O Vale Transporte - empréstimo? Direito?

O Vale Transporte, a inversão de custos
Em reportagem da RPC pudemos ver hoje filas imensas e pessoas revoltadas com a necessidade de troca de cartões para novos sistemas eletrônicos, além da possibilidade de perda de créditos, pode?
A principal lógica desse direito do cidadão é poder usar o sistema de transporte coletivo de forma segura e sintonizado com estratégias de maior eficácia e a favor de todos. Em Curitiba onde o sistema já goza em alguns circuitos do privilégio de trafegar em canaletas (um subsídio indireto), em alguns casos veículos bons e modernos reforçam a qualidade, o drama das tarifas está longe de uma solução razoável.
O que não faz sentido é a propensão de nossas autoridades de substituir a justiça tarifária e a diretriz a favor do trabalhador e pessoas carentes por modelos que antes de mais nada visam gerar lucros explícitos e implícitos, como, por exemplo, aconteceu com a troca dos vales transporte em formato de ficha metálica por cartões magnéticos.
Quando o modelo então existente não correspondia a dinheiro e sim ao direito de se deslocar pelo custo de uma ficha não havia restrição temporal, estivesse o tempo de fosse a ficha com o usuário do transporte coletivo, ela sempre valeria uma passagem. Agora não, o passageiro paga “emprestando” dinheiro para quem controla o sistema e com a inflação e não utilização da ficha poderá perder muito, gerando caixa para quem?
Podemos e devemos subsidiar o transporte coletivo sem quebrar empresas, isso é justo. De que jeito? Criando a frota pública, operação privada, pagamento por quilômetro, o estado e município investindo em melhorias do sistema viário, manutenção adequada, isenção de tributos, operação em tempo real, onda verde, boas calçadas (sem elas o passageiro terá dificuldades de chegar aos ônibus, viadutos, trincheiras, eletrônica embarcada, layout, etc. e um vale transporte que favoreça o trabalhador, e não o contrário.
O transporte coletivo urbano é um serviço essencial, não pode parar nem perder qualidade, confiabilidade, atratividade, sintonia com a comunidade. É um desafio complexo que exige honestidade, competência, coragem e vontade política.
O que estamos vendo em torno do vale transporte e das polêmicas tarifárias é desanimador.
Tudo parece um teatro do absurdo em prejuízo de todos, até quando?
Cascaes

02.03.2016

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