Enojados pela política no Brasil

Juros e juras de amor ao mercado
A inflação ficou menor em 2014 do que o limite determinado pelos acordos com a banca internacional. Naturalmente os investidores querem garantias de pagamento justo ou maior em cima de seus investimentos no Brasil e os especuladores sonham com as instabilidades emocionais, ganham muito dinheiro daqueles que se assustam facilmente. O cenário criado pelo descontrole de muitos governantes, em destaque o federal, viabilizou uma hecatombe que agora se transforma em inflação brutal via impostos, tarifas, taxas etc. Essas serão contas de 2015.
Nossos governantes deslocaram para 2015 as contas que poderiam criar aumentos de custos, mas elas existem. Assim os impostos, as taxas, tarifas e até carimbos estão aumentando assustadoramente.
Com certeza 2014 não será esquecido tão cedo. Ano que começou com a apologia monumental em torno do futebol, um tremendo negócio para muitos, das empresas de mídia às lojas de apostas espalhadas pelo mundo, sem falar nas multinacionais de bondes e similares. A Argentina quebrou esfumaçando um imenso mercado, principalmente para as montadoras de automóveis. O negócio agora é investir em propaganda para que os brasileiros usem mais e mais automóveis. A estiagem colossal criou pressões inflacionárias irresistíveis e a oportunidade de especulação ainda não auditada convenientemente sobre a energia que existia e que deixou de ser produzida na hora certa. As crises internacionais foram desprezadas, afinal 2014 foi ano de eleições.
Perdemos de 7 a 1, mas ganhamos a Operação Lava Jato, algo que tem muito a revelar. O que descobrimos preliminarmente é que tudo poderia ter custado menos se empresas “espertas” não se aproveitassem da intimidade com os políticos para impor qualquer preço a seus produtos e serviços. Outros processos nacionais precisam ser julgados, com destaque o que envolve o crime organizado em torno de cassinos até o metrô de São Paulo. As drogas estão aí por leniência dos legisladores e governantes.
Há muito a ser analisado, talvez o principal, o uso e abuso do que a legislação permite. O formalismo jurídico e uma jurisprudência ao gosto dos bandidos é a avenida pela qual muitos absurdos acontecem pesando violentamente no resultado de serviços e produtos de concessionárias, empreiteiras e indústrias que negociam com entidades governamentais.
Poderíamos ser um espaço de empreendedorismo, mas aqueles que formalmente defendem a desburocratização preferem cargos federias, estão castrados.
E os juros? São necessários? O Banco Central só sabe fazer isso? É a única ferramenta para conter uma inflação inevitável graças aos erros federais e caprichos da Natureza?
A burocracia infernal precisa existir aumentando custos? As leis brasileiras são razoáveis? românticas?
Início de mandatos e momento de viabilizar eleições de prefeitos, período das maldades extremamente oportuno, pois agora nossa gente quer descansar e se divertir. O povo esquece facilmente. Estamos vendo semanalmente decisões municipais, estaduais e federais de estarrecer. Nem a viúvas escaparam. Elas iriam quebrar o sistema previdenciário brasileiro...
E os juros?
A maior sangria da receita fiscal está no pagamento de juros que o Banco Central determina. Isso é lógico, necessário, justo e correto?
O mais intrigante é que o partido político dominante no Brasil, depois do PMDB, fez sua carreira denunciando essa lógica kafkiana. Agora é neoliberal, abraça o Consenso de Washington, quer privatizar até a Caixa Econômica Federal!
O mundo dá muitas voltas; quando vivemos muito chegamos ao final da vida completamente tontos, enjoados, enojados com o esgoto que aparece.
Cascaes
9.1.2015



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