A importância de novos paradigmas - urbanismo

A evolução (ou o contrário) de qualquer ser humano é função da educação que recebe e dos modelos que aceita como paradigmas.
O passado da Humanidade, falando de tempos não muito distantes, formou mestres e paradigmas que, por sua vez, vinham de tempos anteriores às suas existências.
O maior desafio foi, é e sempre será a atualização de figurinos, crenças e padrões.
Com certeza em muitos lugares da Terra multidões sobrevivem graças à imitação e preservação de cenários milenares. Naturalmente conquistam corações e paixões, mas seriam adequados os ensinamentos que transmitem? Precisamos conhecer, estudar e aprender com nossos ancestrais as boas lições e corrigir tudo o que fizeram de errado. Se tivemos profetas iluminados, a maioria estava falando de outra vida, no paraíso, inferno, limbo ou simplesmente no sossego de não existir mais. Cientistas? Grandes líderes? Cumpriram suas missões, mas também deixaram a base para mais dúvidas e mudanças.
Se queremos para nossos descendentes um mundo melhor, aqui neste planeta, precisamos inovar, evoluir a favor da qualidade de vida e sustentabilidade.
Nascemos totalmente dependentes e de quem nos ampara aprendemos a formar a base inicial. Acidentes, doenças, vizinhança, amigos e amigas e influências hormonais, escolares etc. criam o jovem. Dele teremos muito mais tarde o adulto, o que não é simplesmente um espaço cronológico, mas o tempo em que descobrimos que além de direitos temos deveres importantes em relação à sociedade e à família.
A maturidade, quando obtida após muitos anos, significará um tempo de comportamento mais justo e fraterno, solidário, tudo baseado nos melhores ensinamentos possíveis, se existiram e foram aproveitados.
As cidades são um tremendo laboratório e, por que não, o circo onde sentados na arquibancada ou trabalhando no picadeiro seremos expectadores ou atores; palhaços, domadores, malabaristas, mágicos, trapezistas, dançarinos etc. farão espetáculos em prazo curtíssimo mostrando situações que simbolizam a vida em seus extremos. Vamos ao circo para ver atletas e artistas no limite de suas capacidades e esquecer o que fazemos em casa, nas ruas e estradas, no meio de desfiladeiros de pedra e parques...
O grande circo é a cidade, de graça, lugar onde podemos encontrar situações mais perigosas e inusitadas. Seriam boas? Ruins? Neutras?
Vale a pena centrar a atenção para algo que há poucas décadas tinha valor mais decorativo do estratégico, as calçadas. Na década de cinquenta do século passado, para mencionar o tempo do final da nossa (minha) infância e início da puberdade, as ruas eram playgrounds e apenas em cidades muito grandes as filas de carroças, charretes, bondes e veículos motorizados dinossáuricos expulsavam as crianças de suas brincadeiras de rua.
E hoje? Os grandes urbanistas, mestres de cidades daqueles tempos, fizeram escola e passamos a ter em muitas cidades importantes maquiadores, gerentes, “mestres” fora de sintonia com os nossos tempos, esquecendo os desafios do século 21, principalmente a favor do ser humano.
Nossas crianças agora vivem engaioladas e dominadas por telinhas pequenas, médias e grandes. Se praticam exercícios físicos isso depende da qualidade das escolas que frequentam, outras, filhas de pessoas sem esperança, vagueiam pelas ruas catando lixo, usando drogas, convivendo com delinquentes e bandidos.
Voltemos a um tema mais rudimentar.
As calçadas, que desastre!
Para não nos acusarem de subversivos podemos simplesmente descrever, mostrar, questionar leis, decretos, regulamentos e o estado de conservação dos circuitos para pedestres e (agora) ciclistas. A falta de respeito pelo cidadão comum atinge níveis absurdos quando qualquer obra é realizada nessa faixa de servidão colocada à disposição de concessionárias, bares, bancas de revistas, ambulantes e até árvores gigantescas.
Em Curitiba chegamos ao absurdo de adotar há meio século ou pouco mais padrões superados (petit pavê e pedras irregualres) transformando o piso em obras intocáveis (dizem que são obras de arte).
As calçadas são perigosas? Mal feitas? Têm obstáculos significativos? São intransitáveis para cadeirantes e pessoas idosas, cegas etc.? descontínuas? Isso é problema (por lei anacrônica) dos proprietários de imóveis e o resultado de uma fiscalização precaríssima. Nossos eleitos sabem que não devem incomodar seus eleitores e não têm coragem de governar?
E as ruas? Para elas temos até secretários municipais e, na falta de maior rigor com os motoristas, locais onde os acidentes enchem as UTIs, quartos e salas de hospitais e cemitérios (agora existem os crematórios, economizando espaços).  É até interessante parar em alguma rua, os carros vêm com tudo para cima da gente, buzinando e xingando a coitada de nossa mãe. Com certeza existem exceções e descobrimos lugares onde esses mesmos motoristas dirigem com cuidado, por quê?
Alternativamente encontramos lugares privilegiados de convivência, os famosos shopping centers. Quem pode pagar vive bem, seria esse o critério brasileiro cuja Constituição Federal relaciona tantos direitos inócuos?

Cascaes
7.4.2015


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