Em tempos de crise - filosofando



O desafio da sobrevivência no Brasil com liberdade e felicidade
A Revolução Francesa adotou o lema “liberdade, igualdade, fraternidade”[1] e marca um momento de reflexões na história da Humanidade; antes e depois a sociedade humana, dinâmica como aparece quando a inteligência se sobrepõe a usos e costumes arcaicos, evoluiu e regrediu diversas vezes, a história francesa é e será sempre referência para aqueles que querem aprender algo sobre o comportamento de nações pensadoras [1] e lutadoras. A renúncia à liberdade a favor de seres superiores materiais ou não é, contudo, rotina, principalmente em países sem cultura democrática consolidada. O servilismo mata a inteligência e a liberdade.
A democracia é, entretanto, uma forma de governo complexa com limites que, lamentavelmente, carece de fronteiras bem definidas. A Natureza, espaço de trabalho e de produção de muito do que precisamos para viver, não é democrática, ao contrário, é rígida e impõe respeito. Assim vimos no discurso de Glória Alvarez [2]com satisfação a defesa da proposta de luta contra o populismo, um câncer mundial e perigoso, principalmente na América Latina onde o caudilhismo e depois o fascismo fizeram de nosso continente um ambiente de deseducação para a cidadania justa e perfeita.
No Brasil estamos sentindo os efeitos de um populismo [3] maquiavélico que transformou as eleições de 2014 numa farsa ao lastrear candidatos a postos de comando com promessas impossíveis. Naturalmente os “pacotes de maldades” surgiram durante as férias, pois já não havia espaço para a manipulação da economia dos estados e da União.
A Operação Lava Jato [4] e outras já famosas e que deverão aparecer demonstram comportamentos lascivos, crimes que agora demonstram os motivos de tarifas, produtos e impostos maiores além de serviços e obras ruins. O prejuízo é imensamente maior do que o dinheiro gasto em caixas 2 e propinas pessoais.
O povo paga a conta de sua alienação tradicional e a leniência daqueles que poderiam ter agido antes.
É desesperador perceber que filhos, netos, amigos e outros perderão muito com os ajustes exigidos pelos gestores de nossas contas (nacionais e internacionais). Afinal o dinheiro, por mais maldades que possamos atribuir a bancos e especuladores, é algo que reflete o trabalho e a produção capaz de alimentar e criar felicidade, além da segurança (saúde, energia, transportes, segurança policial, etc.) e Justiça. Mais uma vez, já virou até rotina para os mais velhos, o Brasil se dobra após governos irresponsáveis ou ingênuos, populistas e/ou incompetentes da pior espécie.
A ingerência da má política nas estatais e a liberdade das demais empresas desde que simpáticas aos poderosos de plantão travam o Brasil e expõem nosso povo a pensamentos e propostas inconsequentes além de fórmulas antigas de ditadura, sempre esquecendo que o Brasil é imenso e governá-lo exige centenas de milhares de “chefes”. Que organização possui esse contingente de iluminados para mudar, ingerir, agir sobre serviços essenciais, por exemplo?
Nossas autarquias, empresas estatais e de capital misto formaram quadros técnicos de boa qualidade, mas gradativamente acabaram submetidas às simpatias de chefetes externos e lideranças maldosas ou preguiçosas [2]. Concessionárias e seus intermediários privados deitam e rolam sobre nosso povo assim como outros empresários descobriram que o ideal é a formação de carteis e a aceitação do loteamento de atividades ao custo e qualidade definidos fora de governos eleitos, mas com poderes maiores do que os líderes construídos ao gosto e prazer dos financiadores de campanha.
Competência, qualidade, confiabilidade, custos e honestidade é o que precisamos daqueles que nos servem para sermos felizes e saudáveis. Alguém gostaria de se submeter a pilotos de avião escolhidos por políticos (só para exemplificar)? Que tal deitar numa mesa de cirurgia e ser atendido por médicos(as) e enfermeiros(as) selecionados por chefes de sindicatos ou de partidos políticos? Viajar em ônibus dirigidos por amiguinhos dos poderosos? Estaríamos tranquilos nessas ocasiões? Isso tomou força nesses últimos anos; o desastre causado por DASs oportunistas e similares é evidente assim como, muito pior, de seus chefes extremamente dispostos a lamber os sapatos daqueles que os nomearam.
O jeito é rever e refazer hábitos, apelando até para a Filosofia. Queremos ser felizes [5] ou consumidores? Precisamos atravessar o mundo em aviões para ir à praia? Que roupa usar? Isso é felicidade?
Nesse momento em que nós, brasileiros, passamos pelo turbilhão de uma crise que poderá ser longa, nada melhor do que repensar a vida e escolher com mais cuidado os caminhos imediatos e futuros. Mataram (mais uma vez) nossas ilusões da felicidade com prosperidade constante.
Não temos atalhos razoáveis e qualquer aventura poderá redundar em retrocessos monumentais, o que fazer?
Cascaes
3.3.2015

[1]
J. C. Cascaes. [Online]. Available: http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/.
[2]
G. Alvarez, “Gloria Alvarez sobre Populismo - Legendado,” Engenharia - Economia - Educação e Brasil , setembro 2014. [Online]. Available: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2015/03/gloria-alvarez-sobre-populismo-legendado.html.
[3]
F. S. Araujo, “Populismo,” [Online]. Available: http://www.infoescola.com/politica/populismo/.
[4]
“Operação Lava Jato,” [Online]. Available: http://noticias.r7.com/brasil/operacao-lava-jato.
[5]
A. d. Botton, “Epicuro y la felicidad,” Procurando Saber, Entender, Aprender Filosofia, História e Sociologia - SEM CENSURA, [Online]. Available: http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/2015/03/epicuro-y-la-felicidad-1-de-3.html.
[6]
“Liberté, égalité, fraternité,” Wikipédia, [Online]. Available: http://pt.wikipedia.org/wiki/Libert%C3%A9,_%C3%A9galit%C3%A9,_fraternit%C3%A9. [Acesso em 3 3 2015].







[1] Liberté, Egalité, Fraternité (Liberdadeigualdadefraternidade, em português do francês) foi o lema da Revolução Francesa. O slogan sobreviveu à revolução, tornando-se o grito de ativistas em prol da democracia liberal ou constitucional e da derrubada de governos opressores à sua realização.
O slogan é citado na Constituição francesa de 1946 e 1958.
Embora seja impossível apontar – se é que houve – um autor, um dia, uma hora, e termos de apontar o seu aparecimento como sendo sobretudo criação colectiva dessa conturbada época, quem na verdade se refere a esta trilogia primeiro parece fora desse contexto revolucionário. Ela pertence ao humanista cristão Étienne de La Boétie, amigo de Montaigne e colaborador de Michel de l´Hôpital, que a escrevera, já por volta de 1550, no seu "Discours de la servitude volontaire" ("Discurso da servidão voluntária").
Em seguida, encontramos os três princípios nas obras de alguns autores católicos do século XVII com igual propósito, nomeadamente em Antoine Arnauld que propõe, em 1644, uma tradução do "De moribus ecclesiæ catholicæ", de Santo Agostinho no qual se lê que: a Igreja reúne os homens em fraternidade, que os religiosos vivem a igualdade por não terem propriedades, que os fiéis “vivem na caridade, na santidade e na liberdade cristã” .
Só muito mais tarde, em Maio de 1791, vê-mos-lo num discurso inflamado de René Louis de Girardinmarquês de Vauvray, dirigido aos membros do Clube dos Cordeliers, no qual, pela primeira vez, foi proposta o lema “Liberdade, igualdade, fraternidade” que a partir daí se tornaria a da República Francesa e por "simpatia" ou "incorporação" o da francomaçonaria que a apoiava .
A sua fidelização. enquanto divisa simbólica, surgirá reforçada logo em 1793 com o hebertista Antoine-François Momoro ordenando aos seus cidadãos, de Paris, a pendurarem nas suas casas, em grandes caracteres, as seguintes palavras: "Unidade, Indivisibilidade da República, Liberdade, Igualdade, Fraternidade, ou a Morte” e que estava dentro do seu espírito ateu e grande divulgador do Culto da Razão.
Durante a ocupação alemã na França durante a II Guerra Mundial o lema foi substituído na área do governo de Vichy com a frase Travail, famille, patrie (trabalho, família e pátria) para evitar possíveis interpretações subversivas e desordenadas. Fonte [1]

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