Os Lobos de Wall Street - quantas ovelhas

Os lobos de Wall Street, um bom filme, e as ovelhas?

O filme “O Lobo de Wall Street”[1]acrescenta histórias e detalhes do mundo da especulação financeira sem limites, livre e mal controlado, ao contrário, colocado em destaque em noticiários da área econômica promovendo a “esperteza” e a ambição de quem espera viver sem trabalhar, nossas ovelhas muito “sabidas”.

O grande cassino mundial já aplainou o campo para muitas tragédias, inclusive a Segunda Guerra Mundial, além de revoluções e ditaduras. Compensa estudar história e saber até o que significou o Encilhamento[2], um período da República (Gomes, 2013) em que o Brasil quase se esfacelou após uma tremenda onda de irresponsabilidade e cupidez.

A palavra “cupidez”[3]merece ser usada até para enfeitar algo que domina nossa sociedade, ou seja, a falta de escrúpulos e respeito pelo ser humano e um tremendo pecado autenticamente “capital”.

O documentário Trabalho Interno (Ferguson, 2010)e até a biografia de Alan Greenspan (Greenspan) mostram situações que livros bons explicam melhor [ (História da Riqueza da Riqueza do Homem), (Economia Bandida)etc.]. Trabalho Interno, um documentário da marola de 2008, é um filme excepcional e imperdível.

Federico Fellini mostra de forma dura o que o ser humano é capaz, merecendo destaque o filme (A Trapaça) onde seus personagens ilustram o perfil de agentes sem limites da Comédia Humana (La comédie humaine).

O assustador nisso tudo é perceber a reação das grandes potências a situações bem documentadas como foi o caso da crise econômica de 2008 (Trabalho Interno, 2010) que gerou um tsunami mundial e destruiu mais uma vez expectativas de nações inteiras, de imediato ou após marolas que nos atingiram à época. Dominadas por mega-especuladores resistem ferozmente a adotar medidas de maior proteção a seus povos e principalmente à Humanidade. Países emergentes e sem muitas preocupações éticas assustam...

Na área econômica assim como em todas as outras atividades essenciais a Humanidade parecem desprezar os riscos tremendos de projetos e atividades mal feitos.

No Brasil os serviços essenciais caíram na conversa da redução de custos e tarifas. Assim ganhamos leis tecnicamente irresponsáveis e uma tremenda demagogia; o resultado é fácil de ser percebido entre pessoas que precisam andar pelas cidades, viver sem facilidades  e depender de serviços públicos [ (Cascaes, Cidade do Pedestre), (Cascaes, Serviços Essenciais), (Cascaes, Transporte coletivo urbano humilhante e perigoso - acessibilidade? Segurança? , 2013) etc.].

O que é fácil de afirmar é a fragilidade da vigilância sobre atividades que vão das bolsas de valores, fundações de previdência a serviços de saúde, educação, energia, transporte etc.

O que acontece?

Na maioria dos países os grandes grupos econômicos mandam em tudo e a ditadura cultural é o instrumento de dominação e geração de hábitos idiotas.

Diante da perspectiva de novos tsunamis e marolas, sentindo a falência de culturas já decadentes, é tempo de estudar as teses de Theodor Adorno[4], Domenico de Masi[5] e outros pensadores.

A dinâmica perversa das Bolsas de Valores é algo doentio da qual o filme “O Lobo de Wall Street” é um exemplo na indústria cinematográfica que se junta a outras obras, com destaque a (Wall Street). Os produtores poderiam nessa linha de pensamento fazer filmes excelentes sobre as  (Guerras do Ópio)e as crises que até no Brasil deram imensos prejuízos.

Em (Wall Street – Poder e Cobiça) vemos o interesse dos especuladores na fundação de previdência dos funcionários de uma empresa aérea hipotética, ou seja, na fragilidade do mercado de capitais a demolição dos planos de aposentadoria é apenas um detalhe mórbido que parece acontecer no Brasil.

Estamos num período em que as grandes fundações de estatais e até de funcionários públicos dão a impressão de se transformarem em instrumentos de viabilização a qualquer preço de projetos de interesse dos governantes, quando não de quadrilhas especializadas em enganar diretorias dessas entidades.

Por aqui corremos o risco de ver os sistemas de previdência complementar repetirem os “erros” dos montepios da década de setenta do século passado, quando dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras ficaram sem apoio após anos de contribuição a planos de aposentadoria que prometiam muito e pouco fizeram [ (Caso CAPEMI), um exemplo trágico]. O Montepio da Família Militar[6]foi um caso absurdo de nossa história que nos afetou pessoalmente, alguém foi punido além dos mutuários?

Exemplos não faltam, temos até excelentes filmes, como relatamos, mostrando os riscos que qualquer família corre se esquecer a vigilância cívica e simplesmente acreditar em nossas “Instituições”.

Lamentavelmente não podemos descansar, principalmente quando nos aposentamos...

Cascaes

201.2014

Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/

Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Serviços Essenciais: http://servicos-essenciais.blogspot.com.br/

Cascaes, J. C. (1 de 9 de 2013). Transporte coletivo urbano humilhante e perigoso - acessibilidade? Segurança? . Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia : http://otransportecoletivourbano.blogspot.com/2013/09/transporte-coletivo-urbano-ofensivo.html

Caso CAPEMI. (s.d.). Fonte: MuCo - Museu da Corrupção: http://www.muco.com.br/index.php?option=com_content&id=393:caso-capemi&Itemid=53

Fellini, F. (s.d.). A Trapaça. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/08/a-trapaca.html

Ferguson, C. (2010). Trabalho Interno. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/trabalho-interno.html

Gomes, L. (2013). 1889. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html

Greenspan, A. (s.d.). Alan Greenspan - A Era da Turbulência. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2010/06/alan-greenspan.html

Guerras do Ópio. (s.d.). Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio

Huberman, L. (s.d.). História da Riqueza da Riqueza do Homem. Guanabara.

La comédie humaine. (s.d.). Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/La_com%C3%A9die_humaine

Napoleoni, L. (s.d.). Economia Bandida. DIFEL.

Pavini, A. (s.d.). Wall Street – Poder e Cobiça. Fonte: ARENA do Pavini: http://www.arenadopavini.com.br/livros-e-filmes/wall-street-poder-e-cobica

Stone, O. (s.d.). Wall Street. Fonte: Livros e Filsmes especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2011/12/blog-post.html

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[1] O Lobo de Wall Street (no original no inglês: The Wolf of Wall Street) é um filme de 2013 dirigido por Martin Scorsese, baseado nas memórias de Jordan Belfort, o best-seller de mesmo nome. Foi lançado em 25 de dezembro de 2013. O roteiro foi escrito por Terence Winter, e estrelado por Leonardo DiCaprio como Belfort, um corretor de títulos de Nova York que dirige uma firma, a Stratton Oakmont, que praticava fraudes de seguro e corrupção em Wall Street na década de 1990. Wikipédia

[2] A Crise do Encilhamento foi uma bolha econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República, estourando durante o governo provisório de Deodoro da Fonseca (1889-1891), tendo em decorrência se transformado numacrise financeira.¹ Os então Ministros da Fazenda Visconde de Ouro Preto e Rui Barbosa, sob a justificativa de estimular a industrialização no País, adotaram uma política baseada em créditos livres aos investimentos industriais garantidos por farta emissão monetária.²

Pelo modo como o processo foi legalmente estruturado e gerenciado, junto com a expansão dos capitais financeiro e industrial vieram desenfreada especulação financeira em todos os mercados e forte alta inflacionária, causadas pela desconfiança oriunda de determinadas práticas no mercado financeiro,³ como excesso de lançamento de ações sem lastro, e posteriores OPAs visando o fechamento de capital. Wikipédia

[3] s.f. Ação, qualidade ou próprio de cúpido.
Ambição, geralmente, por propriedades e/ou bens materiais; desejo excessivo por riquezas; ambição, cobiça: dominado pela cupidez, abandonou seus principais valores morais.
(Etm. cúpido + ez) - http://www.dicio.com.br/cupidez/

[4] A Filosofia de Theodor Adorno, considerada uma das mais complexas do século XX, fundamenta-se na perspectiva da dialética. Uma das suas importantes obras, a Dialética do Esclarecimento, escrita em colaboração com Max Horkheimer durante a guerra, é uma crítica da razão instrumental, conceito fundamental deste último filósofo, ou, o que seria o mesmo, uma crítica, fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema capitalista (que Adorno chama de "indústria cultural"). Também uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico.

[5] Domenico De Masi é um sociólogo italiano contemporâneo, famoso pelo seu conceito de "ócio criativo" segundo o qual oócio, longe de ser negativo, é um fator que estimula a criatividade pessoal.¹ Nasceu em Rotello, na província de Campobasso, no sul da Itália, no dia 1 de fevereiro de 1938. Residiu em 3 cidades italianas: Nápoles, Milão e Roma. Aos dezenove anos, já escrevia, para a revista Nord e Sud, artigos de sociologia urbana e do trabalho. Aos 22 anos, lecionava na Universidade de Nápoles. Mais recentemente, assumiu o posto de professor de sociologia do trabalho na Universidade de Roma "La Sapienza". Entre 1978 e 2000, dirigiu a S3.Studium, escola de especialização em ciências organizacionais que fundou.² Escreveu diversos livros, alguns deles tidos como revolucionários. Entre eles, se destacam: "Desenvolvimento Sem Trabalho", "A Emoção e a Regra", "O Ócio Criativo" e "O Futuro do Trabalho". Em 2010, tornou-se cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.³

[6] Montepio da Família Militar, o MFM, foi um sistema de previdência privada brasileiro que foi a falência na década de 1980.

Fundado em 29 de outubro de 1963 por um grupo de oficiais do Exército Brasileiro, três anos depois já contava com 130 mil associados. Com tamanho número de associados o Montepio tratou de ampliar seu leque de investimentos e no final de 1966 já controlava um banco, uma financeira, uma companhia imobiliária e uma de seguros.¹ Em 1967 passou a controlar o Banco Nacional do Comércio.

Em 1971 tinha 14 subsidiárias nos ramos bancários, mercado de capitais, imobiliário, seguros e comunicação; constituiu o Banco de Investimento Nacional do Comércio, junto com o grupo Maisonnave e o Banco de Investimento MFM, depois vendido ao Grupo Empresarial Lume, com o nome de Financilar.

No ano seguinte foi responsável pela ação que fundiu três tradicionais bancos do Rio Grande do Sul¹ :Banco Nacional do Comércio, Banco da Província e Banco Industrial e Comercial do Sul, dando origem ao Banco Sulbrasileiro , um dos dez maiores estabelecimentos privados do Brasil na época.

Em 1986 entrou liquidação extrajudicial, gerando perdas para seus associados, num total de 70 mil credores.

Mais recentemente os associados foram vítimas de golpe no qual, em troca de 10 a 15% do crédito, era prometido recuperar entre 25 e 50 mil reais.