A saúde e os padrões brasileiros


Eutanásia e padrões administrativos
Inacreditavelmente soubemos que algo parecia não funcionar bem no Hospital Evangélico. Algo que surpreendeu foi saber que, provavelmente, os pacientes da UTI daquele hospital, onde estive após cirurgia, eram vítimas de critérios pouco ortodoxos dos responsáveis por aquela unidade de um hospital extremamente visível na capital do Paraná. Vamos aguardar as investigações para saber se isso existiu e qual a sua dimensão.
O que surpreende, contudo, é a omissão daqueles que acima desse nível de gerência, poderiam ter questionado estatísticas e analisado os efeitos disso tudo, evitando atos de eutanásia próprios de pessoas dementes.
Do SUS à diretoria do Evangélico podemos e devemos perguntar: não tinham controle, não desconfiavam de nada?
A saúde no Brasil chegou a um nível tão baixo que para aqueles sem opção de escolha de hospitais o destino é incerto e inseguro. Reportagens mostram um estado de abandono incrível sem que governos se abalem com as evidências. O Governo Federal, a quem o SUS se submete, faz de conta que não vê nada. Afinal as mortes podem até reduzir déficits da Previdência...
Com certeza vivemos num país regido por castas que decidem tudo, desde o revezamento “café com leite, eventualmente um chimarrão” na Presidência da República até quem manda nas grandes concessionárias. Bovinamente nossos líderes, querendo migalhas do Poder, aceitam qualquer coisa.
Seria até interessante saber se nossa Presidenta e os ex-presidentes da República aceitariam serem internados em qualquer hospital público, atendidos pelos plantonistas e se usariam “remédios” genéricos...
Na Copel, trabalhando em manutenção nos primórdios da utilização dos computadores e sistemas de aquisição de dados, já tínhamos indicadores de desvio de qualquer instalação. Atualmente, com ferramentas milhões de vezes mais poderosas, da intranet às grandes redes internacionais, pode-se saber muito mais, até comparando automaticamente resultados com outras unidades distantes.
Tudo depende da definição de prioridades e da competência dos ministros e secretários dedicados à saúde (em letra minúscula, diante do que vemos).
Em nosso país o fundamental é estar dentro de alguma organização que garanta privilégios, ao povo, a chance da catar lixo e ser atendido quando a senha de internação e consulta permitirem.
A Copa do Mundo, por exemplo, traz algumas novidades. Dos bancos nos estádios à segurança, a FIFA exige respeito aos torcedores. E onde os cartolas da FIFA não mandam?
O Brasil tem vereadores, deputados estaduais, federais, senadores, prefeitos, governadores e até presidente da República. Será que só pilotam escrivaninhas?
Seria fantástico cruzar com nossos representantes no transporte coletivo, calçadas, rodoviárias, hospitais etc.
Presença no Plenário? Só em casos realmente necessários.
Criamos uma lógica burra em que o parlamentar precisa ficar nos palácios ouvindo e fazendo discursos. Em tempos de internet eles deveriam se reunir apenas para confraternização ou algum luto especial. Ouvir e fazer discursos, para quê? Para o teatrinho do Planalto, por exemplo?
Nossos representantes devem ser pessoas atuantes, tão presentes que ao se candidatarem a cargos executivos possam dispensar grupos de planejadores eventuais, criando planos de governo entre joelhos.
O que aconteceu no Hospital Evangélico de Curitiba, se verdadeiro, será um dos maiores escândalos mundiais em torno da saúde pública. O que será feito para que isso não se repita?
Cascaes
25.2.2013



Comentários