Racionamento de energia elétrica?

O Brasil e os grandes naufrágios
Acidentes de grandes proporções têm histórias que merecem ser relembradas sempre. No Brasil grandes aviões geraram centenas de vítimas em situações inaceitáveis de risco assim como aconteceu na Boate Kiss (1). O desprezo de legisladores e governantes gera mortes e pessoas com deficiência diariamente (2) nas estradas e cidades em consequência de sistemas precários e, ou mal gerenciados. Omissão e corrupção andam de braços dados nos serviços essenciais...
A área energética é singular, complexa, essencial a tudo o que fazemos, mas justamente nesse setor tivemos algo parecido com o naufrágio do Costa Concordia, para o qual a Wikipédia dá um bom roteiro de artigos nas referências de seu texto sobre o assunto (3).
 Nada mais parecido com o que aconteceu ao Titanic e seus passageiros e tripulantes quanto a campanha eleitoral para a Presidência da República do Brasil neste tenebroso ano de 2014.
O Titanic, mais antigo, serviu de base para inúmeras obras literárias e artísticas, é didático, antológico. Os dois naufrágios (Titanic e Costa Concórdia) mostram que o comandante precisa antes de mais nada cumprir suas obrigações com aqueles pelos quais é responsável. Temeridade, coragem à custa dos outros é crime e assim precisa ser considerado.
No desastre com o Costa Concórdia ficou evidente que uma série de atitudes promocionais da empresa proprietária do navio e a irresponsabilidade de um comandante mal escolhido levaram o transatlântico a bater em rochedos.
E no Brasil?
Além do que a mídia destaca diariamente a partir dos inquéritos policiais chegamos a limites absurdos no Setor Elétrico (4) que até justificam a paralização do processo de desenvolvimento econômico para uma tentativa de ganhar tempo até as obras em andamento começarem a operar (bem, em conjunto, sem restrições). Perdemos, contudo, um valor colossal de recursos no mercado de doidos criado para esse insumo e serviço essencial: a energia elétrica.
Se algum gênio onisciente puder governar a babel criada para a privatização de um sistema que prosperava tecnicamente que se apresente com urgência. A verdade é que o medo de confessar problemas e desagradar gente “peso pesado” fez com que chegássemos a esse ponto, sendo obrigados a ver reportagens mal feitas e alertas tardios (5).
Profetas do passado não resolvem problemas, estudar e corrigir erros estruturais, contudo, é essencial ao futuro de nosso povo. O Brasil é grande demais para Brasília. A União deveria cuidar do que é capaz e não se meter onde não deve.
Alguns alertas importantes aconteceram (6), mas não foram motivo de atenção necessária e suficiente. O comando político mostrou-se apavorado com anúncios de fragilidade e repeliu qualquer atuação preventiva razoável, exceto colocar em operação usinas caríssimas, jogando o custo para depois das eleições. O resultado é que a estiagem atual e o atraso de obras (7) estão criando uma perspectiva de racionamento e custos elevadíssimos no mercado kafkiano da energia. Provavelmente mais inconsistências apareceriam se fosse possível um diagnóstico preciso de inúmeras usinas, linhas de transmissão e subestações.
A área energética depende demais de decisões federais que no processo político existente é frágil e demagógico.
Precisamos distribuir melhor atribuições e responsabilidades.
Cada cidade e estado devem poder se governar e responder pelo que fizerem. Tutelas excessivas criam desconexão entre causas e efeitos de decisões, mais ainda quando são tomadas em gabinetes distantes e nebulosos.
Quando teremos as reformas para corrigir isso (8) viabilizando um país produtivo e eficaz?
Vendo reportagens do Congresso Nacional temos vontade de chorar; que patético! Além dos tradicionais abraços teatrais, as promessas de quase vingança pela derrota nas eleições...  Culpa de quem? Talvez fraudes (tradicionais em processos eleitorais em muitos países, principalmente em ditaduras autodenominadas “democráticas”), mas só isso? Esperamos que todos se unam para salvar nossa população de mais custos e prejuízos...
Para nosso povo o importante é que tenhamos boa administração, instituições sadias, eficácia. Com certeza estamos nos afastando disso com o cipoal de leis, decretos, regulamentos, portarias etc. de origem negocial em Brasília e sem atenção para nosso gigantesco país, felizmente abrigo de muitos povos, culturas e vocações, por isso mesmo carente de soluções específicas, ajustadas às inúmeras microrregiões brasileiras.
Precisamos de mais responsabilidade e independência. Quem tiver sucesso servirá de modelo para aqueles que errarem.
Quando o Brasil será um país racional com um povo responsável?
Cascaes
6.11.2014

1. Luiza Carneiro, Vinicius Rebello. Familiares se emocionam com nome de indiciados da Kiss e pedem justiça. G1. [Online] 22 de 3 de 2013. http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/03/familiares-se-emocionam-com-nome-de-indiciados-da-kiss-e-pedem-justica.html.
2. Mau estado das calçadas provoca 300 acidentes por dia em SP. R7 notícias. [Online] 25 de 10 de 2011. http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/mau-estado-das-calcadas-provoca-300-acidentes-por-dia-em-sp-20111025.html.
3. Naufrágio do Costa Concordia. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Naufr%C3%A1gio_do_Costa_Concordia.
4. Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. [Online] http://www.ilumina.org.br/.
5. Queiroz, Renato.Senso de urgência: conter o consumo de eletricidade no país – Artigo do Infopetro. ILUMINA. [Online] 5 de 11 de 2014. http://ilumina.org.br/senso-de-urgencia-conter-o-consumo-de-eletricidade-no-pais-artigo-do-infopetro/.
6. CMSE eleva risco de déficit de energia no Sudeste em 2015 – Estado de SP. ILUMINA. [Online] 6 de 11 de 2014. http://ilumina.org.br/cmse-eleva-risco-de-deficit-de-energia-no-sudeste-em-2015-estado-de-sp/.
7. Obras atrasam e Brasil perde energia que teria a mais. Lucas estevesLiderança do PSDB no Senado. [Online] 4 de 11 de 2014. http://www.lidpsdbsenado.com.br/2014/11/obras-atrasam-e-brasil-perde-energia-que-teria-a-mais/.
8. Cascaes, João Carlos. O irredento. [Online] http://o-irredento.blogspot.com.br/.



Comentários