19 de dezembro de 2013 - uma data especial



O centenário de nascimento do eng. Luis Carlos Pereira Tourinho

O estado do Paraná teve lideranças que reuniram qualidades excepcionais. Elas fizeram a base de um  estado sacrificado pelas hostilidades federais. Viabilizaram o grande edifício que eventualmente sofre com más lideranças, mas que é espaço para todos que realmente queiram trabalhar e pensar num Brasil grande.
Se estivesse vivo provavelmente teria muito a ensinar e reorientar políticos atuais. Estamos num período confuso e que transmite dúvidas de toda espécie. Talvez com suas palavras tivéssemos hoje maior esperança e confiança em fatos e pessoas que não entendemos.
 Hoje, dia 19 de dezembro de 2013, devemos lembrar com o máximo respeito o centenário de nascimento do ex-presidente do Instituto de Engenharia do Paraná – IEP, o eng. Luis Carlos Pereira Tourinho.
Eu e muitos amigos tivemos o prazer e a honra de partilhar com ele, semanalmente, a mesa do bar do IEP, onde nos contava histórias minuciosas de seu querido estado. Memória prodigiosa e inteligência ímpar, sabia relatar, explicar e relembrar uma história de que foi partícipe significativo, destacado e inesquecível. Uma história que continuou escrevendo e apoiando, quando necessário, principalmente em nossa vida pública. Em muitos momentos o aval do IEP foi essencial em ações moralizadoras e de racionalização técnica que acreditávamos defender.
Nós, engenheiros eletricistas, éramos um pequeno grupo que se atreveu a muitas lutas, algo que ultrapassava nossas atribuições técnicas, mas que entendíamos evidentes. A aceitação ou, pelo menos, a tolerância de nossas teses no IEP era o fermento que nos ajudou a crescer.
Vimos biografias do Professor Tourinho, todas sem muita expressão do ser humano. Que falha grave quando lembramos suas aulas de humanismo.
Espírita convicto sabia inspirar sentimentos de solidariedade e disciplina ética. Não suportava a corrupção e via o exercício da Engenharia como um ato compromissado com a boa gerência de cidades e estados, do Brasil, enfim.
Nós, uma nova geração de engenheiros na década de oitenta e aproveitando o clima de redemocratização, encontramos no Presidente do Instituto o espaço e orientações seguras para defender ideais e propostas, não exatamente afinadas, talvez, com seu ideário ideológico. A maturidade e a postura de homem sábio lhe eram peculiares.
Numa cidade conservadora a tolerância e orientações do Mestre eram preciosas, permitindo-nos trabalhos que nos deram orgulho, tudo, entretanto, possível com a capacidade do Professor Tourinho de fazer do IEP um templo da boa Engenharia.
Era amigo, sincero, leal e apaixonado pelo Paraná. Morreu sem riqueza material, deixando como herança o seu exemplo de professor, engenheiro, político, militar, filósofo e cidadão, tudo de imenso valor moral, algo que falta num Brasil que se perde em oportunismos  e maquiavelismos.
O Brasil é gerenciado por marqueteiros e comandado por empreiteiras e banqueiros, é justo?
O bar do IEP reabriu, após longo e inexplicável fechamento. Não é a mesma coisa, falta o líder, o mestre, o sábio professor Tourinho, que tristeza!
Cascaes

19.12.2013

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