Justiça pragmática


A palavra Justiça merece muitas análises, que certamente se contradizem, mas exigem isenção de espírito e conhecimentos diversificados além de longa experiência de vida para talvez crer que Justiça é uma utopia necessária,  é uma ilusão necessária.
O Poder Judiciário e poderes associados à Justiça procuram na pompa e rituais impressionar o povo, cremos, contudo, que eles, mais do que ninguém, sabem de suas limitações, angústias, dúvidas, restrições, medos etc.
Tenha os defeitos que tiver a aplicação das leis existentes mostra o desenvolvimento de um povo, e no Brasil estamos anos luz de distância do que seria desejável, exceto em obras lúdicas, esportivas, urbanísticas, caras e que possibilitam fazer do eleito para o Poder Executivo o herói de gerações, aquele fez.
Nosso país é gigantesco, envolve culturas pré-colombianas e importadas de diversas maneiras, distribuídas em função dos ventos, trilhas, missionários, soldados, bandeirantes, facilidades, ouro, pedras preciosas, rios, crenças ideológicas, raciais, racismo, imperialismo e muito mais.
Nosso povo não é diferente do existente em outros países em relação a processos de ocupação de espaços, apenas tivemos circunstâncias e temporalidade diferentes, além de crises importadas e criadas por aqui, sem esquecer guerras malditas.
Estamos vivendo uma fase de vinganças, de reversão ideológica; o pêndulo deslocou-se para o outro extremo graças à corrupção, deboche, ostentação e demagogia repugnante daqueles que diziam defender os mais humildes.
Estamos vivenciando uma catarse sensacional graças à Operação Lava Jato e outras com menos visibilidade (?).
Na anarquia existente o crime organizado mostrou sua cara política. E agora? Vamos tratar essa gente com condescendência?
Com certeza ninguém tem culpa absoluta de ser o que é. Ninguém escolheu pais, lugar, educação, vizinhança, glândulas, cérebro, doenças etc. que teve. Organizaram-se e agora impõem suas vontades em ambientes inimagináveis.
Como reagir a tudo isso?
O desafio brasileiro será continuar a aplicar rigidamente a força das leis, inclusive a maravilhosa delação premiada para demolir castelos podres.
Devemos, contudo, e podemos repensar punições. À semelhança de muitos países adorados pela “esquerda” brasileira a pena de morte é uma hipótese razoável, se aplicada sumariamente em casos extremos. O custo dos calabouços é enorme e até imaginamos que seria humanitário evitar prender durante décadas seres humanos nesses locais, se bem que para muitos os lugares de onde vieram não eram muito diferentes.
Precisamos de dinheiro para educar, acima de tudo, e manter nossas crianças com saúde física e mental. Qualquer ser humano deveria poder passar o dia inteiro nas creches e, depois, escolas, à medida que crescesse.
Obviamente o custo dessa diretriz é altíssimo e a única maneira de reduzi-lo é manter campanhas permanentes de planejamento familiar. Não somos coelhos, ou melhor, precisamos aprender que gerar filhos é uma tremenda responsabilidade.
Ontem tivemos eleições, os resultados mereceriam pesquisas, investigações, análises profundas. A base aliada do governo anterior manteve o poder, focaram no PT e o eleitor esqueceu o resto.
O adjetivo simplório para muitos brasileiros foi dizer que tiraram os comunistas, como se isso existisse no Poder. Cantar o Hino Nacional e gostar de ditaduras não ajuda muito. Precisamos de Liberdade, Fraternidade, Igualdade de oportunidades e racionalidade. Nossos eleitos, pelo menos de alguns deles talvez possamos ter esperanças de mudanças.
Por enquanto o que vale é manter a qualquer custo a Operação Lava Jato, a mais didática das atuações dos Ministérios Públicos, Polícia Federal, Poder Judiciário e da Mídia. Assusta pensar o que os Poderes Executivos e/ou Legislativos possam estar preparando para soltar durante períodos de férias, carnaval e outros que apareçam para distrair os brasileiros.
Vale, contudo, o jornalismo independente aqui e no exterior, felizmente temos muitas maneiras, nesse século 21, de saber o que acontece...
Cascaes
3.10.2016



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