Patriotismo, a Argentina, EUA e a Copa do Mundo

Pátria amada, nacionalismo e o ser humano
A Copa do Mundo é extremamente reveladora do cerne dos seres humanos. As seleções nacionais são amadas, defendidas, choradas e festejadas intensamente. Muitos matam e morrem torcendo por seus times formados por atletas profissionais, alguns já há alguns anos jogando em clubes estrangeiros.
Entre nós os argentinos são modelo de rivalidades e afirmações nacionalistas, merecendo uma análise especial, pois nossos vizinhos têm contradições dignas de nota.
A Argentina entra em mais uma etapa de sua agonia financeira. Um dos países com maior potencial de desenvolvimento do mundo, isso sem falar em sua beleza natural, graças à fertilidade do solo, capacidade criativa, grau de instrução estimulada desde o século 19[1], saúde etc. pode muito.
 Suas crises, entretanto, parecem intermináveis, afinal, erraram demais em se tratando de política interna e externa (qualquer semelhança com o Brasil é mera coincidência). Podem ser obrigados a mais uma freada ruim para todos nós, afinal somos parceiros em muitas atividades, inclusive de interesse de multinacionais espertas.
O potencial de crise ganhou um episódio tenebroso, a hipótese de calote [ (1), (2)] no pagamento de dívidas contraídas após décadas de desperdício monumental de divisas que eram fáceis e um período incrivelmente desastrado de ditadura militar e de neoliberalismo (3).
Os equívocos de nossos vizinhos começam a abalar sentimentos de unidade (4) e forçam-nos a repensar muita coisa (5), inclusive para o Brasil, onde os oportunismos de nossas elites tradicionais e emergentes desmancham sentimentos que podem renascer com um campeonato de uma entidade padrão FIFA, ou seja, trazendo para o Brasil pessoas arrogantes, desinteressadas pela nossa realidade e a serviço de patrocinadores distantes, suficientemente despreocupadas com suas imagens pessoais para terem disposição de apontar nossas falhas até em ruas e calçadas em volta de arenas absurdamente luxuosas (para torcedores ricos).
Ótimo, somos muito mais ricos por natureza do que esses embaixadores do imperialismo brutal que suas pátrias exerceram, mas, em contrapartida, explodiram lá mesmo em guerras, racismo, xenofobia, fundamentalismo religioso e ideológico e pensadores fantásticos, maravilhosos com propostas que não cansamos de admirar (6).
Os velhos continentes são nossa origem, referência, laboratório e expectativa de futuro intelectual e material.
A três Américas são uma hipótese de solução para o desafio do futuro, mas aqui mesmo devemos superar barreiras que travam nosso desenvolvimento.
O que é extremamente duvidoso, contudo, é imaginar se aqui ou em qualquer outro lugar da Terra a Humanidade iniciará um processo racional, fraterno, solidário e sustentável de desenvolvimento.
Precisamos, antes de tudo, gostar de nós mesmos, fazer opções sensatas, acreditar no futuro nessa vida e nesse planeta. O futebol resgata nossa paixão pelo Brasil, e o que mais?
As esperanças de evolução intelectual são grandes.
Até a pátria do individualismo começa a mudar; nos EUA o sufoco de guerras idiotas e indiferenças mórbidas parecem ceder às propostas do atual Presidente. Soldados lesionados pelas intervenções nos países islâmicos afetam os norteamericanos que não foram à guerra, recolocando o desafio da liberdade com fraternidade e responsabilidade por aqueles que a defendem (7). E o povo que é massa de consumo e manobra para tudo?
A aceitação de padrões de atendimento médico para ricos está em questão[2], para nós também (8).
Teremos eleições no Brasil. Aqui vivenciamos um clima de desilusão colossal, pois tínhamos muita esperança em lideranças aparentemente afinadas com os interesses de nosso povo. Grandes líderes assim como o cidadão ou cidadã mais humildes têm constituição física e mental semelhantes. Todos merecem respeito, mas qualquer um traz as fragilidades típicas dos seres humanos.
Devemos evoluir, aprender e construir um Brasil melhor.
Será que a Fifa, as manifestações populares e o rigor dos poderosos nacionais e internacionais vai afetar de forma positiva os votos dos eleitores brasileiros? Os candidatos terão capacidade de corrigir rumos? O Brasil será melhor após os quatro anos vindouros?
Cascaes
20.6.2014

1. Calote da Argentina é (mais uma) má notícia para o Brasil. Veja. [Online] 19 de 6 de 2014. http://veja.abril.com.br/noticia/economia/calote-da-argentina-e-mais-uma-ma-noticia-para-o-brasil.
2. Argentina acredita que Justiça dos EUA é 'parcial' no caso da dívida. G1. [Online] 20 de 6 de 2014. http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/06/argentina-acredita-que-justica-dos-eua-e-parcial-no-caso-da-divida.html.
3. Memoria del saqueo. soy loco por ti cinema. [Online] http://tvbrasil.ebc.com.br/soylocoporticinema/episodio/memoria-del-saqueo.
4. CORBELLA, ADRIÁN.UN PAÍS EN CELESTE Y BLANCO, por Adrián Corbella (para "Miranda hacia adentro"). MIRANDO HACIA ADENTRO. [Online] 19 de 6 de 2014. http://adriancorbella.blogspot.com.br/2014/06/un-pais-en-celeste-y-blanco-por-adrian.html.
5. Cascaes, João Carlos. O irredento. [Online] http://o-irredento.blogspot.com.br/.
6. —. Procurando Saber, Entender, Aprender Filosofia, História e Sociologia - SEM CENSURA. [Online] http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/.
8. Programa Mais Médicos. Portal da Saúde. [Online] http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/417/mais-medicos.html.







[1]Wikipédia - A educação é gratuita e obrigatória por 9 anos (a Educação Primária Básica, e a Educação Secundária Básica), e tem sido expandida sendo quase universal, e a manutenção desta situação se mantém no centro dos debates políticos e culturais.
A história da educação passou por várias revoltas. Mas começou a ganhar peso a partir do governo do presidente Domingo Faustino Sarmiento (1868 - 1874). Sarmiento fomentou a imigração, trouxe educadores europeus e construiu escolas e bibliotecas em todo o país, dobrando o número de matrículas de alunos no final de seu mandato. O dia dos professores coincide com o dia em que Sarmiento morreu, dia 11 de setembro, para comemorar o trabalho realizado por este presidente.

[2] The essential, undeniable fact about American health care is how incredibly expensive it is — twice as costly per capita as the French system, two-and-a-half times as expensive as the British system. You might expect all that money to buy results, but the United States actually ranks low on basic measures of performance; we have low life expectancy and high infant mortality, and despite all that spending many people can’t get health care when they need it. What’s more, Americans seem to realize that they’re getting a bad deal: Surveys show a much smaller percentage of the population satisfied with the health system in America than in other countries. Paul Krugman – The New York Times

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