Leis e decretos discutíveis



Problemas reais e imaginários


No Brasil sempre tivemos uma capacidade imensa de inventar problemas e desprezar os reais. Tudo o que tem acontecido, dos mensalões às catástrofes, mostra, não esquecendo a agiotagem patrocinada pelo Estado, a alienação dos nossos líderes em relação a questões concretas, reais, acidentais, circunstancia, naturais ou criminosas em torno da gente.

A corrupção, mãe de todas as sacanagens, continua intocável. Com certeza, lembrando que ela existe porque os grandes, médios e pequenos grupos econômicos sustentam políticos tirando dinheiro de sistemas de transporte, energia, saúde, juros exorbitantes e o jogo fictício da luta contra a inflação, educação, etc. entendemos sua durabilidade, resistência e onipresença. A ofensa ao povo chegou ao ponto de termos pessoas intocáveis ocupando cargos de alto nível, intocáveis exatamente porque fazem parte da corte do rei.

Obviamente, se vivemos sob governos construídos entre cuecas e meias, não podemos imaginar atos maravilhosos.

A democracia no Brasil surgiu gradualmente, mas sempre, em torno de grandes conveniências de aristocratas, latifundiários e teóricos. O povo, mantido na ignorância pela falta absoluta de escolas e contido em currais religiosos e econômicos não teve, com raras exceções, a possibilidade de pensar, criar e eleger lideranças saudáveis. Esse processo odioso continua, infelizmente. Temos bons políticos, mas são minoria, apesar de tantas lutas para encontrar gente melhor.

Os poderosos gostam, entretanto, de fazer de conta que são justos.

Agora vemos o Governo Federal criando crises desnecessárias, para quê? A instabilidade é péssima conselheira, assim, no ardor de discussões radicais muitas nações mergulharam em crises para emergirem em estados totalitários.

Temos problemas reais pedindo ações urgentes e permanentes.

É mais do que evidente a necessidade de aprimoramento do ensino do primeiro e segundo graus. O principal nível escolar é justamente o inicial, quando educamos e construímos cidadãos.

Precisamos de bons administradores, de comando sério e responsável. Vimos nas catástrofes desses últimos anos o resultado do desprezo pelas leis da Natureza, principalmente no exercício de péssima Engenharia, Urbanismo, Saneamento, e por aí afora.

Devemos centrar nossas discussões em torno da construção de um país em ambiente tropical, com cidades que crescem sem parar, pensando sempre na poluição, no agravamento das condições ambientais, no saneamento básico, drenagem, segurança...

Em 2009 descobrimos a fragilidade do nosso sistema de saúde, quando a gripe suína só não dizimou milhões de brasileiros porque era mais fraca do que imaginávamos. Sabemos, contudo, de gente próxima que não morreu por pouco e até, como é o nosso caso, o direito de contar que perdemos um amigo entre as pessoas atingidas por essa praga mexicana.

Podemos imaginar indicadores, existem diversos números que em cima de estatísticas mostram nossos problemas de forma flagrante. Estatísticas estão aí para, por exemplo, demonstrar o crescimento da violência. Em Curitiba o crime organizado já mata concorrentes e queima a casa de seus desafetos, logo estará espraiando essas técnicas de intimidação para além de suas disputas pelo espaço de vender drogas para mauricinhos e patricinhas.

Neste cenário ficamos pensando aonde o pessoal de Brasília quer chegar fazendo leis e decretos provocativos. Querem distrair o povo? Desviar a atenção dos mensaleiros? Ou, pior ainda, viabilizar crises e golpes contra a liberdade e a democracia?

Felizmente teremos eleições, será que escolheremos melhor?



Cascaes

9.1.2010

Comentários

  1. Meu caro amigo Cascaes:
    Concordo plenamente com sua colocação, até porque a subordinação de TUDO ao econômico é tão nociva quanto a subordinação de TUDO ao político - que é a solução que geralmente se apregoa.
    As razões técnicas, humanitárias, científicas, etc., também devem estabelecer limites aos poderes sociais, sejam de que ordem for.
    Um abraço.
    Francisco Pucci.

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