Anel viário e o pedestre





O Anel Viário e técnicas adequadas


As notícias da ampliação do Anel Viário de Curitiba assim como as estatísticas de acidentes e atropelamentos na RMC fazem-nos refletir sobre as técnicas de projeto de nossos urbanistas e engenheiros civis.
Um trabalho difícil, o Fórum sobre Acessibilidade do CREA – PR e o time da Sociedad Peatonal que o digam, mas que pode salvar inúmeras vidas e evitar lesões permanentes em muitas outras, é convencer nossas autoridades e técnicos subordinados a elas a não programarem projetos que ignorem as necessidades de mobilidade com segurança do cidadão comum, do PcD, do idoso, das crianças, enfim, de uma população dividida em classes sociais onde uma boa parte depende do transporte coletivo, de caminhar ou usar a sua bicicleta e a outra desconhece as dificuldades de quem usa o transporte coletivo urbano, por exemplo.
O ambiente em nossas cidades é simplesmente agressivo ao pedestre. Com raras exceções, em geral caminhamos em pistas de obstáculos e até em calçadas decoradas ou históricas, dificilmente, contudo, sentiremos conforto e segurança andando pelas cidades e seus bairros.
Leis não faltam, carecemos, isso sim, de padrões consensados e exeqüíveis. Ou seja, pura Engenharia, Sociologia, Medicina e Arquitetura mais a eterna lógica “custo x benefícios”. Pior ainda, apesar de tudo isso tem sido preciso muita ação de lideranças diversas para que as reformas das Avemidas Marechal Deodoro e Floriano, por exemplo, tivessem padrões melhores, ainda distantes do aceitável.
Visitando os bairros mais pobres vemos situações assustadoras. Centenas de crianças andando pelas ruas quando as aulas terminam, motoristas sem controle, pontes com pouca ou nenhuma proteção ao pedestre, ruas de anti pó dispensadas de passeios etc.
Por mais desagradável que seja para nossas autoridades, sempre ansiosas por inaugurações, devemos cobrar qualidade e segurança.
Obra feita fica, depois, muito mais difícil e caro corrigir erros de projeto e execução.
Não é difícil entender porque chegamos nessa situação. No meio da crise detonada pelas dívidas da década de setenta do século passado, tornou-se imperioso fazer tudo pelo mínimo absoluto de custo, gerar empregos criando-se padrões de mão de obra intensiva, usar pedras quebradas, cortadas, polidas e reduzir exigências que aumentassem outros custos. Na energia elétrica os postes não puderam ser substituídos pelas redes subterrâneas e sob as calçadas as redes de água (suja ou limpa) eram feitas sem muitos cuidados. Árvores mal escolhidas completaram o quadro que agora infernizam as cidades.
Precisamos recuperar o bom urbanismo, o respeito à excelência na Engenharia e Arquitetura, atenção aos comportamentos humanos e suas necessidades.
Obviamente muito mais é preciso para a vida urbana no século 21. Educação acima de tudo, de que jeito se dermos maus exemplos?
O Anel Viário de Curitiba deve ser mais um projeto de análise do CREA, IEP, SENGE, IAB, ONGs etc. antes que seja tarde. Aprendemos muitos nesses últimos anos, não devemos desperdiçar o que sabemos.

Cascaes
13.4.2010

Cascaes
13.4.2010

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