Voar no céu azul do meu País é seguro

----- Original Message -----
From: Paulo Lamego
To: aplionsclubes@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, August 13, 2011 8:39 PM
Subject: En: [aplionsclubes] NOTA OFICIAL DO COMANDO DA AERONÁUTICA.





CCLL, PAZ e LUZ!...
Voar no céu azul do meu País é seguro.
Poucas vezes ví contestação tão tecnica, bem
elaborada,
citando todos os órgãos ligados ao assunto, contrariando os que
querem sempre denegrir. Se todas as notícias "espalhafatosas"
fossem assim contestadas. ......

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Nota Oficial - Esclarecimentos sobre reportagem do Fantástico exibida
em 07/08/2011

O Comando da Aeronáutica repudia veementemente o teor da reportagem do
jornalista Valmir Salaro, levada ao ar no Fantástico deste domingo,
sete de agosto, e no Bom Dia Brasil desta segunda-feira, oito de
agosto.

A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias
infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que
voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios
editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de
Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora
como sendo atributos da informação de qualidade.

O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação
geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação
e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria
trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem
as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a
uma percepção errada.

O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de
Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação
perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande
cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem
tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os
passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo
diferenciados, além de rotas distintas.

Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu
voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves
em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser
de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda,
avisos sobre outros voos em áreas próximas.

Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o
contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto.
Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os
demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo
para as aeronaves envolvidas.

A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o
serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias
frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações
Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24
horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS
(Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem
continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente
atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes
em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como,
aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos
da Pampulha e de Confins.

Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os
pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do
voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos,
por telefone ou até pela internet.

Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente
informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a
uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um
traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.

A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo
diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo
realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em
regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais
regulares.

Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e
GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar
sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170
radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita
uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa
forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a
informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos
fatos.

No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou
a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na
matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas
em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos
de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo
por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando
a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande
massa de usuários.

A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance
System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato
do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma
aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma
área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical
(raio).

Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa
sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos
paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em
ambiente tridimensional.

A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por
sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda
ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por
exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as
trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições
impostas pelo controlador.

Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para
apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de
segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal
técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na
reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência
de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da
cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da
normalidade com foco na busca da segurança.

A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e
melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política
do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os
passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e
acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.

Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da
informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100
controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são
mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo,
entre controladores e especialistas em comunicação, operação de
estações, meteorologia e informações aeronáuticas.

Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o
Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego
aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300
profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação
do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em
São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia
100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por
ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.

Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de
controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem
parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão
de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de
tráfego aéreo exerce atividades para as quais não esteja plenamente
capacitado.

A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do
Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos
26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país
entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição,
com 0,9%. O documento está disponível no link:
http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/PANORAMA_2000_2009.pdf

A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos
pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3
bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante
também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado
de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de
Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que
representou um salto tecnológico na interface dos controladores de
tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas
funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por
parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o
trabalho de seus usuários.

Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria
realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization
(ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas,
com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle
do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo
com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos
operacionais e de segurança.

Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem,
a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a
motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo,
apresentado como um importante dirigente de uma associação de
controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte
aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas
acusações na Justiça Militar.

O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de
tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força
Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela
Justiça Eleitoral.

Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do
controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar,
no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a
aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006,
cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da
Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência
e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em
voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência
que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance,
impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.

Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a
equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de
tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a
evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.

Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que
voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de
Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e
que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume
de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No
entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego
aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e
desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.

Brasília, 9 de agosto de 2011.
Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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