Serenidade e esperança no Brasil




O ano de 2015 deverá entrar para a história do Brasil no mínimo como tendo sido um período de tremendas decepções e ações difusas, confusas, precipitadas e reveladoras. Acordar de sonhos (apesar do 7 a 1 caríssimo e vergonhoso) e cair em pesadelos não é fácil, engolir remédios paliativos, corretivos e venenosos pior ainda.
Nesse contexto sentimos tropas de militantes de todas as cores, algumas querendo conquistar espaços, outras aproveitando as oportunidades que surgem para ganhar lugares nesse tremendo circo e os exércitos de defensores, soldados de trincheiras nesse teatro ou estádio cheio de torcidas organizadas (eventualmente alucinadas) que é a política.
O que vemos no Brasil é o resultado de uma conjunção tenebrosa de fatores naturais, materiais, comportamentais e até, como os muitos inquéritos de grupos de elite de nossas polícias mostram (e as reportagens investigativas ilustram),  a revelação inequívoca de que estávamos (ainda existe?) sob o império de armações dolosas e altamente prejudiciais ao povo brasileiro.
Com certeza devemos pagar as contas, afinal os carteis e quadrilhas não teriam dinheiro suficiente para compensar os estragos feitos. Os idosos, aposentados, as crianças sem creches e escolas, os hospitais em frangalhos e muito mais que o digam... Os efeitos não se restringem a detalhes de vida agora e sim sobre tudo o que acontecer adiante.
Até irrita tremendamente ver lideranças que admirávamos dizerem, repetirem, insistirem em elogios de seus “partidos” diante do pior: a degradação sem limites de nossas instituições para quem acreditava tanto em seus ídolos rebeldes e puritanos (?) há poucas décadas. Os pés eram de barro.
Agora precisamos de avaliações serenas, cautelosas e eficazes do que fazer. Um país gigantesco é semelhante a grandes navios, é impossível mudar ou reverter o curso de imediato. Dentro desse corpo que se desloca cheio de gente ou cargas perigosas a tripulação é a mesma enquanto o pesadelo acontece; por bem ou mal espera-se que não sejam suicidas nem tenham neuroses e vícios que se sobreponham ao próprio dever (jurado ao serem diplomados) e compromissos éticos.
Desde que inventaram a Propaganda e a arte de iludir as elites deitaram e rolaram sobre a ignorância de povos absolutamente incultos, mal informados. Assim é natural no ambiente político e até administrativo sentir ações secundárias para distrair todo mundo. Nem sempre é errado; enquanto o Titanic afundava a maior parte dos passageiros masculinos permitiu que mulheres e crianças embarcassem nos escaleres enquanto a orquestra de bordo tocava músicas para acalmar e confortar; marinheiros e pessoas mais lúcidas e solidárias se esforçaram para ajudar quem precisava. Na política vemos situações diferentes, raramente solidárias. O maquiavelismo impera.
A Humanidade e o Brasil são o resultado das muitas transformações do comportamento humano, um animal pretensamente e arrogantemente racional e feito “à imagem e semelhança do Criador”. Temos, atualmente, condições de aprender muito e assim escapar de utopias e bases retrógradas. Muitos gênios da Humanidade mostraram e explicaram os erros do passado, próprios de momentos, cenários e capítulos inevitáveis da transformação que nossos ancestrais sofreram em existindo e evoluindo (eventualmente regredindo); agora fazemos nosso degrau.
O que é assustador?
É fundamental esperar e agir com serenidade. Não vemos isso a partir de lideranças que talvez não representem nem seus eleitores, ou estariam criando situações em conluio com os poderosos da nação? Quanto pior melhor?
O teatro exige artistas. Os melhores podem assumir papeis totalmente diferentes de suas personalidades reais.
Felizmente o Brasil é grande, mas, exatamente por isso, precisará de muito tempo para os ajustes necessários. Não queremos virar ferro velho ou carcaças desmanchadas no fundo dos oceanos.
Teremos capacidade para isso?
Destacando, falamos muito mal das redes de televisão, elas são o verdadeiro poder nesse momento. A tecnologia avança e alternativas aparecem. A mídia, o marketing e a seleção adequada de roteiros e programas precisam comover nosso povo de forma positiva. Se existe um pacto de salvação nacional ele deve começar pelos responsáveis pela mídia comercial, ainda imbatível.
O Brasil vai melhorar e muito. Apenas lembrando a Operação Lava Jato, se continuar sua patrolagem ética promoverá mudanças fortes. Infelizmente depende de níveis federais de decisão... Nos estados e municípios a mídia e bons delegados abrem a barriga de um corpo que estava em estado adiantado de doenças gravíssimas. Agora é esperar que os médicos políticos e sociais tenham sucesso.
Não existe milagre, o que precisamos é valorizar os verdadeiros sentimentos de solidariedade e amor à pátria, ao nosso povo, ao ser humano em geral; com o tempo os brasileiros poderão subir degraus democráticos (longe dos exemplos caudilhescos, idolatria a ditadores de direita, esquerda, centro etc.) dentro de valores justos e necessários, preservando, acima de tudo, a imensa diversidade cultural, moral, étnica, comportamental etc. que demoramos a ter e respeitar.
Cascaes

15.4.2015

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