Curitiba Século 21

Ousadia e atenção ao que se pretende nesse início de século 21, pleno de novidades e restrições, justificam atitudes mais corajosas do que simplesmente ajustar a capital ao espetáculo comandado pela FIFA.

Tivemos o Plano Agache, precedido e sucedido por outros[i] que fizeram da cidade uma referência. A multiplicidade de projetos foi o sinal de tempos que mudaram ao longo da história, exigindo sempre mais dos urbanistas. Aliás, de Alfredo Agache temos fatos interessantes no Rio de Janeiro, descritos no último capítulo do livro (História da Cidadania) onde também descobrimos que grandes especialistas podem errar.

Nosso desafio agora é transformar a cidade para o que estatutos sociais e lógicas de sustentabilidade determinam, além, é claro, da realização de obras inadiáveis, pois a Copa do Mundo em 2014 não dá tempo para vacilações.

Teremos desafios, que poderão ser reduzidos se a capital do Estado for transferida para o interior, se quiserem diminuir a demanda por água potável e reduzir a destruição da Mata Atlântica, além de postergarem investimentos enormes em infraestrutura, afinal Curitiba deverá crescer muito com ou sem a função de capital política do Estado do Paraná.

Devemos, pois, pensar em energia elétrica, saneamento básico, mobilidade, acessibilidade, segurança, infraestrutura educacional, de saúde, Defesa Civil etc. sem deixar que a cidade se transforme numa monstrópolis. Para isso será fundamental uma discussão precisa, ampla, inteligente, objetiva e competente com as concessionárias de serviços públicos, sem esquecer as cidades conurbadas, fisicamente integrantes da capital, ainda que administrativamente separadas. Obviamente se o Estado for capaz de criar outros pólos de atração de migrantes minimizará o pesadelo de construir uma cidade eficaz em termos de sustentabilidade real.

Vemos propostas ousadas para a Copa do Mundo, é compreensível, na lógica do “pão e circo” seria loucura política não fazer espetáculo, mais ainda diante dos interesses comerciais das nossas emissoras de TV, as grandes beneficiárias dessa neurose pseudo esportiva.

Nosso prefeito Luciano Ducci poderia inovar promovendo concursos internacionais para apresentação de anteprojetos para Curitiba, no mínimo teria contribuições valiosas para o planejamento, engessado na estrutura da Prefeitura, precisando de oxigenação. Todos sairiam ganhando com esse desafio, os técnicos da PMC, que assim participariam de um processo histórico, e a cidade que ganharia a convicção de ter feito o melhor possível.

Obviamente essa não poderia ser uma concorrência com prazos exíguos, com intervalos mínimos para análise e apresentação de propostas.

De qualquer forma do PAC sobrou muito pouco para nós, desprezaram Curitiba. Sem muito dinheiro, o mais barato será projetar melhor a cidade, inclusive seu precioso metrô, imaginado para substituir um sistema que poderia ser maravilhosamente complementado pelas linhas sob trincheira ou profundas, sem desmonte do que existe.

Curitiba tem tudo para vir a ser fantástica, tudo depende de nossas autoridades.
A dúvida e as perguntas ficam a cargo dos amigos.

Cascaes
27.5.2010

Bibliografia



Jaime Pinsky, C. B. (2008). História da Cidadania. São Paulo: Editora Contexto.

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[i] http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0Q8MBHAEjesJ:www.curitiba-parana.net/urbanismo.htm+planos+de+Curitiba+%22urbanismo%22&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Comentários

  1. Meu amigo Cascaes:
    O resultado da votação já responde ao seu excelente artigo. Há uma descrença pública em relação ao interesse dos políticos na "res publica", que apenas interessa quando se torna "res" privada. O resto vai pela própria!
    Um abraço fraterno.
    Francisco Pucci

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  2. João Carlos Cascaes7 de junho de 2010 às 01:32

    Infelizmente o escândalo da ALEP demonstra isso...

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