A energia elétrica de cada dia

Planejando desligamentos e apagões
O Governo Federal falou triunfalmente do último grande apagão, a decisão de entrada em operação da Termoelétrica de Uruguaiana (Montenegro, 2014)demonstra que o risco de racionamento de energia já está na mesa das hipóteses razoavelmente prováveis do Ministério das Minas e Energia. Note-se que temos previsões de entrada em operação de grandes usinas entre 2014 e 2015 (ACOMPANHAMENTO DA EXPANSÃO DA OFERTA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA), mas a geração também depende de sua localização e as usinas do Sudeste estão com seus reservatórios baixos (Exigindo mais das hidráulicas, 2014), o que é assustador.
O clima dá sinais de mudanças aceleradas, para onde vamos?
Independentemente da pluviosidade o planejamento energético não deve depender apenas do Pibinho e de São Pedro. Nosso modelo institucional para o Setor Elétrico é temerário, extremamente ingênuo. Mas qual é a nossa situação, salvos por algumas chuvas e baixo crescimento econômico? O que mais atrapalhou?
Isso não teria acontecido se o cronograma de obras do Setor Elétrico não sofresse tantas interferências. Aplausos para nossa Presidenta, quebrou lanças para a construção de usinas que há décadas esperavam atitudes enérgicas.
A construção de usinas, linhas de transmissão, subestações é alvo de barreiras sucessivas graças à legislação flácida e irrealista de nossa pátria amada relativa à “proteção” de atingidos pelas barragens além do meio ambiente, nesse caso tenebrosamente mal feita. Renunciamos à autoridade e estratégias de ação inteligentes em favor de lógicas inadequadas a um país emergente e sujeito a variações constantes de expectativas.
Com certeza também podemos debitar nossas dificuldades ao fato de sermos um país gigantesco e que baseia sua produção de energia elétrica em fontes renováveis. Hidrelétricas, acima de tudo, ainda podem produzir muito e aquelas que existem terão longa vida se bem cuidadas(isso parece não preocupar o Governo). O Brasil pode e deve se orgulhar do seu sistema de geração e transmissão. Tem feito milagres.
Os especialistas, contudo, levantam dúvidas sobre a operação energética (Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico).
Além deles há a lamentar a influência de grandes grupos empresariais que colocaram na cabeça de Sua. Excia. Dilma Rousseff a ilusão de que a energia poderia e deveria custar menos. Assim o consumo aumenta sem se transformar em produtos de baixo custo, a diferença vai para o bolso dos mais espertos, agindo de forma predatória no mercado papagaio de Megawattxhoras (não queremos ofender esses pássaros, apenas evitar outros adjetivos).
Poderemos ter racionamentos de energia, quando? Onde? De que jeito?
A sociedade civil organizada deveria iniciar debates sobre prioridades de conservação e racionamento de energia. A tutela federal não é saudável e cada unidade consumidora, por menor que seja, poderá ter exigências especiais. Pessoas idosas, doentes, com deficiência etc. dependentes de equipamentos e sistemas elétricos poderão ser as primeiras vítimas.
Terrorismo inútil? Não, a discussão em torno dos serviços essenciais deveria ser rotina num país que vive tangenciando limites de sobrevivência.
O problema é exclusivo do Brasil?
Os exemplos são inúmeros desde que a Humanidade começou a entender o significado, saber explorar e “como fazer” energia e saneamento básico. Tudo se repete ciclicamente porque a alienação é um vício comportamental. Em todos os continentes, países, cidades, vilas, bairros e casas existem pessoas que imaginam que podem viver sem se incomodar. Quando as tragédias acontecem as vítimas se transformam em estatísticas e eventuais reportagens televisivas (agora, inclusive via internet).
Dizem que o ser humano é um animal racional, com certeza, racionaliza suas preocupações.
Só para lembrar o Jerôme Valcke[1]: aí vem a Copa do Mundo. Os estádios têm grupos geradores capazes de evitar sobrecargas nas concessionárias? É hora de instalar emergencialmente grupos geradores potentes junto às arenas. Pelo menos teremos em algum lugar da cidade luz para quem estiver dentro.
Dependemos de São Pedro que não é filiado a nenhum partido político no Brasil. Ou seja, tudo é possível diante da fragilidade do cenário atual. Poderemos estar mergulhados em chuvas salvadoras assim como sofrendo um ano de baixa pluviosidade.
E as eleições? O que o Governo federal pretende fazer, sempre lembrando que ele submeteu as concessionárias de energia elétrica a inspirações demagógicas e pouco racionais?
O segundo semestre do ano de 2014 promete ser agitado, será de qualquer jeito polêmico; talvez a censura à internet e os gastos fabulosos com as empresas privadas de comunicação atenuem sentimentos. Será chato, contudo, termos além da pressão obscurantista dos censores a falta de eletricidade para ligar nossos aparelhos e sermos consolados por alguns comentaristas, quem sabe até elogiando o mercado papagaio da energia.
Em tempo, a fragilidade do SIN (O que é o SIN - Sistema Interligado Nacional) vai muito além da simples equação energética, aí, contudo, é querer complicar demais este artigo. Isso, contudo, expõe todos nós a apagões acidentais e com possibilidade de racionamentos pela perda de componentes do SIN.
Diante da degradação dos serviços essenciais (Cascaes), agora falando da energia elétrica, o que fazer?
E você, sabe como subirá ao seu apê, usar a geladeira, ar condicionado, metrô, dirigir com apagões, deixar de trabalhar ou perder produção?
Ainda podemos evitar muitos problemas se aproveitarmos essa situação para debates até nas escolas do ensino básico comportamentos e as formas de sobrevivência nas selvas de pedra, extremamente dependentes da energia...
Cascaes
18.2.2014

(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/secoes/home.asp
ACOMPANHAMENTO DA EXPANSÃO DA OFERTA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. (s.d.). Fonte: ANEEL: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=37
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Serviços Essenciais: http://servicos-essenciais.blogspot.com.br/
Exigindo mais das hidráulicas. (18 de 2 de 2014). Fonte: Ilumina: http://ilumina.cahue.com.br/tomara-que-chova-100-dias-sem-parar-brasil-economico-180214/
Montenegro, S. (18 de 2 de 2014). AES Uruguaiana será acionada em março e abril. Fonte: CanalEnergia: http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=99762
O que é o SIN - Sistema Interligado Nacional. (s.d.). Fonte: ONS: http://www.ons.org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx





[1] Jerome Valcke iniciou sua carreira em 1984 como jornalista na Compania de TV francesa Canal+. De 1991 até 1997, ele ocupou o cargo de vice-chefe de esportes. Em 1997 ele assumiu o cargo de executivo-chefe do canal desportivo Sport+, permanecendo nesta função até 2002. De 2002 até 2003 Jérôme Valcke trabalhou para a agência de direitos esportivos Sportfive na sua sede em Genebra como chefe de Operações Administrativas.
No verão de 2003, Jérôme Valcke filiou-se à Federação Internacional de Futebol (FIFA) em Zurique e assumiu a posição de diretor de Marketing e TV. Na reunião doComitê Executivo da FIFA em 27 de junho de 2007, Jérôme Valcke foi nomeado como o novo secretário geral da FIFA, tal como proposto pelo presidente da FIFA,Joseph Blatter, e foi assim eleito como o sucessor de Urs Linsi que renunciou em 11 de junho de 2007. Markus Kattner, que atuou como secretário-geral interino entre 11 e 27 de Junho de 2007, foi nomeado como seu vice. Markus Kattner já trabalha para a FIFA desde 2003 como chefe de finanças. Jérôme Valcke é o primeiro secretário geral da FIFA desde 1956, que não nasceu na Suíça. Wikipédia

Comentários