Biblioteca Nacional Digital e o Kindle II

Um crime contra a Humanidade
Logo teremos “1ª Conferência Nacional de Comunicação”, que acontecerá entre os dias 14 e 17 de dezembro, em Brasília. Nessa conferência teremos um dos grandes debates dessa década, a liberdade e o direito de exploração dos meios de comunicação. Ótimo! O tema internet estará em foco, entre outros, e assim poderemos ver se nossos horizontes irão se abrir ou fechar nesse país que vive dormindo, embalado por algumas famílias quase mafiosas (aproximando por cima ou por baixo, para os matemáticos de plantão).
Temos esperanças, os deficientes auditivos, por exemplo, foram relegados a quinto plano. Nem LIBRAS nem legendas nos filmes e programas de TV, nem mesmo os científicos têm a caridade de se apresentarem legendados, salvo raras e belas exceções.
Vale a pena abordar outra questão nesse contexto. Conversando com minha esposa ela me disse que o livro que me emprestara, excelente (Elogio da serenidade, de Norberto Bobbio), estava esgotado. Há algum tempo quis comprar para reler o livro de Bertrand Russel, “História do Pensamento Ocidental”, edição esgotada! E quando encontramos os melhores livros, com boas ilustrações, livros encorpados, o custo é proibitivo.
A boa notícia, espetacular, maravilhosa foi o lançamento[i] do “Kindle Wireless Reading Device”[ii], uma plaqueta com o dom de permitir o acesso e a aquisição direta de qualquer livro da estante da Amazon, centenas de milhares de títulos[iii] que, residindo em biblioteca digital e no universo WEB simplesmente não se esgotam nem exigem visitas intermináveis a livrarias, entre prateleiras, espirrando entre ácaros e com dificuldades de compreensão de livros explicados em “orelhas” e contracapas de leitura difícil.
Nossos políticos precisam rever leis e normas e propor a simplificação da edição digital, estimulando publicidade nesses livros (compensação fiscal), talvez viabilizando a distribuição gratuita, criando premiações para a edição de livros de interesse geral e que explorem todos os recursos do mundo digital (filmes, links a museus virtuais, bibliotecas, laboratórios virtuais, youtube etc.).
Nada mais ecológico do que investir em tecnologias que dispensem florestas (40 kg de livro = uma árvore), estantes, espaços de construção, dores nas costas e crises de alergia.
Com o Kindle 2 (segunda geração) já lançado no Brasil (livros em Inglês, ainda) inicia-se uma revolução que está longe de terminar. Podemos e devemos, contudo, colocar a questão da universalização da cultura.
Somos uma nação com fome de saber, de aprender. Por quê não investir pesado em algo semelhante, capaz de viabilizar em pouco tempo uma tremenda estante virtual para os brasileiros? Quem sabe num acordo com a Amazon ou outro grande grupo empresarial capaz de fazê-lo?
Precisamos superar preconceitos e lembrar que os autores de livros terão mais garantias de remuneração com os livros digitais do que com os livros em papel. Afinal, você emprestaria seu Kindle aos amigos?
Fala-se muito em crimes contra a Humanidade, não seria um tremendo crime criar dificuldades de acesso à cultura ao povo brasileiro, séculos atrás de outras nações?
Precisamos de facilidades para ler qualquer livro, dos clássicos aos mais modernos, científicos ou de poesia. Para que isso não seja privilégio de elites ou de quem domina a língua inglesa, está na hora de se incentivar a formação da Biblioteca Nacional de Livros Digitais.
Qualquer objeção é mero crime contra a nossa gente.

Cascaes
23.11.2009



[i] http://www.amazon.com/Kindle-Wireless-Reading-Device-Display/dp/B00154JDAI
[ii] http://www.meiobit.com/meio-bit/industria/kindle-2-o-leitor-de-e-books-da-amazon-e-atualizado
[iii] http://idgnow.uol.com.br/internet/999/12/31/nao-tem-um-kindle-2-conheca-alguns-sites-de-livros-online

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