Comparando manifestações
Que diferença entre o que vimos durante o mês de junho e o que aconteceu durante a “greve geral” em 11 de julho deste ano. A desmoralização das centrais sindicais só não foi maior porque é fácil bloquear estradas e parar o transporte coletivo, além de repartições públicas. A revolta orquestrada no Palácio Alvorada, em algum canto dele, provavelmente, mostrou que os brasileiros estão cansados de ideologias e desesperados por soluções decentes.
O Brasil poderia estar infinitamente melhor se ao longo do século 20 tivéssemos a honra de estar sob governos competentes. Isso não aconteceu e agora sentimos a falta de infraestrutura e serviços que deveriam ser, onde existem, melhores e mais baratos, isso sem falar em segurança, estabilidade, moradia, saúde...
Os brasileiros, agora podendo (da classe média para cima) viajar e usar recursos modernos de comunicação, estão descobrindo esse atraso humilhante. Pessoas mais humildes, graças a novelas faustosas e programas de TV e até internet aos poucos percebem quanto perderam se submetendo a oligarquias predatórias em todos os sentidos.
É lógica de um sistema capitalista e democrático a premiação dos mais empreendedores, saudáveis e ricos, todos entendem as diferenças, exceto quando acontecem por outros “privilégios” que inúmeros escândalos demonstram existir. Tudo é pretexto para benefícios surpreendentes.
As corporações existem aqui e em qualquer lugar do mundo. Nossas centrais sindicais e associações de profissionais até no Poder Judiciário articularam-se para ganhar salários e acessórios muito maiores do que seria razoável. O resultado de tudo isso é a péssima distribuição de renda no Brasil, fora a impublicável, desonesta, criminosa receita do crime organizado (de todos os tipos).
O povo cansou principalmente de seus representantes e sindicatos.
As manifestações de junho deste ano vão entrar para a nossa história. Os atores de um tempo de desabafo, revelação e cobranças espontâneas, sem paixões ideológicas ou religiosas mexeram com governantes que acreditavam enganar qualquer um. Contrariando o que se diz dos brasileiros, nem o futebol desviou a atenção dos jovens, principais rebeldes que dizem agir sem causa; pura idiotice, ficou mais do que evidente que lutaram por um Brasil melhor.
Vinte centavos? Detalhe! Tarifas? Sim, com que base de dados, critérios, contratos e qualidade concluíram que deviam aumentar preços?
O Brasil “chapa branca” está sujo, desmoralizado. Consegue causar prejuízos imensos, afinal bloquear estradas e ruas é fácil, mais ainda com o apoio tácito dos governantes. Seria ótimo se batalhassem por ajustes viáveis e livres de fanatismos ideológicos.
Nesse contexto ficamos esperando o próximo capítulo. O que nossos políticos farão? Continuarão debochando dos seus eleitores? Fazendo pouco caso do contribuinte?
E as greves?
Foram prejudiciais, ainda que só de um dia, a quem precisava deixar filho em escola ou creches, a quem há meses conseguiu uma consulta no SUS; na falta de serviços em geral os trabalhadores autônomos, diaristas etc. perderam. Será que esse povo gostou de ser prejudicado por centrais sindicais fortes e privilegiadas?
Cascaes
12.7.2013
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