Meu pensamento filosófico






Á medida que envelhecemos vamos consolidando crenças e dúvidas.
Nosso comportamento reflete tudo que formou nosso caráter.
Quando se tem uma vida rica de episódios marcantes derivamos e, oscilamos entre referências que mostram nosso caráter.
Assim me permito contar um pouco de minhas visões filosóficas, amadoras, fruto de um autodidata que sempre gostou de pensar.
Nasci assustando, quase matei minha mãe. Esse evento traumático com certeza afetou minha cabeça, se não a dela.
Percebi rapidamente que não tinha boa memória e durante muitos anos meus sonhos eram uma mistura de manchas, coisas estranhas. Duas vezes, contudo, ainda dormindo em berço perto da cama de meus pais sinhei que devia um patacão ou algo parecido e que essa dívida crescia sem parar, acordei assustado.
Minhas limitações eram enormes, inclusive com pânico da escuridão, incapacidade de viajar e detestar cebola...
Um dia, viajando para Florianópolis Chiquinha, mamãe, deu-me um conselho perfeito. Aguente um pouco mais, e assim de viagem em viagem não enjoei mais.
Religião? Educação católica no Jardim de Infância, no Ginásio e Científico. Bons mestres.
As aulas de catecismo, entretanto, colocaram um conceito fundamental, a confissão só teria valor se tivéssemos a determinação de pecar mais. E pecar contra a castidade era pecado grave.
Concluí que era impossível não fornicar e outras coisas.
Mais adiante veio a dúvida, que espírito iria para o céu ou o inferno? Aquele do moribundo?
Aí e mais inúmeras conversas com meu pai levaram-me a desistir de ter religião.
Maravilhosamente tive amigos e amigas inteligentes, li sempre que possíveis bons livros.
Agora, repensando meus livros, lembrei-me de Henri Bergson, de quem transcrevo texto da Wikipédia.
Henri Bergson (Paris, 18 de outubro de 1859 — Paris, 4 de janeiro de 1941) foi um filósofo e diplomata francês, laureado com o Nobel de Literatura de 1927.
Conhecido principalmente por Ensaios sobre os dados imediatos da consciência, Matéria e Memória, A evolução criadora e as duas fontes da moral e da religião, sua obra é de grande atualidade e tem sido estudada em diferentes disciplinas - cinema, literatura, neuropsicologia, bioética, entre outras. Bergson procurou construir uma "metafísica positiva" e fazer da filosofia uma ciência baseada na intuição como um método, cujos resultados viriam da experiência e seriam tão rigorosos quanto as ciências baseadas na inteligência, como a matemática. Ao contrário de Platão e René Descartes, que usavam a geometria como modelo para fazer da metafísica uma ciência, Bergson adotou a biologia, a psicologia e a sociologia como fundamentos de seu pensamento filosófico.
Ler um pequeno livro de Bergson foi um episódio que me fez pensar muito. Muito mais foi tentar ler e entender uma coleção enorme de livros de filosofia. Seria tedioso relacionados, mas Bertrand Russell, Michel Foucault, Hannah Arendt, Marcuse e romancistas tais como Mário Vargas Llosa, Hermann Hesse
De Bertrand Russell fixei muitos pensamentos, mas o maior deles foi o de que “a Certeza absoluta é por si só suficiente para impedir qualquer progresso naqueles que a possuem”.
Décadas passadas e muitos debates, sonhos e experiências me deixam refém do agnosticismo, mais ainda diante dos progressos da Ciência. Nesse espaço, contudo, a visão e influência do entendo por espíritos é mais e mais forte.
E Deus?
O conjunto das leis da Natureza qualificam uma vontade universal, absoluta. Podemos, no máximo, identificar algumas leis, formula-las, mas sempre estaremos muito abaixo da visão plena.
A tecnologia e ciência moderna, entendendo como “ciência” o conhecimento acumulado por cientistas, cria mais e mais dúvidas que já inviabilizam completamente as antigas certezas, dogmas e postulados religiosos.
Lamentavelmente teocracias estão crescendo mostrando regressões lamentáveis. Isso demonstra a impossibilidade do ser humano viver com as dúvidas de quem procura a visão séria e correta da Natureza.
Obviamente o final da vida se aproxima rapidamente, mas a honestidade intelectual é mais forte em minha maneira de pensar.
Em minha vida fui pessoa de assumir posições firmes, ainda que moído de questionamentos. 
O pragmatismo é essencial e saber enfrentar os desafios que aparecem é uma arte. Imagino assim porque vi muita gente infinitamente melhor do que eu perdendo posições que eu conquistava. Quem tem poder de decisões é obrigado a decidir, escolher, mandar, ordenar, definir metas etc.
Aliás, em um discurso diante de meus colegas de Diretório um veterano levantou-se e com o apoio )aplausos) de muitos acadêmicos perguntou se eu afinal era contra ou a favor de teses políticas, isso me desmontou pois concluí que falava ao vento, era muito difícil explicar que a ideologia era uma coisa, a realidade e as necessidades de nosso povo eram outras.
Nessa rotina de convencimento e contrariedades vivo até hoje lutando com a preocupação de evitar radicalismos, lua praticamente inútil.
Tenho, contudo, mais e mais certeza de que minha base filosófica produziu pensamentos saudáveis e por isso procuro escrever, falar, questionar pessoas que poderão ser vítimas de suas convicções.

Wikipédia. (s.d.). Agnosticismo. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Agnosticismo
wikipédia. (s.d.). Bergson, Henri. wikipédia. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Bergson
Wikipédia. (s.d.). Bertrand Russell. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell



João Carlos Cascaes
Curitiba, 11 de julho de 2020

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