A indústria do crime


Criminalizar é uma forma de escravizar e produzir a baixo custo. Não temos leis internacionais severas contra o trabalho escravo, quando camuflado em presídios. Sabemos que existe, mas não deixamos de comprar produtos desses países, independentemente da forma como foram tratados os trabalhadores.
O direito trabalhista regrediu. O mercado venceu.
Os seres humanos são criativos quando desejam explorar o próximo.
Fazer leis, formar polícias, tribunais e presídios são uma tremenda indústria que se completa no cinema e nos sistemas de comunicação na valorização da violência e instintos naturais a extremos impressionantes, como podemos ver nos programas de TV que gastam milhares de horas mostrando filmes dessa espécie.
Milhões de jovens apodrecem em prisões que, perfeição, em alguns lugares foram privatizadas, transformando-se em mais um negócio.
Temos a contradição do culto à contracultura e a punição severa a quem não resistir às tentações criadas artificialmente.
Nações poderosas adotaram como princípio de que todos são iguais, literalmente. Ignorância ou oportunismo de quem pode explorar esses filões comerciais?
O crime existe a partir da lei. Legisladores criam criminosos no momento que aprovam leis restringindo liberdades. Naturalmente muita coisa é realmente prejudicial e, infelizmente, passível de restrição e punição. Nada mais justo que estados formados por pessoas lúcidas e responsáveis protejam seus cidadãos de influências negativas, afinal não existem duas pessoas iguais. Hormônios, neurônios, sensores, softwares e lesões, tudo isso com músculos e ossos, variando a quantidade, qualidade, oportunidade (estímulos) etc. somam-se para determinar nosso comportamento.
Em relação à criminalidade temos algo semelhante ao discurso da sustentabilidade, fala-se abobrinhas e ignora-se situações reais de agressão.
Se procurarmos descobriremos sempre o endeusamento do capital, do dinheiro e da riqueza. Qualquer canalha vira respeitável se, escapando de leis que esteja burlando e tiver dinheiro para gastar e impressionar seus pares souber aparecer bem, Al Capone era mestre no assunto.
O que assusta, contudo, é ver tanta gente marginalizada por pequenos delitos ou crimes até apavorantes, mas provocados acintosamente pela mídia e/ou leis mal feitas.
A censura é um problema. Existe quando se trata de denunciar os interesses dos poderosos. Eles sabem como silenciar quem atinge suas conveniências. Alguns mais espertos montam redes de convencimento popular, tornam-se heróis midiáticos. Sobra, para qualquer cidadão, descobrir um jeito de aderir às máfias ou simplesmente passar despercebido, afinal a mediocridade é uma excelente maneira de não se enxergar o óbvio e sobreviver sem grandes problemas.
É triste, contudo, saber, quando visitamos uma escola fundamental de algum bairro pobre, que parte daquelas crianças mal atingirá a puberdade, serão traficantes, bandidas etc. simplesmente inúteis e perigosas por efeito de origens e cenários perversos.
Temos campanhas contra a criminalidade. Ótimo.
Essas campanhas entram no mérito, nas causas, nas soluções que a sociedade poderia adotar para evitar tantos problemas? É até interessante perguntar aos amigos se leram esse ou aquele livro que trata de forma séria o banditismo. Raramente alguém saberá dizer algo além dos chavões populares.
Precisamos de policiamento, infelizmente. Chegamos a uma situação de insegurança colossal. Por quê?
Tantas universidades, doutores, especialistas e autoridades parecem incapazes de fazer coisas elementares. Seria por medo?
Provavelmente o instinto de sobrevivência seja a principal resposta. A insegurança faz a gente ver fantasmas e temê-los...
É até válido lembrar filmes antigos que mostravam seres extraterrestres entre nós, que desapareciam quando morriam. Teríamos ETs no Brasil? A realidade mais do que concreta é o mercado bilionário do crime e da defesa do cidadão contra os bandidos, extremamente tentador a empreendedores inescrupulosos e alguns preocupados com a nossa segurança.

Cascaes
20.9.2011

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