Manifestações de nossas autoridades

Frases inaceitáveis no Setor Elétrico
Na área da Engenharia a certeza absoluta é sinal de mentira ou segurança máxima (normalmente produto da ignorância[1]).
O Setor Elétrico está fragilizado, dependendo dramaticamente da transferência de energia em quantidade enorme através de grandes linhas de transmissão. Vimos que raios padrão “Sansão” já provocaram muitos estragos, ventos poderão fazer pior.
A manutenção de um bom padrão de serviço depende de fontes próximas de regulação de tensão e estabilidade do Sistema Interligado.
O atendimento de energia elétrica é, pois, função de uma coleção de fatores, algo que está muito além da compreensão de pessoas sem formação adequada para entender.
Energia é assunto estratégico, essencial e carente de cuidados adequados num Brasil que sob o pretexto de estimular indústrias (eletrointensivas?) e conveniências políticas se recusa a falar em racionalização.
Vimos até gente preocupada com o ar condicionado do Aeroporto Santos Dumont (um ambiente gigantesco para manutenção de temperatura “fresca”) em plena estiagem, todos talvez estivessem ignorando que o kWh gasto hoje poderá fazer muita falta em breve.
Tarifas de serviços essenciais deveriam ser administradas acima de tudo sob critérios estratégicos de desenvolvimento sadio e sinalizarem situações de risco. A sensibilidade de custo e benefício é perdida quando o preço da complementação mais cara é transferido para anos adiante e o discurso de nossas autoridades não perde o otimismo irresponsável de uma situação que poderá comprometer seriamente nosso desenvolvimento, a imagem do Brasil, a segurança do nosso povo.
A energia menos cara e mais rápida de se obter é aquela que deixa de ser desperdiçada.
Continuamos esperando a hora fatal? O sucesso de medidas de desespero recentes estaria inibindo o bom senso?
O governo Federal deveria iniciar imediatamente uma campanha forte de uso racional da energia. Isso economizaria dólares (e nosso dinheiro) e criaria alguma folga.
Tudo o que se faz e é calculável possui margens de erros. Qual é o “mais menos” das previsões? E os cálculos consideram o quê?
Ninguém deseja o racionamento de energia, todos devem querer saber como dar sua contribuição. O uso otimizado de qualquer energia deveria ser matéria obrigatória desde o ensino básico. É um fator de preservação ambiental. Nossas cidades, por exemplo, têm sobreaquecimento graças ao uso concentrado de energia. Leis da termodinâmica demonstram que a entropia[2]aquece o ambiente, qualquer transformação de energia tem perdas na forma de aquecimento afetando o ambiente em seu conjunto.
Arquitetura, iluminação de ambientes, roupas adequadas, uso de eletrodomésticos, tudo pode ser feito de forma a se evitar desperdício. Com certeza os vendedores de energia vão ganhar menos, mas essa ponta do mercantilismo energético deve ser administrada em favor do Brasil.
É terrível ver e ouvir colegas do Setor Elétrico dizerem coisas que provavelmente não acreditam. Se o ministro das Minas e Energia e a Presidenta carecem de formação profissional em Engenharia é problema deles e nosso que os elegemos.
Manifestações técnicas precisam ser precisas, mais ainda quando os profissionais conhecem dados e fatos que pelo menos evitariam frases absolutas.
O Ministério Público Federal poderia agir em nosso favor exigindo qualidade de manifestações, assim como a Justiça Eleitoral o fez nas pesquisas eleitorais de opinião.
Queremos, precisamos saber mais de nosso futuro próximo; se nossas autoridades errarem elas prejudicarão imensamente o futuro mais distante, nosso e de nossos filhos, netos, amigos, companheiros, concidadãos.
Cascaes
27.2.2014

Entropia. (15 de 12 de 2013). Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia






[1] Fazer de conta que algo, ou alguma coisa, não existe, não saber sobre uma determinada coisa. http://www.dicionarioinformal.com.br/ignorar/
[2] entropia (do grego εντροπίαentropía), unidade [J/K] (joules por kelvin), é uma grandeza termodinâmica que mensura o grau de irreversibilidade de um sistema, encontrando-se geralmente associada ao que denomina-se por "desordem", não em senso comum , de um sistema termodinâmico. Em acordo com a segunda lei da termodinâmicatrabalho pode ser completamente convertido em calor, e por tal em energia térmica, mas energia térmica não pode ser completamente convertida em trabalho. Com a entropia procura-se mensurar a parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas à dada temperatura. (Entropia, 2013)

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