Tarifas e preços - serviços e produtos essenciais

Negócios ou serviços essenciais
O ser humano urbanizado vai se tornando visceralmente dependente de concessionárias e empresas que se falharem o obrigarão a mudanças radicais, se sobreviver fora da cidade em que vivia ou nela com padrões de antigamente.
A importância da energia, por exemplo, é tal que um esforço colossal criou megaempresas no Brasil, assim como o mais elementar e básico produto, o dinheiro, a partir do já centenário Banco do Brasil. Agora quem cria dinheiro é banca externa ao nosso comando, pode?
Muitos produtos e serviços precisam existir com custos e preços razoáveis, alguns subsidiados, outros não, todos, contudo, formando um conjunto que não podemos prescindir, a menos que renunciemos a muita coisa. Tarifas de serviços essenciais e preços de produtos estratégicos devem ser ditados por políticas de planejamento estratégico e não em balcões oportunistas.
Transporte coletivo, por exemplo, não é sujeito a leilões para ampliação da frota, o órgão regulador simplesmente determina a quantidade de veículos, trajeto e horário e as empresas se viram para atender de acordo com contratos de concessão previamente licitados. Podemos até lembrar os serviços especiais, para eles os preços de mercado, mesmo assim respeitando faixas de atendimento que, no caso do transporte de passageiros dentro das cidades passa pelos táxis simples, de luxo até camionetes de diversas configurações.
São Paulo, se valesse o modelo do Setor Elétrico estaria oferecendo água potável a que preço?
Aos poucos os governos em seus três níveis criaram sistemas de saúde, escolares, segurança etc. garantidos pelo dinheiro do contribuinte e daqueles que dependem dessas atividades ou produtos.
Na área energética, onde os investimentos são enormes e demandam muitos antes de decisão e obras além do indeterminismo de cronogramas a fragilidade dos consumidores é muito grande, sendo mais do que justo a imposição de padrões de exploração honestos, justos e severos. Não faz sentido, por exemplo, ver a energia proveniente de usinas hidrelétricas sendo vendida a preço de ocasião.
O modelo institucional existente no Brasil é uma cópia deformada do existente em outros países, de modo geral dependentes de fontes térmicas e nucleares.
Países desenvolvidos, com pouquíssima possibilidade de aumentos de bruscos de carga, pois já atingiram porte e forma de desenvolvimento onde a tendência é a estabilização do consumo, até por efeito da exportação de fábricas eletrointensivas são facilmente previsíveis, as dúvidas oscilam em margens estreitas.  Esse tipo de parque gerador é facilmente programável, e quando alguma maldade aparece , aí sim, o pesadelo é grande, como parece ter acontecido nos EUA em tempos da ENRON.
Se, como é o caso do Brasil, usamos fontes que precisam ser coordenadas com São Pedro e atinentes ao nosso padrão econômico, o pesadelo pode ser grande ao se adotar modelos importados.
Isso aconteceu e, pior ainda, sob um governo infinitamente mais preocupado com sua popularidade e reeleição do que no respeito a normas de boa gerência e Engenharia.
Estamos vendo a explosão das tarifas das empresas distribuidoras. Explicar em detalhes as razões disso exige muito espaço; recomendamos o portal Ilumina (1) e auditorias severas, absolutamente independentes dos interesses de carteis brasileiros e políticos e com capacidade demonstrada em outros continentes.
O que sabemos “off record” e explicitamente é que falhas colossais estão criando e destruindo fortunas, mas, acima de tudo, gerando uma dívida de dezenas de bilhões de reais que deveremos pagar.
Só uma dúvida, onde estão os CREAs, centrais sindicais, entidades patronais, FIESP, políticos etc. que parecem mudos diante de tudo isso? Vamos continuar falando de ideologias e culpando atores difusos?

Cascaes
9.7.2014

1. Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. [Online] http://www.ilumina.org.br/.




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