Interiorizar as capitais estaduais

Mudanças de capitais estaduais e racionalização


Em 1950 a cidade do Rio de Janeiro tinha dois milhões e meio de habitantes, São Paulo dois milhões e duzentos mil, aproximadamente. Em 2008 a cidade do Rio de Janeiro estava com pouco mais de seis milhões enquanto São Paulo (cidade) já mostrava algo em torno de onze milhões de pessoas, isso sem contar as cidades conurbadas.

Brasília foi inaugurada em 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, é a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro. A transferência dos principais órgãos da administração federal para a nova capital foi progressiva. O plano urbanístico da capital, conhecido como "Plano Piloto", foi elaborado pelo urbanista Lúcio Costa, arquiteto Oscar Niemeyer e outros. A transferência de nossa capital para o centro geográfico do Brasil viabilizou estradas, redistribuição da população, centros culturais e educacionais e tudo o mais que uma cidade com essa responsabilidade precisa ter.

Por quê não adotar solução idêntica para os estados?

Falamos de poluição, engarrafamentos, violência, qualidade de vida e custos criados nessas condições. Os engarrafamentos em São Paulo tiram bilhões de reais, todo ano, do bolso dos paulistanos além de deixarem o povo numa condição de vida deplorável. Tudo isso justifica investimentos colossais que já estão atrasados, condenando o povo local a décadas de suplícios enquanto as linhas de metrô, aterros, elevados, viadutos etc. não chegarem a um ponto necessário e suficiente aos paulistanos.

A cidade do Rio de Janeiro desacelerou seu crescimento, isso pode ser explicado de diversas formas, entre as razões para essa situação está, sem dúvida, a transferência da capital do Brasil para o interior. Brasília salvou o Rio de Janeiro de um caos hediondo e sua construção com padrões urbanísticos especiais fez de nossa capital referência mundial de arquitetura e urbanismo.

Observando Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis ficamos imaginando quanto o Planeta, o Brasil, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul lucrariam se as capitais se deslocassem para o interior, região central, escolhida cuidadosamente para conter a sede do governo estadual dessas unidades.

Podemos pensar em muitas soluções, entre elas, talvez a mais importante, com certeza, é a reeducação de nosso povo com forte orientação para o planejamento responsável de suas famílias e profissionalização universal, dando a todo cidadão e cidadã capacidade de trabalhar e não simplesmente mendigar bolsas e favores.

Mudar as capitais, contudo, nesse momento de euforia esportiva quando sonhamos com Copa do Mundo e Olimpíadas, acreditando que os investimentos gigantescos previstos compensarão, talvez seja uma opção razoável de redistribuição da população brasileira e a possibilidade de se minimizar ou reverter a transformação de megalópoles em monstrópoles assustadoras.

Se alguém duvida da saturação das cidades, mais ainda quando vemos interesses imobiliários encontrando até dispositivos legais para burlar lógicas racionais de ocupação de espaços (solo criado, por exemplo) é só ver os engarrafamentos crescentes e a violência cada vez maior em nossas cidades.

Mudar as capitais para o interior significará esforços de planejamento, engenharia, urbanismo, sociologia, etc. que gerarão milhões de empregos e a contribuição para desacelerar cidades que precisam ser contidas, sob pena de concentrarmos gente demais em espaços já poluídos, saturados. O aspecto positivo será criar pólos de desenvolvimento em regiões que podem e devem receber nosso povo.



Cascaes

1.2.2010

Comentários

  1. Caro Cascaes,
    Talvez, se nao com cereteza, tenha sido o esvaziamento da cenralidade que o Rio de Janeiro possuia, uma das se nao a principal causa da situaçao atual da cidade maravilhosa, ter degenerado tanto.
    Cidades, sao um processo de planejamento, mas sobre tudo de espontaneidade. Nao me parece uma boa idéia a criaçao de cidades e muito menos a transferencia das capitais. Acho até que se a nossa capital houvesse seguido sendo em Paranaguá, haveria sido melhor nao somente para Curitiba, como também para esta.
    abraços,

    rg

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