O Pão nosso de cada dia


 
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Sent: Wednesday, August 10, 2011 10:41 AM
Subject: O pão nosso de cada dia!!!


 Artigo: O  Pão nosso de cada dia

          Antonio Schuck - Consultor         

1                                           Introdução

A empresa é formada por processos, estrutura, métodos e procedimentos. É também formada por produtos, clientes e mercados. E é ainda formada por sentimentos e emoções. O intercâmbio energético disso tudo forma a empresa plena.

Uma empresa plena é formada por uma tríade corpo/mente/alma. Ou, em outras palavras, execução, idéias e pessoas. Se um desses três elementos for preponderante aos outros, haverá problemas.

Há além das empresas plenas três tipos básicos de companhias:

A "empresa objeto" formaliza apenas o corpo, dando pouca ênfase à mente e à alma. Ou seja, o que conta são os números, a produção por funcionário, o lucro imediato, as vendas do mês. Normalmente a rotatividade é alta, a satisfação é baixa e a empresa depende de estratégias extremamente agressiva de vendas externamente, e, internamente os pilares da filosofia gerencial são corte de custos e autoridade incontestada, aliada a uma gestão de pessoal rígida e hierárquica.

A "empresa inteligente" focaliza apenas a mente. É um ninho de grandes e brilhantes idéias - que quase nunca dão certo. Há milhares de projetos diferentes, inovadores, criativos, todos eles capazes de revolucionar o mercado. Mas a sensação que se tem é de que todas as grandes idéias caem na vala comum do fracasso do mês. Não há continuidade, há uma dolorosa convergência entre os departamentos, as duplicações e atuações em paralelo são comuns. O resultado é frustração e uma elevada rotatividade , além de uma margem de lucro ruim.

A "empresa sensível" valoriza as emoções. Ou seja, as pessoas. Tudo bem com isso, mas não quando os fatores são frequentemente menosprezados. O que importa é que as pessoas "se sintam bem". Daí a uma atitude paternalista, que faz com que as pessoas se infantilizem e passem a depender eternamente das decisões da direção, sem ter iniciativa própria. A insatisfação vem de parte a parte: os funcionários se comportam as vezes como crianças mimadas e a direção fica horrorizada com esse bando de chorões que ali trabalham. Algum desses quadros parece familiar? Com certeza sim: o diagnóstico desses quadros é o ponto de partida para a empresa integral, que una o corpo(procedimentos, regulamentos e normas ), a mente da inovação ( projetos, produtos e processos  ) e a alma das emoções, mantendo em nível elevado as relações interpessoais.

Na realidade,  empresa é uma ficção jurídica; quem a faz funcionar são pessoas que a empreende.

Produzir significa criar artigos e serviços para os quais existe uma necessidade expressa em forma de procura. Literalmente, manufaturar quer dizer fazer algo à mão.

Nosso sistema moderno de organização emergiu de séculos de tentativas, acertos e erros na produção. Neste sistema, a satisfação do consumidor é procurada e obtida cuidando dos interesses particulares de proprietários e trabalhadores.

Podemos definir a produção como um fluxo orientado, organizado, devendo ser gerido e tendo como componentes essenciais o fluxo físico ( que diz respeito aos recursos ) e o fluxo informacional. Este último deve governar o fluxo físico de maneira a minimizar a utilização do recurso financeiro. Para isto, conta com dois indicadores:

A relação duração entre encomenda e entrega/duração teórica do ciclo de produção, que deve representar a eficiência global do sistema de produção e de sua administração.

A relação duração real/teórica do ciclo de fabricação que, por sua vez, representa os problemas ligados à organização da fabricação no que diz respeito aos gargalos e eventuais perturbações.

2                                           O Pão nosso de cada dia


Certa vez, ao visitarmos uma panificadora, paramos diante de um empregado e perguntamos o que estava fazendo. O trabalhador respondeu: estou misturando massa. Continuamos nosso passeio - e fizemos a mesma pergunta a um segundo empregado ( a fazer a mesma coisa que o primeiro ) - e tivemos como resposta: Estou produzindo pães para serem consumidos pelos clientes.

Por que as pessoas pensam de maneiras diferentes? A história acima nos ajuda a entender um pouco esta questão. Aquele operário que está apenas manejando a massa não observou nada em relação ao que o rodeia, realiza a tarefa maquinalmente e, para seu suplício, isto vai se repetir dia após dia.

Já no segundo trabalhador, sua  mente vê,  com clareza, os pães alimentando famílias, postados na mesa e antevê os elogios que o produto receberá por sua qualidade e por seus nutrientes. Com esta imagem precisa, certamente suas forças e seu interesse se multiplicarão. Terá imenso cuidado e incontida alegria a cada pão produzido; parará - por vezes - para verificar com admiração e orgulho o seu trabalho já realizado e para imaginá-lo já concluída cada fornada. Nada será capaz de tirá-lo ou desviá-lo de seu objetivo. Suportará e vencerá obstáculos.

E por quê? Porque ele conhece todo o funcionamento da produção de pães, que se traduz em um objetivo, em uma razão fortíssima para estar ali, com os demais. Produzindo pães, fornada após fornada - mas - diferentemente dos demais - ele persegue um resultado; o pão pronto, servido nas mais diversas mesas, cheio de pessoas se alimentando, em suma, o operário tem uma visão dos processos.

Ele sabe de onde vem os insumos;  a água, o fermento, a farinha, o sal, os equipamentos, os recursos humanos e financeiros e a energia. E como transformar isso em produtos - manejo da mistura, descanso, corte, fôrma, assar, separar, embalar e colocar nos recipientes. E para onde vai; vender, entregar, ser consumido. Sabe também, quais são as mais diversas formas de ser produzido; pão de água , pão francês, pão de leite, pão de manteiga, pão integral, pão de fibras. Se serão embalados inteiros ou fatiados. Qual será o seu peso, cinquenta gramas, quinhentos gramas etc. Quantas pessoas estarão envolvidas no processo. Qual o custo e o preço de venda por unidade e finalmente quanto vai ganhar pelo que produzir.

2.1                                    O RH e o pão nosso de cada dia

Portanto, ao executarmos nossas atividades normais, estaremos atentos às oportunidades e ameaças que surgem diariamente, oferecendo nossa contribuição para a melhoria dos fluxos, redução de trajetos, economia de escala, enfim oferecendo nossa contribuição para o grande objetivo que é a maximização de resultados com redução de custos.

Sempre que possível e necessário, daremos e pediremos ajuda aos colegas, porque o que conta, no fundo, é o grande objetivo de todos e da empresa ou seja produzir eficazmente.

Todos os empregados precisam conhecer bem os produtos que a Secretaria oferece aos seus clientes. Todo o produto tem suas qualidades e vantagens, bem como seus defeitos e desvantagens. Também os produtos oferecem à Secretaria uma margem de contribuição diferenciada.

Em relação à Superintendência de Recursos Humanos  é fundamental que haja clareza quanto ao que é e o que não é  produto, para que não venhamos a entregar gato por lebre ao cliente.

Devemos ter completo domínio técnico sobre os produtos que oferecemos aos clientes, tais como; rentabilidade passada, índices praticados pelo mercado, otimização de fluxos, em suma acreditar no que  estamos vendendo!

3                                           Conclusão


Imagine alguém planejando a produção de pães – o que vem à mente é a imagem de um processo bem organizado.

Agora, imagine alguém produzindo um pão – surge a imagem completamente diferente, tão distinta de planejamento quanto trabalho manual difere do trabalho mecanizado.

Nossa tese é simples: a imagem de uma produção manual é a que melhor representa o processo de elaboração de um fluxo eficaz.

Então, qual é o desafio: Conhecer as capacidades da organização o suficiente para pensar profundamente sobre a prestação do melhor serviço e os modos de se adquirir os insumos, sua manufatura e entrega ao consumidor final.  Saber exatamente o que funcionou e o que não funcionou no passado. Ter conhecimento íntimo do trabalho, de suas capacidades e seu mercado. Podem ser formulados fluxos de forma a se obter eficiência de produção e lucratividade, com um bom índice de aceitação por parte do consumidor final. Uma variação pode emergir como resposta a uma situação em evolução ou pode ser introduzida deliberadamente, através de um processo de formulação seguido de implementação.

Podemos traçar um caminho antevendo a situação futura da empresa, bem como oferecer condições para que possa alterar o seu rumo em função das adversidades internas e externas, fazendo com que consiga alcançar os objetivos predeterminados com mais segurança.

A utilização correta dos processos reside unicamente na capacitação de todos na empresa. Alguns estarão condenados a manejar massa para fazer pães nos próximos trinta anos, até que a aposentadoria venha tirá-lo da frustrante e desgastante vida profissional. Isso caso uma "pontezinha" de safena não o libere antes. Outros ao contrário, poderão produzir pães para vendê-los ao consumidor. A diferença está em como é encarada as atividades e o foco na direção do "negócio" da empresa. Esta visão determina as ações que serão desenvolvidas e darão um significado bem mais abrangente, desafiador e gratificante para os envolvidos.

Como se faz isso? Conscientizando-se ( e em conseqüência agindo em conformidade ), de que estamos em um "negócio", qual seja, a otimização de todos os recursos ( materiais, humanos e financeiros ) e que para que consigamos obter um resultado de acordo com todas as expectativas é necessário que tudo isso flua adequadamente através da utilização racional junto às pessoas.

Os clientes buscam produtos, que através do atendimento adequado, são produzidos e entregues para atender as suas necessidades. Que clientes são diferentes, portanto - devemos e podemos dar um atendimento a todos - porém oferecendo atenção especial àquele que vem comprar todo dia e que mais nos ajuda no nosso "negócio". E que, é possível dar ótimo atendimento com custos menores, simplesmente fazendo fluir adequadamente todos os processos.

Portanto, se quisermos ter sucesso pessoal e profissional, melhoremos nossos fluxos pessoais. Estabeleçamos nossa visão e acreditemos em nossos princípios e deles surgirão ações voltadas para resultados. E resultados constituem a exteriorização de nossa vitória.

Saibamos por fim, que, caso nossa opção seja pelo sucesso, nós não estamos sozinhos. A empresa e a humanidade estão sintonizados com esta filosofia e estes princípios, dispostos, por consequência, a dar todo o apoio a quem queira ser apoiado.

Enfim, façamos nossa opção. Comer o pão que o diabo amassou, ou produzir utilizando os mais modernos conceitos!

* Adaptado de Artigo enviado ao Mestrado em Logística Empresarial - UFSC - 1999

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