Para não esquecer as condições do transporte coletivo




Os acidentes envolvendo ônibus urbanos, dia 9 de junho de 2011, em São Paulo e no Paraná, ilustram o que pode ser a falta de treinamento e as más condições de trabalho dos motoristas de ônibus, normalmente as primeiras vítimas desses acidentes. Com certeza os inquéritos poderão apontar outras razões, mas, lamentavelmente, quando isso acontece terminamos em simplismos aparentemente oportunistas.
O transporte coletivo urbano e o crescimento das cidades, a dispersão entre trabalhadores e locais de trabalho, a necessidade de deslocamentos enormes, tudo contribui para a degradação da vida do ser urbano. A propriedade de imóveis, que crescem de valor com o padrão de desenvolvimento de nossas metrópoles, coloca no transporte das pessoas o desafio de tempos e distâncias de deslocamento crescentes. Talvez seja algo inevitável, não pela ausência de teorias urbanísticas, mas por efeito de nossa índole, sempre dominada pelos desejos pessoais, naturalmente mais fortes que os sociais.
Em 10 de junho temos o primeiro aniversário do acidente na Praça Tiradentes. É um dia de triste lembrança, mas já tivemos, na RMC, acidentes piores. O espraiamento da cidade, envolvendo rodovias, criou situações perigosas e na nossa memória temos a lembrança de casos mais graves nessa região.
Com certeza todos estão sujeitos a acidentes, contágios, assaltos, assassinatos etc. Podemos qualificar muitos casos como atos de fatalidade, outros atribuir culpa a esse ou aquele governo. Isso é parte do existir, de viver; um dia a vida muda drasticamente ou acaba de um jeito ou de outro.
Nossa inteligência, contudo, exige planejamento, propostas, projetos, remédios, paliativos, que sejam.
Durante décadas aceitamos soluções improvisadas, afinal não tínhamos dinheiro.
Agora, exportando muito com a perspectiva de poder vender mais lá fora, com portos ajustados à exportação e importação, Mercosul e outras coisas, querendo se construir pontes e estradas entre vizinhos latino-americanos, se o Governo Federal quiser poderá disparar diversos instrumentos de contenção da inflação, sobrando meio orçamento da União para investimentos e serviços que precisamos com urgência.
Assim, a inflação, combatê-la simplesmente aumentando os juros, é um pesadelo contornável e com soluções alternativas desejáveis.
Por quê, portanto, a insistência em gastar tanto a favor de banqueiros e aplicadores em empréstimos ao Governo Federal? O que leva a essa teimosia?
É bonito fazer leis e passeatas a favor de catadores de lixo, será essa a proposta de futuro para o povo mais humilde das cidades?
O dia 10 de junho de 2011 foi precedido por uma série de atos discutíveis e acidentes emblemáticos.
Até quando teremos, nos próximos anos, situações semelhantes?

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