não podemos, contudo, aceitar a precariedade de nossa infraestrutura quando, finalmente, as obras se viabilizam, para, contudo, por efeito da morosidade da Justiça e de ações intermináveis obstruindo projetos importantíssimos descobrimos projetos essenciais paralisados.
Nunca foi tão importante quanto agora acelerar obras que são vitais ao país. A gripe A, por exemplo, poderá ter a B e a C matando milhões de brasileiros se nossos aeroportos e rodoviárias não se ajustarem a novos padrões de trânsito e segurança sanitária. O ministério da Saúde precisa investir em hospitais e laboratórios. As estradas de ferro, principalmente, poderão transportar muita coisa sem a necessidade de trânsito de inúmeros motoristas. As cidades, para serem ajustadas a fluxos melhores, carecem de bons sistemas de transporte, demandando sistemas complementares e mais eficazes, destacando-se a importância de correções de calçadas e mais ciclovias, de modo que se possa andar, deslocar-se sem a dependência de veículos sobrecarregados. Grandes armazéns, saneamento básico, conjuntos habitacionais bem feitos, sistemas de vigilância e segurança, tudo precisa ser feito ou corrigido para podermos enfrentar com maior tranqüilidade, a máxima possível dentro das nossas possibilidades, esse novo desafio microscópico que matará muita gente aqui e logo mais se ficarmos paralisados por causa de firulas jurídicas e conveniências eleitoreiras.
Talvez no Judiciário fosse prudente a criação de varas especiais, dedicadas a questões técnicas. Nossos legisladores deveriam corrigir leis perniciosas ao país, definindo melhor as competências, os crimes e amplitude dos delitos, agilizando decisões.
O administrador público é refém de todo tipo de pressão, pois são tantas as leis e as versões de aplicação que ele certamente estará infringindo alguma ao querer conduzir grandes obras.
Temos um cenário que é um convite à imobilidade e à corrupção.
Vemos, lamentavelmente, a radicalização da política. Temos comportamentos errados? Decidam rápido, parem de trocar insultos e fazer de conta de pretendem o saneamento do Congresso. É mais do que óbvio que a dinâmica das apurações e julgamentos criada é para salvar todo mundo, exceto o povo.
A realidade é essa e pior, temos uns vírus se espalhando enquanto senadores e deputados trocam gentilezas. Deveriam discutir a saúde, a segurança, o conforto do povo e, no entanto, passam o tempo em debates que sabemos serem inúteis, quando muito eficazes para a preparação do clima de campanha que se avizinha.
O Brasil parou durante três décadas. Foi laboratório de alquimistas do dinheiro.
Agora parece poder se reerguer. Vamos continuar parados?
Queremos votar, se possível em quem se comprometa a simplificar nossa Constituição Federal, corrigir leis, ajudar o governo a regulamentá-las de modo a não serem foco de “presunção de crime” (figura absurda criada na legislação ambiental), estabelecer fronteiras mais precisas entre os direitos dos diversos níveis de Justiça e Administração, simplificar essa máquina administrativa, fabricante de carimbos e motivo de tantos impostos, que não param de crescer.
Estamos perdendo oportunidades sob conveniências mesquinhas ou incompetência de pessoas a quem delegamos o direito de governar o Brasil. Se antes era algo tolerável, agora poderá significar a morte de inúmeros brasileiros que diariamente se acumulam em filas, esperando atendimento em repartições públicas, hospitais, rodoviárias, estradas, enfim, em muitos lugares que precisam ser corrigidos, ampliados, adaptados aos desafios do século 21, entre eles as novas pandemias e as endemias tradicionais e mortais.

Cascaes
9.8.2009

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