O medo e o Oportunismo

O medo e o oportunismo

O medo e o oportunismo sempre dirigiram preocupações éticas e morais. Em suas origens, pensadores tão fantásticos quanto os gregos lastreavam suas doutrinas na hipótese de uma vida futura melhor ou pior. No mínimo queriam apaziguar deuses inventados por eles atavicamente ligados a um antropomorfismo que sucedeu a sentimentos de pavor dos tempos selvagens, quando seres superiores habitavam campos, florestas e montanhas divertindo-se com as fragilidades humanas.
As religiões, corporações, partidos políticos etc. se caracterizam pela imposição de conjuntos de leis, comportamentos, rituais, sinais etc. como condição de qualificação. Perfeito, mas é inteligente, justo e necessário?
A Humanidade precisa rever radicalmente suas organizações que pretendem se caracterizar por códigos de ética e padrões morais.
Fantasticamente tivemos a oportunidade de conhecer, ler e procurar entender o livro (Ética - Demonstrada à Maneira dos Geômetras) onde conhecemos o pesadelo de um filósofo submetido a teocracias, Baruch Spinoza, assim como o contorcionismo para se livrar da forca ou fogueira, mas alvo de conveniências dos poderosos que, felizmente, não venceram a coragem desse ser humano extraordinário. O livro citado é difícil, mas a introdução escrita por (Huberto Rohden) em linguagem acessível e trazendo uma interpretação introdutória ao livro é algo imperdível àqueles que procuram pesquisar as lógicas universais. Do texto de Spinoza gostamos de ver a estrutura dos teoremas[1]e a definição do que seria Deus; a proposição XI vale o destaque: “Deus, isto é, uma substância constituída por uma infinidade de atributos, cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita, existe necessariamente”. “Deus é um ser absolutamente infinito, isto é, uma substância constituída por uma infinidade de atributos, cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita” (Definições). A coragem de imaginar, escrever e divulgar pensamentos dessa espécie fizeram de Spinoza um dos heróis do pensamento humano, um gigante, uma pessoa extremamente corajosa, seguindo exemplos de outros que destacamos, talvez um dos maiores, mostrado de forma magistral no filme (Giordano Bruno).
Coerência, não é fácil ser coerente. Afinal quantas personalidades convivem conosco individualmente, singularmente? O medo à verdade transforma o ser humano em um ente social multiforme e imprevisível que às vezes mostra seu íntimo mais perverso.
Muitos livros, peças teatrais (com destaque para (William Shakespeare)] e filmes registram o lado oposto de lideranças famosas e a realidade pessoal de seres humanos em qualquer situação de poder; merecem ser lidos, vistos, ouvidos e discutidos: (Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo), (História da Vida Privada ), (O Cemitério de Praga), etc.
Com certeza muitas crenças estimularam e criam revoluções; apesar do viés ideológico os livros de Eric Hobsbawm são imperdíveis [ (Hobsbawm, A Era das Revoluções 1789-1848), (Hobsbawm, A Era do Capital 1848 - 1875), (Hobsbawm, Era dos Extremos), (Hobsbawm, Globalização, democracia e terrorismo)].
Em tempo, por quê a insistência na leitura de tantos livros?
No mundo de normas e academicismo o saber exige diplomas e carimbos corporativos. Para quem gosta e aprende sem cursos formais existe sempre a barreira do formalismo, inclusive da sempre repetida afirmação: isso o Dr. Fulano de tal já disse...
Em família temos exemplos extraordinários do que a inteligência, determinação, coragem, empreendedorismo e vontade de aprender podem fazer, sem a necessidade de cursos formais. Atualmente a formação acadêmica é infinitamente mais fácil, a qualidade dos cursos, entretanto, é um fator de imprevisibilidade da seriedade de muitos diplomas. O jovem pode e deve procurar o melhor, tendo, entretanto, cuidado para não se iludir. Subir montanhas difíceis exige sacrifícios imensos.
E os famosos e poderosos?
Sempre é imprescindível entender que todos são humanos, tenham o passado que tiverem. A fragilidade é natural e a decadência intelectual e física após um período de fastígio inevitável. O essencial para qualquer pessoa idosa é preservar a essência da qualidade ética e moral, para assim poder servir de referência a quem puder.
Um equívoco tremendo em tempos maniqueístas é esmiuçar a vida das pessoas para desmoralizá-las. Aqui vale lembrar um episódio[2]bíblico divino:
Segundo a Tradução Brasileira da Bíblia, o texto da Perícopa é:
Cada um foi para sua casa; mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada voltou ao templo, e todo o povo ia ter com ele; e Jesus, sentando-se, o ensinava. Os escribas e osfariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério, puseram-na no meio de todos e disseram a Jesus: 'Mestre, esta mulher tem sido apanhada em flagrante adultério. Moisés nos ordenou na Lei que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?' Isto diziam, experimentando-o, para ter de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Como eles insistissem na pergunta, levantou-se e disse-lhes: 'Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro que lhe atire uma pedra'. Tornando a abaixar-se, continuou a escrever no chão. Mas ouvindo esta resposta, foram saindo um a um, começando pelos mais velhos, ficando só Jesus e a mulher no lugar em que estava. Então levantando-se Jesus, perguntou-lhe: 'Mulher, onde estão eles? ninguém te condenou?' Respondeu ela: 'Ninguém, Senhor.' Disse Jesus: 'Nem eu tampouco te condeno; vai, e não peques mais'.


O radicalismo é algo adequado a pessoas ingênuas, submetidas a “lavagens cerebrais”, suicidas de diversas maneiras...
É importante observar que os líderes maiores normalmente procuram inúmeras formas de se protegerem, inclusive o comparatismo, a participação de confrarias, organizações de mútua solidariedade, algo que no Tribunal de Nuremberg (Cabral) ficou evidente e agora com a Operação Lava Jato (Wikipédia) iniciamos, talvez, uma nova época.
Esperamos que a Humanidade se fortaleça para conter e punir exemplarmente os poderosos criminosos (Lewandowski) pois eles realmente criam padrões políticos, sociais, culturais, esportivos etc.
João Carlos Cascaes
Curitiba, 8 de agosto de 2016



[1] Em matemática, um teorema é uma afirmação que pode ser provada como verdadeira através de outras afirmações já demonstradas, como outros teoremas, juntamente com afirmações anteriormente aceitas, como axiomasProva é o processo de mostrar que um teorema está correto. O termo teorema foi introduzido porEuclides, em Elementos, para significar "afirmação que pode ser provada". Em grego, originalmente significava "espetáculo" ou "festa". Atualmente, é mais comum deixar o termo "teorema" apenas para certas afirmações que podem ser provadas e de grande "importância matemática", o que torna a definição um tanto subjetiva. Wikipédia.
[2]Perícope da Adúltera (em latimPericope Adulterae) é um episódio bíblico que encontra-se no Evangelho de João (João 7:53 até João 8:1-11).
Trata-se de uma perícope muito conhecida e polêmica a respeito de uma mulher que seria julgada por ter sido surpreendida em ato de adultério. Embora não seja dissonante do restante do texto, a maioria dos acadêmicos[1][2] concorda que a passagem não faz parte do texto original do evangelho de João.[3]
Alguns exegetas identificam a mulher adúltera como Maria Madalena, porém não há nenhuma base histórica ou evangélica para confirmar esta identificação.  Wikipédia em 08 de agosto de 2016


Cabral, Danilo Cezar. O que foi o julgamento de Nuremberg? s.d. 8 de 8 de 2016. <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-o-julgamento-de-nuremberg>.
“Definições.” Spinoza, Baruch. Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras. Martin Claret, s.d. 62 e 63.
Eco, Umberto. O Cemitério de Praga. São Paulo: Editora Record, 2011.
Hobsbawm, Eric. A Era das Revoluções 1789-1848. Trad. Marcosd Penchel Maria Tereza Lopes Teixeira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
—. A Era do Capital 1848 - 1875. Trad. Luciano Costa Neto. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
—. Era dos Extremos. Trad. Maria Célia Paoli Marcos Santarrita. Companhia das Letras, 1998.
—. Globalização, democracia e terrorismo. Trad. José Viegas. Companhia das Letras, 2007.
Lewandowski, Enrique Ricardo. O Tribunal Penal Internacional: de uma cultura de impunidade para uma cultura de responsabilidade. s.d. 08 de 8 de 2016. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142002000200012#.V6h-E-zyU20.blogger>.
Narloch, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo. São Paulo: Leya, 2013.
Spinoza, Baruch de. Ética - Demonstrada à Maneira dos Geômetras. Martin Claret, s.d.
Wikipédia. Operação Lava Jato. s.d. 8 de 8 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Lava_Jato>.
William Shakespeare. s.d. 8 de 8 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare>.





[1] Em matemática, um teorema é uma afirmação que pode ser provada como verdadeira através de outras afirmações já demonstradas, como outros teoremas, juntamente com afirmações anteriormente aceitas, como axiomasProva é o processo de mostrar que um teorema está correto. O termo teorema foi introduzido porEuclides, em Elementos, para significar "afirmação que pode ser provada". Em grego, originalmente significava "espetáculo" ou "festa". Atualmente, é mais comum deixar o termo "teorema" apenas para certas afirmações que podem ser provadas e de grande "importância matemática", o que torna a definição um tanto subjetiva. Wikipédia.
[2]Perícope da Adúltera (em latimPericope Adulterae) é um episódio bíblico que encontra-se no Evangelho de João (João 7:53 até João 8:1-11).
Trata-se de uma perícope muito conhecida e polêmica a respeito de uma mulher que seria julgada por ter sido surpreendida em ato de adultério. Embora não seja dissonante do restante do texto, a maioria dos acadêmicos[1][2] concorda que a passagem não faz parte do texto original do evangelho de João.[3]
Alguns exegetas identificam a mulher adúltera como Maria Madalena, porém não há nenhuma base histórica ou evangélica para confirmar esta identificação.  Wikipédia em 08 de agosto de 2016

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