Castas e chefes brasileiros

A intocabilidade dos chefes
O aprimoramento da sociedade humana pode ser medida pela aplicação de leis comuns, sem distinção de qualquer espécie.
Com certeza temos muito que evoluir na produção de leis, suas regulamentações, aplicações e julgamentos.
Castigar quem não cumpre leis feitas democraticamente é a forma de alerta e tentativa de inibição de comportamentos indesejáveis.
A cadeia, algo que pode ser igualado aos piores calabouços medievais em muitos países, é uma violência extrema contra pessoas que escaparam dos trilhos da vida “normal” em estradas malfeitas. A impunidade, contudo, amplia o desperdício de recursos e a miséria em todos os sentidos.
A Justiça, antes de mais nada, é um poder disciplinador e não pode de forma alguma basear-se em maniqueísmos. Precisa ser tanto mais rigorosa quanto forem os erros de pessoas perigosas à sociedade, mas não deve ser instrumento de vinganças e neuroses. O peso das leis não pode ser mero efeito de sectarismos, fanatismos, indignações passageiras...
Estamos em tempos que as multidões colossais geram cenários fragilíssimos de convivência; cidades e países são imensos navios transitando em mares revoltos e desconhecidos. Esses monstros precisam de equipes extremamente competentes e responsáveis para dirigir esses transatlânticos. Seus oficiais e capitães não podem errar.  A excelência de comando transforma o capitão em pessoa mítica, sendo, apesar de tudo, um ser humano que pode errar.
No sistema democrático ninguém é obrigado a ser político. Se essa foi a opção de vida o candidato precisa, mais do que ninguém, saber respeitar leis e servir de exemplo de urbanidade, competência, seriedade.
Infelizmente sentimos que muitos indivíduos, partidos políticos, empresários, lideranças enfim consideram-se acima da lei e da ordem. Imaginam estar de posse de cetros mágicos que fazem deles uma casta sem leis e poderosas. Realmente alguns conseguem viver assim. A lógica dos compadrismos, lealdades eternas, amores insondáveis e puro parasitismo cria cortes servis e deletérias.
Hoje,4 de março de 2016, estamos vendo a 24ª. etapa da inimaginável Operação Lava Jato. Graças a uma feliz coincidência de união de pessoas extraordinárias procura recolocar as coisas em seus devidos lugares, inclusive cadeias que poderiam ser muito melhores se nossas autoridades assim o quisessem.
Naturalmente militantes e fanáticos, acostumados a ver e aplaudir a impunidade reagem. Seis ídolos estão em perigo.
Querem vingança.
Pois bem, a lei é para todos. Os acusadores de hoje poderão ser réus amanhã. Paciência, submissão e mérito ao Poder Judiciário.
O Brasil precisa renascer. Estávamos pessimamente estruturados, desprezando principalmente os trabalhadores e os empreendedores que pagam impostos, ignorando necessidades de gente que agora se desmancha em filas de emprego e de postos de saúde, famílias vendo suas crianças sem escolas e creches, povo assustado com a violência em todos os seus sentidos. Isso não existiria se a honestidade e competência tivesse sido prioridade de nossos governantes.
Com certeza coisas boas foram feitas, temos algo a agradecer. Lamentavelmente, entretanto, tudo cheira mal.
Parabéns aos brasileiros que viabilizaram a prisão de bandidos que muitas operações policiais estão apontando. Agora o sucesso desse período de aplicação punitiva de nossas leis depende dos próximos passos, ainda temos lideranças absurdamente nocivas ao Brasil. Não poderemos esperar as próximas eleições.

Cascaes
4.3.2016


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