Política e os pecados graves

A rejeição à política no Brasil
Na origem dos movimentos políticos dos anos sessenta o Brasil vivia tempos da Teologia da Libertação e intensa atividade da Igreja Católica em defesa de milhões de brasileiros que permaneciam abaixo do limiar da pobreza suportável. Copiando soluções importadas até dos Estados Unidos da América do Norte pregavam, entre outras propostas, a reforma agrária. Mobilizações a favor de propostas de amor ao próximo encantavam os jovens e assustavam as oligarquias existentes.
Na Presidência da República os titulares criaram dúvidas sobre a qualidade de suas ações, ensejando o clima que levou a 64.
Durante o período militar ficou a sensação de frustração que só cresceu ao longo do tempo, culminando com a reabertura política e o desastre da entronização de José Sarney. Com ele tivemos a Constituição de 1988 e o resto os mais jovens conhecem.
Uma nova geração de políticos gradativamente assumiu o comando do Brasil. As ilusões voltaram.
Talvez seja uma sina brasileira, lentamente as máscaras caíram e agora temos a convicção de que estamos mal amparados.
Sempre é bom lembrar o que o catecismo católico ensinava: pecado grave existe quando o pecador tem pleno conhecimento de que está pecando e total liberdade de não pecar. Não podemos atribuir aos nossos eleitos o atenuante da ignorância e, empossados, gozam dos poderes que seus cargos viabilizam.
Assim nos desiludimos e nos revoltamos ao sentir que acintosamente desprezam o povo, nada mais evidente do que tudo o que estava acontecendo antes de junho deste ano.
A Copa do Mundo extrapolou em fatos, dados, escândalos, compromissos etc. sobre a cabeça dos brasileiros e das brasileiras. A eleição da Presidenta até dava a impressão de que os imperadores da FIFA teriam um chega para lá. Nada disso aconteceu, ao contrário, par e passo descobrimos até que a região das arenas, nome mais do que apropriado, será território FIFA, com mais poderes do que o das embaixadas estrangeiras.
As cidades se desviaram de planejamentos e soluções sensatas para viabilizar o trânsito, conforto e segurança dos turistas e hooligans.
Lamentavelmente mossa Presidenta decidiu ouvir mais seu marqueteiro do que os mais competentes planejadores.
Decisões desastrosas implodiram a Petrobras e a Eletrobrás. No Setor Elétrico chegamos a um milímetro de um tremendo racionamento de energia e agora, para coroar o setor energético, vemos a pressa do governo Federal em lotear campos do PréSal, lugares com indícios de grandes jazidas de petróleo (para agradar quem?).
Os juros não caem. Basta uma guerrinha de tomates para o Banco Central voltar faceiro a seus critérios de sustentação da farra financeira. Esta fatura vai desde empréstimos consignados, salvadores de bancos falidos, cartões de crédito até as prestações de qualquer loja. Estimula-se a cadeia produtiva pelo lado errado, protelando-se obras essenciais e impulsionando desperdícios (até em energia).
E o que fazem nossos políticos? Por que não reagem?
39 ministérios explicam tudo e o desespero pela reeleição leva-os a ignorar até privilégios fiscais dados às emissoras de rádio e TV no compromisso de apresentação de horários políticos.
É pedir muito querer que os brasileiros aceitem o que acontece atualmente. Os jovens foram às ruas fazendo de junho de 2013 um momento histórico.
Agora é tentar descobrir quais caminhos deveremos tomar até as eleições de 2014; está realmente difícil encontrar algo razoável entre tantos “pecadores”...
Cascaes

13.7.2013

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