Ponderações sobre a internet - um apagão mental no Brasil

Internet lenta, caríssima e ruim
O Brasil é um país que gosta de chegar tarde.
No início do século 20, por exemplo, as grandes nações se conscientizaram da importância de implementar indústrias de base, criar infraestrutura viária, universalizar o ensino técnico, cuidar do saneamento básico de forma ampla (aqui até ensaiamos algo assim mas perdemos muito a partir da década de oitenta), ou seja, formar uma base econômica forte, estatal quando os empresários privados relutavam em fazê-lo. Aqui, principalmente após a redemocratização dos anos oitenta, mergulhamos em questões do início do século dezenove ou do século 22 e gastamos nossa energia em debates ideológicos, esquecendo a Engenharia, o desenvolvimento tecnológico e a aceleração de projetos estratégicos. Ao contrário, na fobia privatizante paralisamos o país e mergulhamos em apagões de toda espécie. A prioridade era criar ambientes de negócios...
O Jornal Gazeta do Povo em sua edição de 23 de novembro de 2009 traz em seu caderno Tecnologia o artigo “exclusão digital – Os brasileiros que não estão no youtube”[i]. O texto, extremamente bem feito, merece ser lido com máxima atenção e colocado em discussão em todos os fóruns nacionalistas, preocupados com o futuro de país.
O IDEC[ii], citado nessa reportagem, coloca a questão:
Parte dos problemas é decorrente da falta de concorrência no setor, concentrado nas mãos de três grupos (Oi-BrT, Telefônica e Net). O Idec entende que para a efetiva universalização da banda larga é fundamental que o Estado assuma a responsabilidade neste processo, uma vez que a internet tem hoje evidente importância na vida cultural, social e econômica da sociedade. Diante da essencialidade do serviço, o Instituto defende que a banda larga seja prestada em regime público, como a telefonia fixa, o que garante que o governo possa impor regras e estabelecer preços.
A importância da Internet é tão grande que o então vice presidente dos EUA (1003-2001 - Presidente Bill Clinton), Algo Gore, década dos anos noventa, tinha como discurso a implantação de infovias e entendia a internet como sistema essencial à democracia e desenvolvimento dos povos. A internet evolui[iii], a Google estraçalha e nossa gente patina em lógicas e estruturas atrasadas.
Felizmente no Estado do Paraná temos um projeto que dará aos paranaenses uma condição diferente, o Projeto BEL[iv]. Através da COPEL, Companhia Paranaense de Energia, a internet em banda extra-larga será uma realidade onde os atuais clientes dessa concessionária, com três e meio milhões de contas de energia (ou seja, unidades conectadas abrangendo quase cem por cento do povo paranaense) quiserem e tiverem condições de aproveitar a tremenda malha (fibras óticas) que está sendo implantada.
Vale transcrever algumas informações do artigo da Gazeta do Povo:

· O Banco Mundial já avisou: cada vez que as conexões rápidas aumentam em 10%, o PIB de um país cresce 1,3%
· No Brasil, um plano de 1Mbps custa no mínimo US$ 25. Nos EUA, cada mega sai por US$ 3 e, no Japão, US$ 0,27
· Para o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o serviço de banda larga é “inacessível para boa parte dos brasileiros”. O assunto é tema de um relatório que será divulgado ainda neste mês. “O valor mais baixo encontrado para 1 Mbps foi R$ 49,90, mensalidade cobrada pela Brasil Telecom em Porto Alegre (RS) e Rio Branco (AC). Em Manaus, o Vivax, da Net, custa R$ 249,90”, diz o estudo
· o primeiro ministro inglês Gordon Brown, que anunciou um projeto para a expansão da banda larga para todos os ingleses. Depois, Finlândia e Itália foram mais longe e colocaram a banda larga como um “direito fundamental”.

Concluindo podemos e devemos aplaudir a COPEL (e o governo do Estado do Paraná). A nossa COPEL já está na dianteira de um processo que parece só agora ser motivo de atenção objetiva do governo federal.
O governo federal se prepara para lançar ainda neste mês o Pla­­no Nacional de Banda Larga, que pretende levar internet rápida a quase 80% dos municípios brasileiros. O plano prevê a expansão do acesso com planos, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, de até R$ 9,90. A meta é ex­­pandir o acesso domiciliar.
Vale, pois, pois, dizer, antes tarde do que nunca.

Cascaes
23.11.2009


[i] http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/tecnologia/conteudo.phtml?tl=1&id=947217&tit=Os-brasileiros-que-nao-estao-no-YouTubeA
[ii] http://www.idec.org.br/rev_idec_texto_impressa.asp?pagina=1&ordem=1&id=1117
[iii] http://cursomultimidia.blogspot.com/2009/05/nova-era-ou-nova-bolha.html
[iv] http://www.copel.com/hpcopel/telecom/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Ftelecom%2Fpagcopel2.nsf%2Fdocs%2F1AC4A4010374897303257537005E23E9O

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