A Copa do Mundo e a revolta popular

Existe hora para tudo, a Copa do Mundo e as manifestações populares.
Em junho de 2013 o povo brasileiro demonstrou sua indignação com nossos governantes. No final de 2014 terá a oportunidade de fazer mudanças, ainda que atreladas a uma arquitetura política maldosa.
Nosso povo precisa de tudo, inclusive e muito mais de dignidade explícita, é gente trabalhadora e capaz de imensos sacrifícios; sabemos disso vendo diariamente a luta pela sobrevivência dos mais pobres e de nossos pequenos empreendedores, enfrentando um quadro legal irrealista e uma estrutura burocrática incrível, absurda. Paga de impostos e juros muito mais do que seria justo, ainda assim batalha, acredita e tem esperanças.
A Copa do Mundo vem aí.
Durante anos alertamos e apontamos incongruências e equívocos monumentais.
Agora, entretanto, é tempo de colher o que for possível. Não faz sentido desperdiçar a oportunidade de pelo menos ter postos de trabalho e algum prestígio diante da comunidade (pelo menos a mais numerosa – a totalmente alienada e consumista) internacional mostrando que sabemos usar a liberdade e a “democracia”.
O histórico deste certame “desportivo” (excelente denominação) é surrealista.
Da expectativa feliz da escolha do Brasil até agora passamos por períodos decrescentes de euforia, mergulhando na perplexidade ao sabermos detalhes dos acordos assinados e das exigências absurdas dos cartolas internacionais. Tudo isso fez de uma cidade que dizia não ter problemas a estar sujeita a perder o direito de sediar 4 jogos de seleções estrangeiras (que luxo!).
Isso logo se tornou evidente nas audiências públicas realizadas (Cascaes, 2010), inúteis como sói acontecer em nosso Brasil varonil, mas extremamente elucidativas.
 O Governo Federal e o Congresso Nacional aceitaram imposições draconianas da FIFA.
Podemos pensar: seria o momento para investir num evento desproporcional e até provocar um surto inflacionário?
Paradoxalmente um “governo popular” faz o que nossos governantes ditatoriais não quiseram (Figueiredo, 2013), criando inclusive um esquema de repressão monumental a ser posto em prática nos próximos meses. Promessa da Presidenta ao grande chefe!
Infinitamente pior que os caprichos da FIFA (Cascaes, 2010), poderíamos simplesmente ter recusado esse “presente”, foi o desempenho dos responsáveis pelos planos e projetos viabilizados pelo tal de PAC da Copa. A incompetência inacreditável e talvez outros fatores que só o tempo e muitas investigações (se acontecerem) mostrarem sinalizam uma tremenda imagem negativa do Brasil lá fora, justamente um dos argumentos usados para enfeitar a pílula, ou seja, promover o Brasil no exterior.
Nossos governantes e legisladores aceitaram até um estatuto diferente de vigilância e punição durante o “certame”. Muitos jovens poderão ser destruídos se mostrarem suas indignações durante esse festival kafkiano.
Teremos leis especiais.
Poderemos desperdiçar pessoas inteligentes e corajosas, futuros talentos políticos e morais lutando contra essa armação internacional, que teve uma grande vantagem: mostrou para quem tem inteligência, cultura e amor ao Brasil os jogos dos poderosos internacionais, um império discreto e tremendamente forte a que nosso comando nacional se curvou abjetamente. Aliás, não é o único, existem piores.
Devemos ter serenidade. É quase uma utopia pedir isso aos jovens. Será, contudo, tremendamente triste ver como serão tratados aqueles que assumirem posições mais agressivas, algo típico da juventude, contudo; já viram aiatolá bomba? Velho terrorista? É difícil...
Vale sugerir, contudo. Vestir algum sinal de luto ou aproveitar momentos mais fortes para expressar simbolicamente indignação será ótimo. Isso só não terá efeito dentro das arenas em dias de jogo, afinal, quantos brasileiros estarão lá vendo as partidas de nossa seleção? Agora, muito diferente de 1950, relativamente pouquíssimos brasileiros e brasileiras estarão torcendo ao vivo e a cores nas arenas brasileiras...
Após o período de exceção virão as campanhas eleitorais, grande momento para o povo brasileiro mostrar sua indignação.

Cascaes
2.2.2014
Cascaes, J. C. (10 de 2010). Exigências da FIFA x Necessidades populares e colocações da PMC . Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2010/10/exigencias-da-fifa-x-necessidades.html
Figueiredo, P. (28 de 10 de 2013). O presidente Joao Figueiredo e a Copa do Mundo . Fonte: Diplomatizzando: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2013/10/o-presidente-joao-figueiredo-e-copa-do.html



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