Silêncio trilionário, Brasil nonsense



Silêncio trilionário
Nesses últimos anos de euforia “nonsense”[1]o Brasil festejou cenários otimistas que explodiram suas contas. Vamos para outro período de recessão dentro de um quadro internacional preocupante.
Nossa pátria sempre sofreu pesadamente as crises internacionais e as nacionais, aqui graças a guerras locais, revoluções, levantes militares e ideológicos, com destaque para o “Encilhamento” e a Guerra do Paraguai. Dentro de nossas fronteiras a insistência na escravidão promoveu um tremendo atraso moral, intelectual, social que se reflete até hoje em nossa psique nacional. O genocídio contra os povos pré-colombianos repetiu aqui o que aconteceu nas lutas étnicas mundiais, com uma diferença, ainda no meio do século 20 acontecia discretamente onde boas terras atraiam empresas colonizadoras.
A atuação dos Ministérios Públicos e do Poder Judiciário, graças a alguns expoentes que estão entrando para o Panteão Brasileiro mostra, condenem ou não nos meandros da Justiça, a realidade centenária, a crença de que existe gente acima da lei e do respeito ao próximo.
Um aspecto que começa a produzir uma tragédia é a recessão econômica e a inflação, com o aumento de uma dívida financeira construída graças a regras para lá de espertas embutidas na nossa Constituição Federal e acordos internacionais.
Quantos anos regrediremos? Quantos brasileiros e brasileiras serão condenados ao desemprego, indigência, perda significativa de qualidade de vida?
Aah, a política! Nossos líderes dizem candidamente que tudo foi ato natural na disputa pelo Poder...
O mais agressivo, contudo, para quem gosta desse assunto, é ver que “categorias”, entidades de classe, corporativas, sociedades secretas, discretas e públicas e até partidos políticos estão se mobilizando com mensagens até ingênuas contra governantes que apoiaram até recentemente. Com certeza entre essas organizações existiam especialistas e pessoas bem informadas que sabiam o que estava acontecendo; poucos, muito poucos se empenharam para alertar nosso povo.
A mídia comercial, com seus patrocinadores e contratos de promoção da Copa do Mundo silenciou até o início da campanha eleitoral, quando vimos de forma insolente entrevistas devastadoras.
Temos, contudo, as redes sociais, a internet. Raramente encontramos nela quem se expusesse com avisos mais do que oportunos, como era o caso do Setor Elétrico onde a tempestade foi chegando com raios, trovões, ventanias, granizo, ciclones etc. (1). Os acólitos da Presidência da República e de algumas corporações poderosíssimas queriam até a redução de tarifas, ignorando o agravamento de reservatórios, atrasos de obras, mudanças climáticas e o custo dos combustíveis, além de projetos absurdos como foi o de trazer eletricidade via usina de Uruguaiana, um “equívoco” que levou bilhões de reais de investimentos irracionais há alguns anos (por quê silenciam?).
A energia elétrica, uma “commodity” como gostam de dizer os especuladores, virou artigo de comercialização feroz sem esquecer que é fonte inestimável de impostos, onerando brutalmente as contas do cidadão comum e de produtos que precisam dela. Atrasos de obras foram desprezados assim como campanhas de racionalização do uso da energia, por quê?
Felizmente a Operação Lava Jato começa a abrir gavetas de um espaço de especulação que merece ser investigado nos mínimos detalhes, assim como muitos outros loteados entre partidos da base política dos poderes executivos...
O desafio brasileiro, contudo, é infinitamente maior do que atos que serão julgados pela Justiça Federal.
Serviços essenciais, Saúde, Educação, Segurança, racionalidade e eficácia mereceriam auditagem de agências internacionais, longe de nossos palácios, para um diagnóstico e proposta de prioridades (a FIFA não serve).
O Brasil precisa concluir projetos essenciais e rever planos; agora a crise exigirá novos parâmetros.
Nossos filhos e netos, amigos e amigas, os brasileiros carecem de boas lideranças, isso será possível?
Cascaes
30.7.2015

1. ILUMINA - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético. [Online] http://ilumina.org.br/.






[1]Wikipédia: Nonsense ("sem sentido", "contra-senso" ou "absurdo" em inglês) é uma expressão inglesa que denota algo disparatado, sem nexo.
A expressão é frequentemente utilizada para denotar um estilo característico de humor perturbado e sem sentido, que pode aparecer em diversas artes.
Nas artes literárias, o nonsense encontra como autores Lewis Carroll e Edward Lear, ambos ingleses.
Lewis Carroll é famoso não apenas pelos livros nonsense ("Alice no país das maravilhas" e "Alice através do espelho") mas também pelos seus desafios matemáticos que parecem se contrapor à lógica. É importante ressaltar suas poesias de caráter surreal tais qual "O tagarelão". Naturalmente, isto implica dizer que o surrealismo, bem como o dadaísmo, explora o nonsense.

Comentários