Racionalidade - existe?

Racionalidade
Nos últimos séculos do segundo milênio da era cristã a Humanidade acordou para a dura realidade da Natureza. A causalidade material ganhou força em substituição das lógicas do pecado, santidade, perdão, paraíso e inferno.
Graças a uma nova visão e condições de análise as ciências exatas e outras similares apareceram com força e cresceram.  Paralelamente filósofos desenvolveram novas estratégias de pensamento e o relacionamento humano político inventou a grande democracia, aquela sem distinções odiosas.
A Segunda Guerra Mundial e tudo o que a viabilizou terminou com a esperança de que teríamos um mundo melhor. Logo entramos na Guerra Fria e em conflitos menores, não melhores do que os anteriores.
Doenças graves deixam sequelas.
A Humanidade está cheia de marcas do racismo, xenofobia, culto à violência e ao arbítrio.
Alguns países abraçaram propostas de mais fraternidade e tolerância. Infelizmente indo de um extremo a outro as nações mais evoluídas agora sentem o peso de suas decisões. Lugares filosoficamente criativos e livres podem voltar a comportamentos medievais, pois aceitaram migrantes que introduziram em suas escolas, praças e políticas comportamentos retrógrados. O dilema da Europa é simples, enquanto imperialista demoliu culturas em outros continentes e ainda no século vinte o mundo “desenvolvido e forte” abraçava e explorava, submetia e humilhava povos numerosos. Essas nações dominadas tornaram-se satélites que agora mandam emigrantes para o continente europeu, principalmente.  
O desafio de educar e conviver com povos distantes deu um nó na cabeça dos políticos do velho continente. Partidos de extrema direita ganham força e os de esquerda se encontram catatônicos diante da radicalização de suas teses e seus efeitos.
Os resultados das eleições europeias sinalizam novos velhos tempos.
No Brasil temos tradição de conviver com culturas diferentes ou de exterminá-las. Atualmente, diante de novos valores, nem a escravidão, tampouco o genocídio são aceitáveis. Assim trocamos de foco, mais ainda porque colhemos o resultado de séculos de exploração radical das pessoas fragilizadas. Continuamos com prioridades alheias à Educação e Saúde do povo mais humilde, apesar dos progressos estimulados principalmente pelo Governo Federal, mas exatamente de Brasília ganhamos uma Copa do Mundo que enche as cidades de coliseus (e impulsiona a inflação), nossa economia depende da exportação de alimentos e minérios e as montadoras internacionais encontraram seu paraíso aqui. Ruas entupidas exigem metrôs e cidades que crescem irracionalmente destroem, entre outras coisas, o que sobrou da Mata Atlântica, depois reclamam da falta de água...
Povo, cadeia! O artigo (Menos prisões, 2014) merece ser lido e debatido com profundidade, clama por atenção e debates.
E nossos governantes precisam de mais e mais impostos, para quê?
Pior ainda, depois de um curto período de esperança na Justiça sentimos que tudo volta ao que era antes, protelando-se inclusive decisões que poderiam mudar o Brasil, como, por exemplo, o financiamento e o luxo das campanhas eleitorais. Sobre a política os partidos se transformaram em oportunidades de negócio assim como o horário eleitoral, pago pelo contribuinte, que Brasil é esse?
Nós e o mundo inteiro olhamos com perplexidade o que acontece. Não reclamamos, afinal é ótimo viajar por aí...
A maior dúvida é se a apregoada racionalidade do ser humano existe, seria uma fantasia nossa?

Cascaes
9.4.2014
Safatle, V. (8 de 4 de 2014). Menos prisões. Fonte: Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2014/04/1437330-menos-prisoes.shtml





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