Verso e reverso de um governo confuso

Verso e reverso de um governo confuso
Sonhamos com utopias. Queremos viver com liberdade, igualdade e fraternidade, repudiamos a miséria material, intelectual e a degradação física de pessoas. Lutamos pelo Estado de Bem Estar Social. É uma utopia (1)? Por que não?
Mais ainda, a sustentabilidade e a preservação da Humanidade são um tremendo desafio que exige máxima competência de todos [ (2), (3)], temos?
A organização dos estados sempre foi feita a partir de ilusões e utopias, a realidade, contudo, foi e é severa, refletindo a natureza humana.
Obviamente o disciplinamento de multidões implica em hierarquias, poderes e submissões. Os líderes, entretanto, facilmente se deixam levar pelas delícias das cortes.
O Poder é algo que transtorna as pessoas, podendo desfigurá-las irremediavelmente.
Um exemplo angustiante tivemos nesses últimos anos de muitas esperanças e frustrações.
O período presidencial da Economista Dilma Rousseff começou bem, parecia que teríamos, finalmente, um gerenciamento enérgico e eficaz do Brasil.
O Programa Viver Sem Limite (4) era fantástico e a decisão de investir para valer em infraestrutura na área de energia e mobilidade urbana e interurbana sinalizavam um período de ações eficazes e urgentes. Agora, inacreditavelmente, vemos, por exemplo, pronunciamentos oficiais de nossa Presidenta sem recursos adequados de acessibilidade, principalmente de intérprete LIBRAS, que estranho! Surdo não dá votos?
Projetos iniciados no governo anterior seriam concluídos, que maravilha!
O Programa Mais Médicos (5), além de colocar profissionais de Medicina em locais onde os nativos se recusam a trabalhar, forçou um debate importantíssimo sobre o atendimento ao nosso povo. Infelizmente centrou demais em “médicos cubanos”, quase insinuando dons imateriais que dificilmente serão diferentes da média humana.
A decisão e a conquista de melhor distribuição dos royalties do Pré Sal foi sábia e talvez viabilize a evolução da Educação no Brasil, isso se esse dinheiro não vier a ser gasto em obras suntuosas que denominam “Universidades”., sempre começando com prédios enormes, quando não modernosos.
Outras ações eram dignificantes até a nossa Presidenta começar a se preocupar com sua reeleição.
Aos poucos corporações tradicionais e extremamente poderosas estimularam medidas provisórias, “ajustes” e temores que por muito pouco não nos deixaram no escuro. O Setor Elétrico [ (6), (7), (8)] é um exemplo nítido do bambolê frouxo usado por muita gente incompetente ou desonesta, talvez simplesmente esperta demais.
Prosseguindo com a privatização do Brasil, negociando em prejuízo da boa governança de nosso país, cooptando acintosamente o apoio político e instrumentando corporações, os partidos políticos e seus dirigentes de plantão no comando do Brasil parecem perdidos.
A má qualidade, contudo, não é privilégio da equipe que venceu as eleições.
Estamos a poucos meses de uma eleição em que deveremos escolher para a Presidência da República o menos ruim; afinal todos se uniram para que nada fosse alterado e tudo o que os inquéritos da Polícia Federal “descobrem” envolve gente de todas as cores partidárias.
O que realmente foi assustador é que Inúmeros projetos estruturantes perderam prioridade diante da opção pela satisfação à banca Internacional (uma fábula a mais de dinheiro para manter direitos de especulação e maquinações financeiras) e a inflação, medida em cidades sede da Copa do Mundo, foi a desculpa para a elevação absurda dos juros, ou simplesmente uma forma de se evitar o racionamento de energia elétrica (9), sempre lembrando a relação entre o PIB e a demanda de energia.
A famosa “Base Parlamentar”, entretanto, assim como velhos companheiros espertos demais torpedearam o Governo Dilma Rousseff, talvez explorando acintosamente suas fraquezas pessoais. Nunca tivemos tantos ministros, quase chegando ao número que seria mais adequado, 40. Segundos de TV em horário político ganharam tanta relevância que, para adoçar o bico das concessionárias de rádio e TV Sua Excia. promulgou um decreto que permite o desconto do custo de programas políticos do Imposto de Renda (10).
Tínhamos uma grande esperança, chegaremos às eleições sem saber em quem votar.
Grandes líderes de nações poderosas mostraram, onde existiram, qualidades excepcionais e capacidade de minimizar as piores influências. Dos EUA Gore Vidal (11) escreveu muito, ilustrando o que uma democracia pode ser.
Talvez o Brasil, por não ter sido submetido a provas mais pesadas, ganhou seu alvará internacional sem muitas preocupações sociais, políticas e administrativas. Nossas elites nunca foram exemplares, raramente mostraram boas intenções, criaram, contudo, inúmeras formas de autopromoção e faturamento. Em meio a futilidades crônicas chegamos ao século 21 com problemas típicos do século 19 e início do século 20.
A Copa do Mundo no Brasil está sendo utilíssima ao nosso desenvolvimento político. Pela primeira vez podemos avaliar ao vivo e a cores o que significa governar e a importância da competência e dignidade de dirigentes. Jornalistas estrangeiros, talvez mais livres para dizer o que enxergam, denunciaram ganhos de imagem que tanto alardearam como um dos benefícios desse campeonato [ (11), (12), (13), (14)etc.]; aliás, os estudos de viabilidade propagados no início, há alguns anos, não foram refeitos e muitos projetos pararam, talvez para que sobre dinheiro para garantir contas prejudicadas por diversos erros táticos e estratégicos desses últimos anos. Preocupação com os últimos anos? Sim, pois a vitória do PT foi motivada pelo desejo de mudanças que não aconteceram.
Éramos especialistas em carnaval, desfile de “escolas” devidamente fantasiadas, agora paramos o Brasil para ver um espetáculo promovido por uma ONG estrangeira.
Falando em organizações não governamentais, ONGs, o Decreto Federal 8.243 publicado em 26 de maio deste ano (15)é um exemplo do jogo que se desenrola no Palácio do Planalto, afinal, onde o atual Governo Federal pretende chegar? Realmente pode “controlar os Movimentos Sociais”?
Tudo o que acontece em nosso país leva-nos a duvidar de sua governabilidade com esse modelo radicalmente centralizador em Brasília, corrigir de que jeito?
O tamanho e diversidades continentais sugerem uma reforma profunda (16), deixando para a União estritamente o que lhe compete, transferindo-se para os estados, reagrupados, o que sabem, podem ou devem aprender a fazer.
Responsabilidade com autoridade!
Nosso modelo viabilizou a fantasia “o Governo paga” e a transferência de responsabilidades para um grupo de governo lá no Planalto Central.
Regimes fortes e centralizados só se nossa opção for viver sob ditaduras que já conhecemos, sempre propensas a desvios assustadores.
Cascaes
30.6.2014


1. Montesa, Ferran. 04-03-2011 Programa: 7 utopías para cambiar el mundo. . Procurando Saber, Entender, Aprender Filosofia, História e Sociologia - SEM CENSURA. [Online] http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/2014/06/04-03-2011-programa-7-utopias-para.html.
2. Cascaes, João Carlos. Brasil 2050. [Online] http://brasil-2050.blogspot.com/.
3. —. Mirante da Sustentabilidade e Meio Ambiente. [Online] http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/.
4. Viver sem Limite. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. [Online] http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf.
5. Programa Mais Médicos. Portal da Saúde. [Online] http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/417/mais-medicos.html.
7. Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. [Online] http://www.ilumina.org.br/.
8. Regulação econômica. Ilumina. [Online] 2013. http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=20114.
9. Cascaes, João Carlos. Meu Deus do Céu, racionamento não! . Engenharia - Economia - Educação e Brasil. [Online] 15 de 5 de 2014. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2014/05/meu-deus-do-ceu-racionamento-nao.html.
10. Brasil, Agência.Decreto garante dedução do imposto de renda para emissoras obrigadas a exibir propaganda. em.com.br ESTADO DE MINAS. [Online] 20 de 8 de 2012. http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/eleicoes/eleicoes-bhregiao/2012/08/20/noticias_internas_eleicoes,312775/decreto-garante-deducao-do-imposto-de-renda-para-emissoras-obrigadas-a-exibir-propaganda.shtml.
11. Gore Vidal. [Online] Wikipédia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gore_Vidal.
12. Oliver, John.Jornalista explica para americanos o que a FIFA está fazendo com o Brasil. AhNegão. [Online] http://www.ahnegao.com.br/2014/06/jornalista-explica-para-americanos-o-que-a-fifa-esta-fazendo-com-o-brasil.html.
13. BRASIL: Jornalista dinamarquês recusa-se a cobrir Copa do Mundo e edita vídeo nas redes sociais. JSN. [Online] 1 de 6 de 2014. http://www.jsn.com.cv/index.php/mundo/1359-brasil-jornalista-dinamarques-recusa-se-a-cobrir-copa-do-mundo-e-edita-video-nas-redes-sociais.
14. Gomes, Nelci.Revista francesa detona Brasil e aponta Copa no país como o “Mundial do Medo”. JUS Brasil. [Online] 2014. http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/noticias/113685383/revista-francesa-detona-brasil-e-aponta-copa-no-pais-como-o-mundial-do-medo.
15. DAS, ANDREW. Eyesore and Landmark in One. The New York Times. [Online] 13 de 6 de 2014. http://www.nytimes.com/2014/06/14/sports/soccer/in-shadow-of-brazil-world-cups-premier-stadium-a-hulking-ruin.html?_r=1.
16. INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL - PNPS E O SISTEMA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL - SNPS, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. legislação.planalto. [Online] maio de 2014. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%208.243-2014?OpenDocument.
17. Cascaes, João Carlos. O irredento. [Online] http://o-irredento.blogspot.com.br/.



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