O perigo das barreiras comerciais

Desglobalização urgente
A loucura belicista que agora impera no Oriente Médio e noutras plagas tradicionais , diante do comportamento dos donos do Irã, principalmente, impõe uma avaliação da interdependência mundial, que vai muito além do petróleo. É uma situação de risco principalmente para famílias pobres e classe média, que não podem se deslocar pelo mundo em jatos particulares e mudar de residência em poucos dias.
Negando sempre o Irã se prepara para uma guerra que será especialmente destrutiva, afetando muitos países e talvez criando regiões inabitáveis durante séculos. Usinas nucleares são mais perigosas que bombas atômicas se explodirem em operação. Desde a hipotética Síndrome da China até a explosão pura e simples como aconteceu no Japão, onde os ventos levaram a radioatividade para o Oceano Pacífico, tudo é possível com instalações desse tipo e que já mostraram quanto podem ser letais instantaneamente e durante muito tempo. São as bombas atômicas sujas residentes, com endereço e dimensão definidos e, paradoxalmente, é o programa iraniano para produção de eletricidade e outras coisas.
O estranho entre os líderes alucinados é a teoria da vingança: “o Ocidente se arrependerá”, “os infiéis serão massacrados”, e eles vão para o Paraíso que Domênico de Masi descreveu jocosamente em seus livros?
Falamos em desglobalização, por quê?
As retaliações por motivos ideológicos e fanatismo político poderão acontecer com a criação de barreiras comerciais extremamente complexas. Estamos dependendo tremendamente de nações do outro lado do mundo. Cada equipamento usado por aqui, com raras exceções tem parte ou tudo feito a milhares de quilômetros, assim como matamos a fome de gente distante. E então?
Infelizmente o comércio e a tecnologia crescem desproporcionalmente à inteligência e comportamento dos seres humanos. Cada geração começa tudo de novo. Nossas experiências se perdem ao longo do tempo. O problema é que poderemos, agora, exercitar guerras diferentes, de armas modernas a micróbios estranhos. Para quem vai para o céu matando infiéis, esse não é o problema enquanto que elites bilionárias devem saber onde e como se proteger. O resto, bem, o resto é mercado e rebanho.
Calendário maia e outros falam com insistência em fim dos tempos. Com ou sem misticismo, analisando simplesmente o que acontece, podemos acreditar em riscos elevados. Até a Guerra das Malvinas entrou em cartaz, ou seja, repete-se o velho esquema de inventar inimigos externos para unir povos em crise.
É difícil imaginar uma fórmula de educação sadia entre nações. Censuras, atavismos políticos e religiosos, a glorificação de guerreiros e a valorização de carnificinas acontecem em todos os lugares. Para quê?
Sempre alguns ganham muito dispondo de canhões e suas buchas.
A sensação que temos é a da inevitabilidade dos conflitos. É até interessante ler livros como o (Humano, Demasiado Humano) que no século 18 mostra um Nietzsche que tinha grandes esperanças na educação e apesar das fragilidades desse animal eventualmente racional. Outros, de nossa própria história brasileira, um bom exemplo é (Vozes da Legalidade, 2011), relembram momentos em que quase mergulhamos em guerra civil, de consequências imprevisíveis.
Guerras internas ou entre nações podem gerar crises monumentais.
Qual, quando e como será a próxima?
Estamos preparados?

Cascaes
4.2.2011
Nietzsche, F. (s.d.). Humano, Demasiado Humano (segunda ed.). (A. C. Braga, Trad.) escala.
Silva, J. M. (2011). Vozes da Legalidade. Sulina.

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