Oportunidades perdidas






Cada etapa de nossa história tem causas e efeitos da forma de ocupação e de governos que existiram. O Brasil gigantesco foi um espaço que exigiu da etapa de ocupação pós-colombiana, as anteriores ainda carecem de estudos maiores e melhores, afetou tremendamente nações indígenas, africanas e “premiou” os invasores com terras exuberantes e desafios monumentais. Os romances de Mário Vargas Lhosa são imperdíveis.
Para nossa época, após inúmeros fatos consumados, o que realmente importa ainda é a construção de um país saudável e feliz.
As mutações ideológicas do século 20 geraram por aqui alternativas sempre salvadoras, patrióticas ou hipócritas.
A partir da década de oitenta do século passado recomeçamos algo que se denominou “redemocratização”, a favor de quem? Apesar dos discursos o povo mais humilde desenvolveu-se um pouco enquanto corporações mais fortes se nivelaram em padrões financeiros e até superaram aquelas dos países mais desenvolvidos da Europa. Afinal a mão de obra simples continua barata por aqui.
Importamos teses modernas sem resolver as carências antigas. Pior ainda, graças à incompetência e desonestidade ganhamos crises porque o Presidente não sabia que ia faltar energia ou deixou atrasar obras extremamente importantes. Os sistemas de saúde foram se degradando, em muitos casos por pura falência de hospitais vergados pela legislação trabalhista.
Criamos e demolimos projetos de desenvolvimento tecnológico. Como ouvimos de um consultor há alguns anos num seminário na FIEP: é mais “barato” importar tecnologia.
Perdemos tudo até graças a leis que teoricamente deveriam defender nossos especialistas empreendedores. Somos muito competentes em colar etiquetas em kits trazidos de fora com sobrepreços absurdos. Nossas indústrias têm facilidades para se instalarem no Paraguai, por exemplo, e um calvário para sobreviver no país dos carimbos e selos holográficos.
Não temos estadistas, lideranças nacionais confiáveis, a reação do poderosos de plantão assusta, mais ainda quando operações da nova geração de policiais, juízes, promotores, auditores etc. torna público, graças à maravilhosa transparência que muitos eleitos e empreendedores de mídias de aluguel procuram inibir.
Felizmente a universalização do comércio e abertura de capital de empresas públicas e privadas impõe submissão a acionistas estrangeiros.
Aqui a malandragem ainda conta com o maná das fundações de previdência estatais, onde facilidades estranhas dão prejuízos monumentais. Sócias de fundações estrangeiras agora algumas delas deverão participar das indenizações que países mais organizados juridicamente cobrarão.
Estamos vivendo mais, o trabalho honesto deveria ser exaltado e viabilizaria muitos benefícios. Mais fácil, contudo, é cobrar mais e oferecer menos. Dizem que protelando aposentadorias “ad infinitum” o Brasil equilibrará suas contas; quantas vezes isso já foi motivo de experiências? Em família sofremos a tragédia do Montepio da Família Militar e em casa agora precisamos lutar continuamente pela Fundação Copel. E quem depende do SUS e INSS?
Sentimos que não faltou dinheiro. Nessa última década o Brasil nadou de braçada aproveitando um mercado internacional favorável e o interno turbinado. Prioridades erradas, contudo, criaram ídolos com pés de barro e a nova crise econômica. Questões essenciais não foram resolvidas, de greves em serviços essenciais à organização, formação e gerenciamento de agências reguladoras e similares.
Os brasileiros deveriam estar felizes, afinal as Olimpíadas de 2016 provam que temos qualidades, mas os defeitos mais uma vez foram apontados. Criaremos vergonha e vontade de mudar realmente nosso país?
Cascaes
20.8.2016



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