Trabalhador sério e honesto é herói

Heróis sem mídia
Em 31 de dezembro de 2013 e à meia noite centenas de milhares de brasileiros estarão trabalhando, muitos deles arriscando a vida, ganhando o que seus sindicatos conseguem e talvez ouvindo reclamações e ofensas.
Em todos os serviços essenciais e em muitos outros que não se enquadram por aí, mas são importantes à vida moderna, encontraremos gente corajosa e competente, pessoas que trabalham e dedicam suas vidas a favor de um emprego honesto, uma empresa séria, um povo melhor.
Executivos, empresários, microempresários e até mascates estarão pensando em suas contas, obrigações e de que forma sobreviver em 2014, um ano cheio de emoções, talvez nem todas agradáveis. Começaremos o ano pagando mais impostos, a banca internacional e os “especialistas” em inflação e agiotagem assim decidiram. Juros de empréstimos comuns? É falar para quem não quer ouvir ou faz de conta que não entende, continuam extorsivos.
E os heróis?
Tivemos a oportunidade de construir nossa vida na área de Engenharia em ensaios e manutenção (setor elétrico), principalmente. Não tínhamos regalias. Não podíamos ter como prioridade outra coisa que atender chamados de emergência quando aconteciam. Muitos colegas em todos os níveis perderam o afeto de suas famílias priorizando o trabalho e a dedicação à Copel (a empresa de que tenho orgulho de ter sido funcionário), é difícil convencer esposa e filhos de que precisamos viajar ou sair de casa para atender situações graves. Os efeitos apareceram. Famílias abandonadas pelos pais sempre geram sequelas...
Não vemos na mídia comercial, sempre preocupada com os números das pesquisas de audiência e o faturamento de suas propagandas qualquer menção aos trabalhadores comuns. Deve ter acontecido, mas os gladiadores merecem mais atenção, afinal eles dão lucro para as emissoras de televisão. Os horários esportivos despertam paixões; onde o fanatismo e a irracionalidade de nossos instintos entram desaparece qualquer contemplação por aqueles que não vivem e dependem de ilusões.
Artistas, profissionais da simulação, consomem horas e privilégios, quanta ingenuidade.
Eric Hobsbawm[ (Hobsbawm, A Era do Capital 1848 - 1875, 2007), (Hobsbawm, Era dos Extremos - O breve século XX 1914-1991)], um tremendo historiador, registrou em seus livros a guinada do marqueting e do consumo. Gente nova não tem maturidade para maiores opções. Reagir emocionalmente é a regra.
Final de ano, momento de retrospectivas, que sínteses mal feitas. O cheiro do oportunismo imbeciliza e mediocriza. Ou melhor, desperta as espertezas.
É fenômeno brasileiro?
Não. Aqui o Brasil é pasto de ONGs internacionais e interesses imperialistas, o que podemos dizer a nosso favor é que a África e o Oriente Médio estão em situação muito pior. É consolo? Não, mas demonstra as lógicas maquiavélicas dos grandes “esquemas” internacionais e do atavismo e primariedade de muitas “civilizações”.
Enquanto isso nossos trabalhadores heróis são esquecidos, talvez muito menos pela nossa Presidenta Dilma Rousseff do que pelos arautos da escravidão moderna camuflada de redução de custos e competitividade. Dela ouvimos um excelente discurso (Rousseff, 2013).  É nossa maior gerente, chefe, quando pode, de uma empresa de milhões de empregados, milhares e milhares de gerentes, muitos conselhos de administração, duzentos milhões de acionistas nacionais, fora os estrangeiros.
Não é tarefa fácil. O comando do Brasil tem em Laurentino Gomes um excelente historiador, seus livros [ (Gomes, 1808), (Gomes, 1822 - Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado., 2010), (Gomes, 1889, 2013)] merecem destaque.
Estudando o périplo do que podemos denominar “grandes líderes” descobriremos que poucos têm ou tiveram tantas responsabilidades quanto os imperadores, ditadores e presidentes do Brasil, mais ainda se lembrarmos do aquário em que viveram e nossa Presidenta navega.
Nossa esperança é que o Brasil mais cedo ou tarde resgate os verdadeiros heróis.
Nossas crianças precisam de paradigmas sadios, respeitáveis, honestos e trabalhadores. Gente que aceite a vida séria e responsável longe da mídia, simplesmente porque acredita e sonha com um Brasil melhor; nossa gente deve querer poder cuidar da família, apoiar amigos e concidadãos...
Está na hora de procurarmos mudanças reais de comportamento e paradigmas.
Cascaes
29.12.2013
Feliz ano no!


Gomes, L. (s.d.). 1808. Fonte: Livros e Filmes Especiais, Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/02/1808.html
Gomes, L. (2010). 1822 - Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira Participações S.A.
Gomes, L. (2013). 1889. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html
Hobsbawm, E. (2007). A Era do Capital 1848 - 1875.(L. C. Neto, Trad.) São Paulo: Paz e Terra.
Hobsbawm, E. (s.d.). Era dos Extremos - O breve século XX 1914-1991. (M. Santarrita, Trad.) Companhia das Letras.
Rousseff, D. (29 de 12 de 2013). Pronunciamento à nação da Presidenta da República, Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e TV. Fonte: A favor da democracia no Brasil: http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com.br/2013/12/pronunciamento-nacao-da-presidenta-da.html








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