O Governo e os serviços essenciais - modelos e perdas absurdas

Degradação dos serviços essenciais
Na década de oitenta a mídia a favor da privatização das estatais era imensa. A sensação que tínhamos (e isso continua) era a de que os eleitos faziam o possível para desmoralizar as estatais, inclusive gerando precatórias, dívidas, apoiando diretorias ineptas etc. para facilitar a aceitação do ato final, tanto por parte do povo quanto pelos compradores afinados com a Corte.
O povo brasileiro foi inundado de análises e comentaristas sofisticados com um dicionário novo.
O governo FHC, a partir do prestígio que não merecia com o Plano Real, deu partida ao jogo de privatizações que assombraram o Brasil. Tudo aconteceu e nossas dívidas externas e internas pouco mudaram. Criaram agências reguladoras dependentes de instintos político-partidários e as deixaram a pão e mexerica. Seus titulares até que geraram confiança, mas a demagogia e oportuno dos grandes chefes venceram.
A estratégia de dividir o espaço das concessionárias em função de licitação de concessões a partir do menor preço de tarifa ou de quem pagasse mais pelo direito de explorar serviços e seus clientes veio com tudo.
Governantes mudam sempre e seus ministros mais ainda, como um dia me confidenciou uma secretária de um ministro do MME. Os políticos também sabiam disso. Idealismos? O depoimento do ex-ministro Deni Lineu Schwartz  (sdhpaz) foi profundamente esclarecedor e os “rolezinhos” da década de sessenta e setenta não amadureceram nem chegaram ao poder querendo o bem do Brasil realmente. Cartões corporativos, viagens internacionais, pompa e circunstância são mais eficazes em suas decisões do que os ideais alardeados antigamente.
Temos também gente séria em todos os níveis de Governo, lá estão por quê?
A Engenharia perdeu espaço para outras profissões. Qualquer estatal, autarquia e até universidades estão entupidas de DASs, assessores nomeados etc. Não sabem o que fazem ou estão lá para atrapalhar?
Os apagões e as chuvas de verão, sempre fortes, cidades que se agigantam, atividades mais e mais dependentes da energia, dos sistemas de mobilidade, saneamento básico, segurança e até nas escolas do ensino básico cheias de computadores mostram diariamente que o rei está nu e povo mal servido.
A sinergia gerencial foi perdida com a mercantilização e fragmentação das concessões. Os modelos institucionais existentes podem funcionar em países sérios, aqui...
Em Curitiba estamos numa situação inacreditável. A Copel refaz sua rede de distribuição sem usar redes subterrâneas, as árvores envelhecem e se fragilizam com as garagens subterrâneas, o afundamento do lençol freático, prédios gigantes, concentradores de carga, que viabilizariam sistemas mais sofisticados de atendimento precisam de geradores próprios, infernizando moradores com o barulho e criando mais riscos na manipulação de combustíveis e instalações nem sempre adequados. Nossos políticos são incapazes de assumirem a luta pela racionalização dos serviços.
Em 4 de fevereiro aconteceu um apagão porque um raio fortíssimo, deve ser muito grande (amperagem?) provocou um curto circuito num a linha de EAT sobrecarregada em plena tempestade. O Brasil sentiu.
Alimentadores foram desligados; seus usuários têm algum benefício por estarem na linha de sacrifício? As oscilações de tensão e frequência devem ter causado prejuízos em fábricas, serão indenizadas? Com certeza a má qualidade do setor de energia deve estar espantando investidores que não dizem nada, simplesmente desprezam o Brasil.
E nós nas cidades mal atendidas sabendo que as decisões de Governo são equivocadas, ruins, como devemos agir? Fazer de conta que não temos nada com isso?
Podemos até imaginar o medo que a arrogância da Presidenta provoca. Pagamos o mico. Ela não é a única com esse estilo. As senzalas criaram moda.
Está na hora de levar a sério a qualidade dos nossos serviços essenciais; a FIFA pode perceber que apostou no cavalo errado e a boa imagem que sonhávamos criar vai para o brejo. Depois, então, será a hora de cobrar a conta de nossos governantes ou simplesmente continuar lenientes e aceitando o que der, vier e formos obrigados a pagar.
Temos bons candidatos à Presidência da República?
Cascaes
5.2.2014
sdhpaz. (s.d.). DHPAZ PARANÁ - DEPOIMENTOS PARA A HISTÓRIA - DENI LINEU SCHWARTZ. (dh paz) Fonte: A favor da democracia no Brasil: http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com.br/2014/01/dhpaz-parana-depoimentos-para-historia.html



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