Podemos muito e não fazemos nada

Algo intrigante é o medo da morte, a compulsão rezadeira, a bajulação permanente a um Ser Superior e a preguiça de fazer aquilo que dizemos acreditar.
Sociólogos honestos, filósofos, estudiosos sobre o ser humano têm um campo gigantesco de análises e pesquisas, simplesmente mal explorado.
Alguns pensadores, místicos ou materialistas, procuraram entender e formatar mensagens, credos e ciências. Os resultados foram medíocres. Religiões se transformaram em empresas e propostas de amor ao próximo perderam-se em fogueiras e apedrejamentos.
Agradar aos poderosos sempre foi a tônica daqueles que não são “macho alfa”, “fêmea dominante” etc. Para galgar as escadas do poder alguns sacrificam seus ideais, outros simplesmente nem sabem o que é isso.
Lendo o livro “Introdução à Filosofia” de Martin Heidegger, tradução de Marco Antonio Casanova (os tradutores são importantíssimos) vi, ou melhor, li o que esse filósofo cheio de contradições escreveu sobre o que é ciência. Realmente, perdemos até sensibilidade da ciência do viver, do estar aí, aqui.
A humanidade se deixa assustar pela natureza e por ela mesma. E daí? Aí, aqui ou daí continuamos inermes, lentos, sem propostas reais, eficazes. Quando alguma coisa dá certo, ainda que de forma discutível, ganhamos mais um Deus, como agora falam de boca cheia os economistas, o famoso “Deus Mercado”.
Se algo tem valor no corpo humano é o seu cérebro. Ainda pode ser pequeno, subdesenvolvido, mas ao longo dos tempos evoluiu. Outra coisa que precisamos lembrar é a programação desse computador. Fazendo uma analogia, levaríamos séculos para esgotar a capacidade de nossos laptops se simplesmente desenvolvêssemos softwares, chegando algum dia, quem sabe, ao limite da exploração dessa ferramenta genial, pequeníssima, se comparada com o nosso cérebro ainda incipiente, mas já capaz de muita coisa. Podemos dizer pequeno, pois se ao longo de milênios acrescentamos à caixa craniana volume e lingüiças de neurônios, podemos acreditar que nossos descendentes, se existirem, talvez venham a ter uma inteligência (mais neurônios) e programações muito superiores.
Temos esperanças, e muitas! No Paraná, registrando com satisfação, muitos conseguiram criar e produzir projetos especiais. Agora, por exemplo, a equipe “Lego Robótica CONECTADOS” (Escola Municipal Cel. Durival Britto e Silva, Diretora Anaí da Luz Rodrigues Santos, fones: 33662989 / 84111778) só precisa da doação de um notebook para completar os apoios que teve para participar de um concurso de robótica em São Paulo. Não está fácil ter resposta a esse pedido. De qualquer forma, é uma honra saber que temos equipes de estudantes e profissionais competentes. Algo que confirmamos em Bogotá, onde nos contaram da importância dos paranaenses na criação e implementação do Milenium, sistema de transporte coletivo urbano daquela cidade assim como falaram com muito respeito da Petrobras e da Cia. Vale do Rio Doce.
Ou seja, temos brasileiros inteligentes, só precisam de oportunidades. Podemos, também, imaginar onde estaríamos se para pesquisa e desenvolvimento existisse tanto entusiasmo quanto vemos para o futebol, um tremendo negócio de alguns. Para acolher mercenários desse “esporte” e mochileiros (do jeito que está o cenário mundial) e cartolas criamos isenções de impostos, relaxamos estratégias de planejamento urbano, aceitamos mordomias incríveis e o governo federal até liberou municípios a extrapolarem suas dívidas... mas dá voto!
Enquanto nossos jovens cientistas e engenheiros, urbanistas, médicos etc. precisarem de tanto esforço para mostrarem seus talentos só poderemos ter certeza de que nossos empreendedores serão frustrados e futuros cientistas irão trabalhar para multinacionais (patrioticamente, talvez, para a Petrobras e similares) ou simplesmente mudar de país, quem sabe fazendo projetos na Colômbia.

Cascaes
7.11.2010

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